Page 373 - Revista da Armada
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AOS CADETES DA ESCOLA NAVAL 8
Atitude positiva, amor à Marinha
Atitude positiva, amor à Marinha
e devoção ao trabalho
e devoção ao trabalho
aros cadetes, neste artigo falo-vos da Marinha, assegurando a sua utilidade como oficiais, servir a nossa Pátria em todas as
sobre a importância da atitude po- para o país e garantindo o devido reco- circunstâncias e sem limitações, mesmo com o
Csitiva, do amor à Marinha e da de- nhecimento pelos cidadãos e responsáveis sacrifício da própria vida, ultrapassa larga-
voção ao trabalho, requisitos essenciais políticos. O amor à Marinha é essencial a mente o simples cumprimento das leis,
para que cada um de vós cumpra com ob- todo o oficial da Armada, no cumprimen- dos regulamentos e das ordens ligadas às
jectividade, gosto e dedicação as suas ta- to das suas tarefas ao serviço de Portugal. profissões civis.
refas e mantenha uma atmosfera de digni- Este sentimento nobre e puro de dedicação, A devoção ao trabalho traduz o orgulho,
dade, camaradagem e crença ao serviço fidelidade, sacrifício e respeito à Marinha, a seriedade, a honestidade e o altruísmo no
de Portugal. despontou na grande maioria de vós, ain- cumprimento do dever e na permanente
Alguns dos princípios morais que devem da antes de serem admitidos na Escola Na- disponibilidade para realizar novas tare-
estar na base da atitude positiva de todo val. Porventura, nessa fase e na maior parte fas. Expressa-se no seu fiel cumprimento,
o oficial da Armada, segundo as orientações
foram abordados nos recebidas dos superio-
sete artigos anteriores res hierárquicos e na
que vos dediquei. Des- obser vância das leis,
tes princípios é eviden- dos regulamentos e das
te que resultam certas ordens militares. Tam-
exigências para a vossa bém é traduzida na ale-
actividade futura. Na gria, no optimismo e na
realidade, os oficiais afabilidade do trato pes-
da Armada, por terem soal, ligadas às condu-
elevadas responsabili- tas nobres que irradiam
dades de guia e exem- tolerância relativamente
plo na Marinha, decor- aos que revelam maio-
rentes do seu estatuto e res dificuldades na rea-
saber, devem ser since- lização das suas tarefas,
ros, verdadeiros e jus- e às situações difíceis do
tos. Também é preciso serviço, quando os obs-
que motivem os seus táculos se interpõem no
subordinados no cum- caminho para o objecti-
primento das respecti- vo. Para além disso, é
vas tarefas, e que con- evidente na simpatia e
traponham às dúvidas na brandura. A simpa-
e ao desalento, os refe- tia fomenta o espírito
renciais de certeza e de força que devem dos casos, ainda mal percepcionado, sob a de colaboração e a valorização de pares e
orientar e incentivar o nosso pessoal. Estes forma de simpatia ou afecto para com as subordinados. A brandura alastra o campo
referenciais estão intimamente ligados à ca- pessoas ou as coisas do mar. Por isso, pode daqueles que compreendem as nossas insu-
pacidade dos oficiais para buscarem a exce- ter sido designado por vocação para uma ficiências, erros e decisões. Num e noutro
lência nos seus trabalhos, para melhorarem carreira na Marinha. Todavia, uma vez in- caso conferem beleza e graça ao cumpri-
a sua formação, para superarem a regulari- seridos no seio da grande família que é o mento do dever.
dade, para colaborarem com o grupo onde Corpo de Alunos da Escola Naval, educa- A atitude positiva, o amor à Marinha e
estão inseridos e para estimularem pelo dos nas virtudes militares e sujeitos ao es- a devoção ao trabalho são indispensáveis
exemplo. Nestas circunstâncias, impõe-se pírito de fraternidade aglutinante que a to- para enaltecer o orgulho e a honra do mi-
que, ao longo da sua carreira, os oficiais da dos envolve, essa vocação foi robustecida e litar, elementos determinantes do seu equi-
Armada adoptem uma atitude consistente- desenvolveu-se a par da vossa maturidade, líbrio moral, sem os quais o dever militar
mente positiva. pela incorporação da abnegação, do afecto, não tem significado. Também são essen-
Caros cadetes, o amor por tudo o que a da integridade, da rectidão, da dignidade e ciais para anularem o desalento, a antipa-
Marinha representa e em tudo o que a ela do zelo, que estruturam a condição de sen- tia, o rancor e a inveja, que são os terrenos
diz respeito, requer que cada um de vós timento intenso de amor à Marinha. férteis das circunstâncias duvidosas, das
mantenha permanentemente um olhar A devoção ao trabalho não é exclusiva transgressões e da indisciplina. Porém, são
atento sobre o que se passa no mundo, e ou privilégio dos oficiais da Armada, nem verdadeiramente decisivos para a constru-
a inteligência focalizada no nosso País. O uma especificidade do tipo de actividade ção de um futuro onde impere o entusias-
olhar amplo no mundo, para perceberem que desenvolvemos em benefício da socie- mo positivo e vivo, bem como a harmonia
as grandes linhas de evolução da conjun- dade que servimos com orgulho e honra. construtiva e idealista em todos os escalões
tura externa. A inteligência direccionada Porém, é na carreira militar que ela mais hierárquicos da Marinha.
para o país, para nele aplicarem o produ- releva, porque os deveres que, de forma Z
to do vosso trabalho. Assim, conseguirão voluntária e patriótica assumimos, quando António Silva Ribeiro
alargar a vossa acção a todos os domínios juramos pela nossa honra, como portugueses e CALM
REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2009 11