Page 301 - Revista da Armada
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dentes nas regiões em redor dos portos que o  apresentações dos portos foram apresentados  da C ooperação Técnico-Militar e Diplomacia
         navio visitou.                     em língua inglesa, na segunda parte da viagem.  Naval. Por forma a cumprir este desiderato, a
           Em termos protocolares e de cerimonial  Esta opção revelou-se bastante frutífera em ter-  corveta “Baptista de Andrade” participou na ini-
         a viagem também se revelou bastante rica.  mos de prática desta língua, fundamental para  ciativa Mar Aberto 2009, que decorreu entre 05
         Logo no dia posterior à largada, a barca pas-  qualquer oficial de uma Marinha moderna.  e 20 de Julho, na área daquele país amigo.
         sou junto ao promontório de Sagres, tendo   Em jeito de conclusão, pode-se afirmar que   As acções desenvolvidas enquadraram-se
         sido realizada a cerimónia de homenagem  a Viagem de Instrução do Curso “D. Rodrigo  nos projectos 4 e 5 (Guarda Costeira e Uni-
         ao Infante D. Henrique, conforme previsto  de Sousa Coutinho” a bordo da “Sagres” se  dade de Fuzileiros Navais respectivamente)
         na Ordenança do Serviço Naval. Em todos os  revelou bastante positiva. O facto de ser bas-  do Programa-quadro de Cooperação Técnico-
         portos visitados foram realizadas recepções,  tante prolongada permitiu aos cadetes adquirir  -militar. Deste vasto programa de actividades
         sendo convidados para as mesmas autoridades  bastante experiência em diversas áreas de for-  destacam-se diversas instruções aos níveis da
         locais e personalidades ilustres. Em todas elas  mação. O seu espírito de corpo saiu bastante  formação nas áreas da fiscalização marítima, da
         participaram cadetes deste curso. No âmbito  reforçado. O contacto com outras realidades,  abordagem a navios no mar, bem como a pre-
         da “Tall Ships Atlantic Challenge 2009” foram  povos e culturas foi certamente bastante en-  paração de operações de segurança marítima. A
         organizados inúmeros eventos, nomea-                                       destacar igualmente a contribuição para
         damente desfiles das guarnições, conví-                                     a edificação da capacidade de compi-
         vios entre os participantes e actividades                                  lação do panorama marítimo através da
         desportivas. Os cadetes tiveram opor-                                      instalação e implementação do Sistema
         tunidade de participar nestes eventos.                                     de Apoio à Decisão para a Actividade de
         Durante as estadias nos portos o navio                                     Patrulha (SIADAP – C). No âmbito da Au-
         esteve aberto a visitas, existindo sempre                                  toridade Marítima Nacional, no quadro
         cadetes do grupo de serviço com fun-                                       da segurança e manutenção da Autori-
         ções de relações públicas, esclarecendo                                    dade do Estado no Mar, foi ministrada
         dúvidas colocadas pelos visitantes. Esta                                   formação específica à Polícia Marítima
         tarefa foi desempenhada com uma in-                                        da RCV. Sublinhe-se ainda a participa-
         tensidade elevada nos portos em que o navio  riquecedor. Terminamos como começámos,  ção numa demonstração de capacidades da
         esteve acompanhado pelos restantes veleiros,  apresentando outro testemunho de um dos  Guarda Costeira da RCV, no dia 17 de Julho,
         uma vez que o número de visitas diárias era  convidados para esta viagem, desta feita o As-  com a presença de diversas entidades, entre as
         sempre da ordem de vários milhares.  pirante de Castelnau, da Marinha Francesa:  quais a Embaixadora de Portugal na cidade da
           Outro aspecto, já aflorado no início, foi a   “Como qualquer visitante ao entrar a bordo  Praia, e a Ministra da Defesa da RCV.
         participação de um grande número de ca-  da “Sagres”, eu fiquei inicialmente espantado   Durante o período em que esta iniciativa se
         detes e de oficiais estrangeiros nesta viagem.  com a beleza do navio. Mas uma vez no mar,  desenrolou no mar – entre 05 e 17 de Julho –
         Dois deles embarcaram em Lisboa, tendo feito  tive oportunidade de descobrir outro aspecto  permaneceram embarcados: um elemento da
         a primeira travessia atlântica, desembarcando  da “Sagres”. Mais que um museu flutuante ou  Polícia Judiciária, cinco elementos do Pelotão
         em Boston. Os restantes dez embarcaram em  uma janela para a cultura portuguesa, a Sagres  de Abordagem, quatro militares da Guarda
         Boston e Halifax, tendo efectuado a segunda  é acima de tudo as suas pessoas. Podemos di-  Costeira e dois elementos da Polícia Marítima
         travessia oceânica. Desembarcaram todos em  zer que é o vento que a move. Na realidade  de Cabo Verde.
         Lisboa à excepção da cadete americana, que  será mais correcto dizer que é a sua guarnição   Na sequência de uma reunião dos ministros
         saiu em Boston. Em caixa apresenta-se a lis-  que a faz mover, tirando partido do vento.”  dos Negócios Estrangeiros da CPLP, realizou-
         tagem dos diferentes convidados, com                                       -se uma recepção a bordo no dia 19 de
         indicação dos países de origem e dos                                       Julho de 2009. Neste evento estiveram
         respectivos períodos de embarque na                                        presentes diversas entidades, salientan-
         “Sagres”.                                                                  do-se o Ministro dos Negócios Estran-
           No que concerne ao principal objec-                                      geiros, Dr. Luís Amado; o Secretário de
         tivo da viagem, que é complementar                                         Estado da Defesa Nacional e dos As-
         na prática a formação académica dos                                        suntos do Mar, Dr. João Mira Gomes;
         cadetes, os resultados também foram                                        o Secretário de Estado dos Negócios
         bastante positivos. Foram ministradas                                      Estrangeiros e da Cooperação, Dr. João
         aulas, pelos diferentes chefes de serviço,                                 Cravinho; a Embaixadora de Portugal na
         dando a conhecer basicamente a orga-                                       Praia, Dra. Graça Guimarães e ainda o
         nização e as atribuições dos respectivos                                   Almirante CEMA do Brasil.
         serviços. Os cadetes integraram a escala                                     Os cadetes, além da formação previs-
         de quartos e de divisões de serviço, ten-                                  ta, participaram em todas as actividades
         do oportunidade de acompanhar de perto os  CURSO “COMANDANTE NUNES    referidas e na demonstração naval no dia 17
         respectivos oficiais de quarto e de serviço no   RIBEIRO” - 3º ANO     de Julho, integrando a equipa do navio, desti-
         desempenho destas tarefas. Todos os cadetes                           nada a prestar apoio em áreas sinistradas. De
         efectuaram trabalhos sobre matérias relaciona-  No período compreendido entre 29 de Ju-  destacar também as acções de instrução de
         das com as respectivas classes tendo ainda os  nho e 28 de Julho do corrente ano, realizou-se  batalha interna (incêndios e alagamentos) e
         da classe de Marinha praticado intensamente  a Viagem de Instrução dos cadetes do 3º ano  manobra do navio.
         a navegação astronómica. Todos os cadetes  da Escola Naval. Esta Viagem de Instrução, para   No decurso desta missão, o navio escalou
         puderam ainda participar, por diversas vezes  além de propiciar aos alunos a aplicação e o  os portos da Cidade da Praia – Ilha de Santiago
         cada um, nos briefings diários ao comando do  aperfeiçoamento dos conhecimentos técnico-  – e o porto do Mindelo na Ilha de S. Vicente,
         navio, nos quais eram apresentados assuntos  navais e militares adquiridos, também teve  tendo navegado ao largo das restantes ilhas do
         variados, sendo dada uma atenção especial à  como objectivo aprofundar os laços, diplomá-  arquipélago. Já no regresso a Lisboa, a “Baptis-
         navegação e à meteorologia. Antes da chegada  ticos e de amizade, entre Portugal e a República  ta de Andrade” efectuou uma passagem pela
         a cada porto era preparada uma apresentação  de Cabo Verde (RCV). Deste modo, a viagem  Reserva Natural das Ilhas Selvagens e atracou
         do mesmo por um grupo de cadetes, sendo a  inseriu-se perfeitamente  no quadro actual das  no porto do Funchal.
         mesma apresentada aos oficiais e aos sargen-  missões e tarefas da Marinha, nomeadamente               Z
         tos e praças mais antigos. Estes briefings e as  no apoio à Política Externa do Estado através   (Colaboração da ESCOLA NAVAL)
                                                                              REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2009  11
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