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Alocução do Almirante CEMA
                        Alocução do Almirante CEMA


              s minhas primeiras palavras nesta cerimónia de abertura do ano   No domínio genético, em que o nosso modelo é o de uma “Marinha
              operacional destinam-se a saudar e a incentivar os que se en-  Equilibrada”, quero começar por abordar alguns aspectos relacionados
         Acontram em missão, ao serviço de Portugal. Saúdo particular-  com o pessoal, para depois passar à área do material.
         mente os fuzileiros e o pessoal de saúde destacado no Afeganistão, e a   Como sabem, foi recentemente promulgado o novo regime remu-
         guarnição da fragata “Álvares Cabral”, navio-chefe do Standing NATO  neratório, o qual visa, no essencial, regular a transição de um regime
         Maritime Group 1, que está empenhada na Operação Active Endea-  baseado em escalões para outro baseado em posições e níveis remune-
         vour, após o que seguirá para o Golfo de Áden para mais um empe-  ratórios. Nesse enquadramento, sei bem que o novo regime não traduz
         nhamento no âmbito do combate à pirataria.           a justa aproximação das remunerações dos militares às das profissões
           Seguidamente, quero agradecer a disponibilidade dos ilustres con-  de referência. Todavia, é forçoso registar que houve uma evolução, que
         vidados para aqui estarem connosco. O meu muito obrigado pela  em alguns casos é significativa, havendo agora que acautelar as regras
         Vossa presença.                                      de transição para que esta mudança não venha a defraudar adicional-
           Bem vindos à Marinha.                              mente as legítimas expectativas dos militares.
           Esta cerimónia destina-se a dar público reconhecimento do trabalho   No que diz respeito aos suplementos dos militares das Forças Arma-
         efectuado por quem está na primeira linha de exigência operacional,  das, que estão ainda a ser discutidos, preconizo um sistema de incen-
         constituindo uma oportunidade para fazer o balanço do trabalho efec-  tivos que se assuma como um instrumento de integração e de moti-
         tuado pelos que no mar                                                               vação e que reconheça a
         ou a partir do mar, dão o                                                            especificidade do pessoal
         melhor do seu esforço e                                                             Foto Júlio Tito  embarcado e daquele que
         dedicação ao País.                                                                   actua na primeira linha de
           O produto operacio-                                                                exigência operacional. É
         nal das unidades navais,                                                             nesse enquadramento que
         de fuzileiros e de mer-                                                              continuo, e continuarei,
         gulhadores, da Autorida-                                                             empenhado na justa reva-
         de Marítima Nacional e                                                               lorização dos suplemen-
         do Instituto Hidrográfico,                                                            tos aplicáveis aos militares
         são a razão de ser da Ma-                                                            da Marinha, no âmbito da
         rinha. Com efeito, é ele                                                             revisão em curso.
         que permite ao País usar o                                                            No que respeita ao ma-
         mar na justa medida dos                                                              terial e à renovação da
         seus interesses e das suas                                                           Esquadra, quero lembrar
         necessidades.                                                                        o que aqui referi há um
           De forma sóbria e dis-                                                             ano atrás. Uma parte mui-
         creta, normalmente para                                                              to significativa das nossas
         além dos olhares do ci-                                                              tarefas é efectuada por
         dadão comum e longe da                                                               patrulhas e corvetas que
         atenção mediática, empenhamo-nos no cumprimento pronto e eficaz  têm mais de 35 anos de serviço e não conseguirão manter, por muito
         das missões, obtendo resultados que fortalecem a confiança dos por-  mais tempo, os actuais níveis de emprego operacional, pese embora
         tugueses na sua Marinha.                             o grande esforço das suas guarnições.
           De facto, os indicadores operacionais referidos pelo senhor Vice-  A situação dos patrulhas, em particular, torna imperiosa a sua subs-
         -Almirante Comandante Naval, no que concerne ao último ano, são  tituição pelas futuras lanchas de fiscalização costeira, pelo que me
         gratificantes e motivadores, traduzindo bem o produto do investimen-  congratulo com a assinatura, no passado dia 17 de Março, do con-
         to que é feito, como também o são os resultados da actividade desen-  trato entre o Ministério da Defesa Nacional e os Estaleiros Navais de
         volvida pelos órgãos e serviços da Direcção-Geral de Marinha e do  Viana do Castelo para a aquisição de cinco unidades, com opção de
         Comando-Geral da Polícia Marítima, validando de forma inequívoca  compra para mais três.
         o conceito da Marinha de Duplo Uso.                   As corvetas serão substituídas por navios de patrulha oceâni-
           Estes resultados são, também, a face visível do trabalho de todos os  ca, estando previsto que as duas primeiras unidades, em constru-
         que diariamente superam dificuldades na manutenção e apoio da Es-  ção em Viana do Castelo, sejam aumentadas ao Efectivo dos Na-
         quadra, bem como os que asseguram que ela é guarnecida por pes-  vios da Armada durante o ano de 2010. Contudo, mantém-se a
         soal preparado e treinado de acordo com os mais elevados padrões  urgência na construção das outras seis unidades previstas, duas das
         internacionais.                                      quais vocacionadas para o combate à poluição e para a balizagem.
           A qualidade do nosso desempenho está ao nível das melhores ma-  Ainda no âmbito da regeneração da esquadra, congratulo-me com o
         rinhas, como tem sido evidenciado em rigorosos processos de treino  aumento ao efectivo da primeira fragata adquirida à Marinha Holan-
         e avaliação, e é continuamente comprovada, nomeadamente pela  desa, a “Bartolomeu Dias”, em 16 de Janeiro deste ano. Esta unidade
         elevada taxa de sucesso no âmbito da busca e salvamento marítimo  naval, de inquestionável valor militar, permite-nos, desde já, estar dis-
         e, sobretudo, pelas operações, chamadas do mundo real, no exterior,  poníveis para assumir dois comandos de força naval em simultâneo.
         como aquelas em que estivemos empenhados este ano.   Teremos connosco, dentro de alguns meses, a “D. Francisco de Almei-
                                                              da”. Recebemos a “Diligente”, a terceira unidade da classe “Vigilante”,
           Ilustres convidados,                               para reforçar o dispositivo do Instituto de Socorros a Náufragos, inte-
           Marinheiros,                                       gralmente concebida e construída em Portugal, no Arsenal do Alfeite.
           O cumprimento da nossa missão sustenta-se em três paradigmas de  Finalmente, a Esquadra irá em breve dispor dos dois novos submarinos:
         transformação, que nos orientam nos domínios genético, estrutural e  o “Tridente”, actualmente a efectuar provas de mar e que esperamos
         operacional. Esta é, também, a oportunidade ideal para fazer um ba-  receber no próximo ano, e o “Arpão”, em 2011.
         lanço daquilo que de novo aconteceu em cada um destes três domínios   Estaremos, como sempre, longe da turbulência que tem existido
         e, a partir daí, tentar vislumbrar o que o futuro nos vai trazer.  na opinião pública, com fins que não nos compete avaliar. Estamos,
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2009  7
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