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dade naval e de equipas multidisciplinares oriundas dos vários sec- capacidades no âmbito da vigilância e da protecção, numa base de
tores da Marinha. polivalência e de complementaridade. Esta nova Unidade de Acção
É certo que não há desenvolvimento económico sem segurança, Litoral incluirá unidades navais, de fuzileiros e de mergulhadores,
e o mar não é excepção. É para garantir isso que empenhamos, ao podendo ser complementada com forças policiais marítimas. O seu
longo de todo o ano e vinte e quatro horas por dia, um conjunto sig- objectivo passará por dar resposta militar e não militar às ameaças
nificativo de meios da estrutura operacional. Nalguns casos estamos de natureza assimétrica que caracterizam o presente e o futuro am-
no limite máximo de exploração operacional, noutros poderemos biente de segurança marítimo, em actuações à superfície, submari-
fazer mais, muitíssimo mais. nas e na interface mar-terra. Esta unidade poderá complementar as
Estão neste caso os fuzileiros, cujas potencialidades estão, em capacidades existentes no âmbito da segurança interna, caso seja
minha opinião, desapro- solicitado o recurso a meios
veitadas. Actualmente, o militares. Adicionalmente,
único empenhamento in- poderá ser disponibilizada
ternacional dos fuzileiros Foto CAB L Figueiredo no âmbito das organizações
decorre na reduzida par- internacionais de que o País
ticipação no quadro das faz parte, indo assim ao en-
OMLT, no Afeganistão. As- contro dos recentes desen-
sim, descontando este pe- volvimentos relacionados
queno envolvimento, desde com as Operações de Se-
2006 que não se verifica o gurança Marítima.
empenhamento de uma for- Temos ainda outros de-
ça ou unidade de fuzileiros safios importantes pela
no exterior. Isto significa frente: o comando do
que não se tem tirado par- Standing NATO Maritime
tido dos nossos fuzileiros Group 1, que exercemos
em apoio à política exter- com brilhantismo desde
na, apesar de estes estarem Janeiro deste ano e que se
prontos, bem treinados e prolongará até ao fim de
equipados, o que, a par das Janeiro do próximo ano,
suas qualidades militares, seria o garante de uma participação visí- e o comando da EUROMARFOR, que assumimos em Setembro
vel e prestigiante. passado, por um período de 2 anos. São desafios em que vamos
A este propósito, não será demais recordar que as nossas unidades ter que continuar a demonstrar a qualidade e a dedicação a que
operacionais são objecto dos maiores encómios sempre que lhes é habituámos o País, com uma marcada postura de serviço a Portu-
granjeada a possibilidade de integrarem forças multinacionais, como gal e aos Portugueses.
foi o recente caso da “Álvares Cabral” e da “Corte-Real”, que pres-
tigiaram de forma bem marcada a Marinha e o País. Tal aconteceu Ilustres e distintos convidados,
também com a “Sagres”, que na sua habitual viagem de instrução Militares, militarizados e civis da Marinha
se constituiu como uma plataforma multinacional e multicultural Tracei-vos uma breve avaliação do passado recente e das perspec-
de troca de experiências para jovens militares das Marinhas amigas, tivas futuras nos âmbitos genético, estrutural e operacional. Como
oriundos de 3 continentes, e também com a “Baptista de Andrade”, Comandante da Marinha, estou profundamente orgulhoso do que
empenhada na Iniciativa Mar Aberto – 2009, em Cabo verde. conseguimos, sempre guiados pelo objectivo de permitir a Portugal
Outros excelentes exem- usar o mar na justa medida
plos do aproveitamento das dos seus interesses.
capacidades residentes na Foto Júlio Tito Neste ano operacional,
Marinha ao serviço do País cujo início hoje marcamos,
são as actividades diaria- são muitos os desafios que
mente executadas no âmbi- temos pela frente. Há que
to da Autoridade Marítima continuar a trabalhar per-
Nacional, seja no combate manentemente no sentido
à poluição, no salvamento de contribuir para o reforço
marítimo, no assinalamen- da autoridade do Estado nas
to marítimo ou na repres- nossas águas jurisdicionais
são de ilícitos, bem como o tirando o melhor partido
empenhamento dos navios dos navios de que dispo-
hidrográficos na campanha mos, mesmo que, nalguns
relativa à extensão da nos- casos, desactualizados. Há
sa plataforma continental, que garantir importantes
certamente um dos maio- compromissos internacio-
res trabalhos realizados no nais e há que integrar no-
domínio da geografia dos vos meios. Tudo isto numa
oceanos. Desta campanha resultará um legado de potencial de de- conjuntura financeira que certamente será muito difícil. Saberemos
senvolvimento económico e científico para as gerações futuras, cuja responder com dedicação, brio e profissionalismo.
importância e valor a sociedade portuguesa reconhecerá. Os resultados alcançados no ano operacional que agora se completa
são o garante de que conseguiremos superar este e outros desafios.
Marinheiros, Como comandante, sinto-me orgulhoso do que tem sido feito em
O orgulho por tudo aquilo que temos concretizado é um estímulo conjunto e, neste novo período que agora se inicia, conto com a minha
para enfrentarmos os desafios que se aproximam. guarnição, para que a Marinha possa continuar a honrar Portugal.
Continuaremos atentos às evoluções do ambiente externo, nome- Z
adamente à crescente importância das operações no litoral. Nesse Fernando de Melo Gomes
enquadramento, vamos edificar uma força projectável que agregará Almirante
REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2009 9