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Viagens de Instrução 2009
                         Viagens de Instrução 2009

         A                                    Sendo a guarnição de um navio de guerra  que contribuí para afirmação da soberania e
              Escola Naval tem por missão principal
                                                                               do prestígio de Portugal.
              preparar os seus alunos para o exercício  organizada em função de vários departamen-
              das funções de Oficial da Armada. Na  tos ou serviços e de uma linha de comando,
                                                                                 Mas passemos então, em específico, a cada
         formação para o desempenho dessas funções,  com tarefas bem determinadas para todos os  uma destas viagens de instrução que se reali-
         tem um lugar de relevo o contacto com a vida  que aí prestam serviço, é fundamental que  zaram para cada um dos anos e cursos, no Ve-
         no mar, a bordo dos navios da esquadra, pois  haja uma preparação para o desempenho  rão de 2009. Para tal, contámos com a ajuda
         o futuro oficial passará grande parte da sua  das funções a bordo e uma adaptação à vida  dos testemunhos de vários oficiais e cadetes
         vida profissional a bordo, chefiando ser-                                  envolvidos nas mesmas. Uma pequena
         viços e liderando homens. Desde que se                                   nota a terminar esta parte introdutória.
         optou por fornecer uma formação acadé-                                   Nos últimos anos, a viagem de instrução
         mica aos futuros oficiais de Marinha, que                                 dos cadetes do 4º ano tem sido realizada
         os períodos de permanência dos alunos a                                  antes de terminado o ano lectivo. O objec-
         bordo são uma componente fundamental                                     tivo é permitir a participação dos alunos
         do ensino naval. São um prolongamento                                    num exercício internacional, dedicado
         das matérias ministradas na Escola Naval,                                especificamente à formação de cadetes,
         assim como o eram no caso da sua ante-                                   o “European Cadet Training”. Sobre a par-
         cessora, a Academia Real dos Guardas-                                    ticipação portuguesa nesse exercício em
         -Marinhas.                                                               2009, e respectiva viagem de instrução
           Para uma adaptação, com sucesso, à                                     associada, foi já publicado um artigo, nas
         vida do mar torna-se necessário que o                                    páginas desta Revista, no seu número de
         aluno viva a bordo de um navio, durante                                  Junho. Por esse motivo, optou-se por não
         um certo tempo, onde as tarefas do dia-                                  incluir a viagem de instrução do Curso
         -a-dia são executadas ao sabor do balan-                                 “Vice-almirante Pereira Crespo” no pre-
         ço, num ambiente marinho muitas vezes                                    sente texto.
         hostil e agreste. Uns terão mais facilidade
         que outros na integração neste tipo de vida                              CURSO “PADRE FERNANDO
         muito particular. No entanto, todos os alu-                              OLIVEIRA” - 1º ANO
         nos, de uma forma ou de outra, vão enten-
         der que num espaço relativamente limita-                                   Os cadetes do 1º ano ainda não dis-
         do, não há nada que não interfira na vida                                 põem de uma experiência suficiente para
         do camarada que está ao lado, quer seja                                  rentabilizar os seus conhecimentos numa
         em termos de segurança, quer se trate da                                 grande viagem de instrução. O que lhes
         operacionalidade do navio. Com efeito,                                   é proposto, para consolidar os saberes as-
         exige-se a todos os que andam no mar, senti-  do mar. Tal necessidade de adaptação é tanto  similados durante este primeiro ano lectivo, é
         do de grupo, de camaradagem, de cooperação,  mais acrescida e premente se estivermos pe-  praticar a navegação costeira e conhecer a or-
         de tolerância. Todos estes valores contribuem  rante futuros oficiais de Marinha. Nesse sen-  ganização de bordo, sendo da maior importân-
         para que a vida a bordo tenha um cunho muito  tido, as viagens de instrução dos cursos da Es-  cia a sensibilização para a vida a bordo bem
         próprio, fomentando a unidade e a solidarie-  cola Naval assumem particular importância,  como a habituação à permanência no mar. A
         dade entre os que compõem a guarnição de  obrigando, por um lado, a um planeamento  viagem do 1º ano decorreu por um período re-
         um navio de guerra. Sublinhe-se, que os vários  cuidado e minucioso para a sua consecução  lativamente curto, face à duração das viagens
         serviços de bordo são interdependentes. Da  e, por outro, à disponibilização de diversos  dos cursos dos anos seguintes, não deixando,
         eficiência e eficácia de um, dependem todos  meios da esquadra.         no entanto, de ser da maior relevância para a
         os outros. E para que o navio cumpra as suas   Este ano, participaram cinco navios. Foram  formação dos cadetes envolvidos.
         missões, para que estes serviços funcionem na  praticados vários portos, nacionais e estrangei-  Entre 20 de Julho e 3 de Agosto, 42 cade-
         perfeição, é imprescindível treino, exercícios,  ros, o que é bem representativo da dimensão  tes do 1º ano da Escola Naval do curso “Padre
         simulação de avarias, para que na altura ade-  e da abrangência desta tarefa para a Marinha  Fernando Oliveira” embarcaram no NRP “João
         quada a unidade naval responda com profis-  Portuguesa. Estas viagens, por seu turno, cons-  Coutinho” e no NRP “António Enes”, 21 ca-
         sionalismo às missões que lhe foram confiadas,  tituem um factor de motivação muito significa-  detes em cada navio. Em cada unidade naval,
         tanto no campo da soberania e fiscalização das  tivo para todo o pessoal envolvido. Realce -se  os alunos foram organizados num regime de
         águas sob jurisdição nacional, como na inte-  a sua importância para a própria Marinha e  bordadas, divididos em 4 quartos.
         gração em forças multinacionais, honrando os  para o país, visto tratar-se, no caso dos portos   Esta viagem de instrução decorreu em pa-
         compromissos internacionais do país.  estrangeiros, de uma representação nacional,  ralelo com a atribuição dos navios à área do
                                                                               Continente, para salvaguarda da vida humana
                        QUADRO-RESUMO DAS VIAGENS DE INSTRUÇÃO                 no mar e vigilância e fiscalização dos espaços
            Navio(s)          Curso           Período        Portos Visitados  marítimos. Esta situação veio naturalmente in-
          “João Coutinho”                   20 de Julho a 03   Portimão        troduzir algumas condicionantes. No entanto,
          “António Enes”  Padre Fernando Oliveira  de Agosto   Funchal         uma viagem de instrução nestas condições
                                                           Hamilton (Bermudas)  pode ser bastante positiva, pelo facto de per-
                                            30 de Maio a 22  Nova Iorque (EUA) Boston(EUA)  mitir aos cadetes tomarem contacto com a uti-
            “Sagres”  D. Rodrigo de Sousa Coutinho
                                              de Agosto     Halifax (Canadá)   lização de navios em operações reais.
                                                          Belfast (Irlanda do Norte)
                                                                                 A bordo, os alunos tiveram a oportunidade
           “Baptista de   Comandante Nunes Ribeiro  29 de Junho a   Cidade da Praia (Cabo Verde)  de colocar em prática os conhecimentos teó-
            Andrade”                         28 de Julho   Mindelo (Cabo Verde)
                                                                               ricos obtidos ao longo do ano e de serem pos-
                                                           Civitavecchia (Itália)  tos à prova em diversas tarefas. Destacam-se os
            “Bérrio”  Vice-almirante Pereira Crespo  14 a 28 de Abril
                                                           Cartagena (Espanha)
                                                                               quartos à ponte, nos quais os cadetes, depois de
                                                                                REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2009  9
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