Page 371 - Revista da Armada
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dade naval e de equipas multidisciplinares oriundas dos vários sec-  capacidades no âmbito da vigilância e da protecção, numa base de
         tores da Marinha.                                    polivalência e de complementaridade. Esta nova Unidade de Acção
           É certo que não há desenvolvimento económico sem segurança,  Litoral incluirá unidades navais, de fuzileiros e de mergulhadores,
         e o mar não é excepção. É para garantir isso que empenhamos, ao  podendo ser complementada com forças policiais marítimas. O seu
         longo de todo o ano e vinte e quatro horas por dia, um conjunto sig-  objectivo passará por dar resposta militar e não militar às ameaças
         nificativo de meios da estrutura operacional. Nalguns casos estamos  de natureza assimétrica que caracterizam o presente e o futuro am-
         no limite máximo de exploração operacional, noutros poderemos  biente de segurança marítimo, em actuações à superfície, submari-
         fazer mais, muitíssimo mais.                         nas e na interface mar-terra. Esta unidade poderá complementar as
           Estão neste caso os fuzileiros, cujas potencialidades estão, em  capacidades existentes no âmbito da segurança interna, caso seja
         minha opinião, desapro-                                                            solicitado o recurso a meios
         veitadas. Actualmente, o                                                           militares. Adicionalmente,
         único empenhamento in-                                                             poderá ser disponibilizada
         ternacional dos fuzileiros                                                        Foto CAB L Figueiredo  no âmbito das organizações
         decorre na reduzida par-                                                           internacionais de que o País
         ticipação no quadro das                                                            faz parte, indo assim ao en-
         OMLT, no Afeganistão. As-                                                          contro dos recentes desen-
         sim, descontando este pe-                                                          volvimentos relacionados
         queno envolvimento, desde                                                          com as Operações de Se-
         2006 que não se verifica o                                                          gurança Marítima.
         empenhamento de uma for-                                                            Temos ainda outros de-
         ça ou unidade de fuzileiros                                                        safios importantes pela
         no exterior. Isto significa                                                        frente: o comando do
         que não se tem tirado par-                                                         Standing NATO Maritime
         tido dos nossos fuzileiros                                                         Group 1, que exercemos
         em apoio à política exter-                                                         com brilhantismo desde
         na, apesar de estes estarem                                                        Janeiro deste ano e que se
         prontos, bem treinados e                                                           prolongará até ao fim de
         equipados, o que, a par das                                                        Janeiro do próximo ano,
         suas qualidades militares, seria o garante de uma participação visí-  e o comando da EUROMARFOR, que assumimos em Setembro
         vel e prestigiante.                                  passado, por um período de 2 anos. São desafios em que vamos
           A este propósito, não será demais recordar que as nossas unidades  ter que continuar a demonstrar a qualidade e a dedicação a que
         operacionais são objecto dos maiores encómios sempre que lhes é  habituámos o País, com uma marcada postura de serviço a Portu-
         granjeada a possibilidade de integrarem forças multinacionais, como  gal e aos Portugueses.
         foi o recente caso da “Álvares Cabral” e da “Corte-Real”, que pres-
         tigiaram de forma bem marcada a Marinha e o País. Tal aconteceu   Ilustres e distintos convidados,
         também com a “Sagres”, que na sua habitual viagem de instrução   Militares, militarizados e civis da Marinha
         se constituiu como uma plataforma multinacional e multicultural   Tracei-vos uma breve avaliação do passado recente e das perspec-
         de troca de experiências para jovens militares das Marinhas amigas,  tivas futuras nos âmbitos genético, estrutural e operacional. Como
         oriundos de 3 continentes, e também com a “Baptista de Andrade”,  Comandante da Marinha, estou profundamente orgulhoso do que
         empenhada na Iniciativa Mar Aberto – 2009, em Cabo verde.  conseguimos, sempre guiados pelo objectivo de permitir a Portugal
           Outros excelentes exem-                                                          usar o mar na justa medida
         plos do aproveitamento das                                                         dos seus interesses.
         capacidades residentes na                                                         Foto Júlio Tito  Neste ano operacional,
         Marinha ao serviço do País                                                         cujo início hoje marcamos,
         são as actividades diaria-                                                         são muitos os desafios que
         mente executadas no âmbi-                                                          temos pela frente. Há que
         to da Autoridade Marítima                                                          continuar a trabalhar per-
         Nacional, seja no combate                                                          manentemente no sentido
         à poluição, no salvamento                                                          de contribuir para o reforço
         marítimo, no assinalamen-                                                          da autoridade do Estado nas
         to marítimo ou na repres-                                                          nossas águas jurisdicionais
         são de ilícitos, bem como o                                                        tirando o melhor partido
         empenhamento dos navios                                                            dos navios de que dispo-
         hidrográficos na campanha                                                           mos, mesmo que, nalguns
         relativa à extensão da nos-                                                        casos, desactualizados. Há
         sa plataforma continental,                                                         que garantir importantes
         certamente um dos maio-                                                            compromissos internacio-
         res trabalhos realizados no                                                        nais e há que integrar no-
         domínio da geografia dos                                                            vos meios. Tudo isto numa
         oceanos. Desta campanha resultará um legado de potencial de de-  conjuntura financeira que certamente será muito difícil. Saberemos
         senvolvimento económico e científico para as gerações futuras, cuja  responder com dedicação, brio e profissionalismo.
         importância e valor a sociedade portuguesa reconhecerá.  Os resultados alcançados no ano operacional que agora se completa
                                                              são o garante de que conseguiremos superar este e outros desafios.
           Marinheiros,                                        Como comandante, sinto-me orgulhoso do que tem sido feito em
           O orgulho por tudo aquilo que temos concretizado é um estímulo  conjunto e, neste novo período que agora se inicia, conto com a minha
         para enfrentarmos os desafios que se aproximam.       guarnição, para que a Marinha possa continuar a honrar Portugal.
           Continuaremos atentos às evoluções do ambiente externo, nome-                                       Z
         adamente à crescente importância das operações no litoral. Nesse                    Fernando de Melo Gomes
         enquadramento, vamos edificar uma força projectável que agregará                                  Almirante
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2009  9
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