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O novo ROV do Instituto Hidrográfico
O novo ROV do Instituto Hidrográfico
INTRODUÇÃO o sistema (veículo e unidades de superfície). A IH, também em 2008, é possível posicionar de
incorporação de uma câmara acústica de 900 modo absoluto o veículo. Este sistema de posi-
o passado mês de Dezembro de 2008 kHz e de um sonar de varrimento circular de cionamento de última geração tem como fun-
o Instituto Hidrográfico (IH) acrescen- dupla-frequência (300-670kHz) permite ope- ção fornecer a posição absoluta dos equipa-
N tou ao actual parque de equipamentos rar em situações em que existem partículas em mentos em que se encontra instalado, através de
um novo ROV (Remotely Operated Vehicle) da suspensão, as quais diminuem drasticamente uma combinação entre o sistema de navegação
classe de observação. A aquisição deste ROV, a visibilidade. inercial, posicionamento por satélite e por meio
um Sub-Atlantic “Navajo”, teve como princi- Para além das características já referidas, que acústico. Deste modo, é possível navegar com
pal objectivo suprir as limitações encontradas tornam o “Navajo” um precioso instrumento o ROV sobre uma carta electrónica de navega-
no antigo ROV Deep Ocean Engine- ção ou sobre um mosaico de sonar de
ering “Phantom S2”, já com cerca de varrimento lateral.
15 anos e no fim da sua vida útil, e
dotar a Marinha de um sistema capaz A EQUIPA
de efectuar a detecção, inspecção e Idealmente uma equipa de ROV
identificação de objectos e estruturas deverá ser constituída por quatro ele-
submersas,. No entanto as suas po- mentos, considerando que todos es-
tencialidades não se esgotam nestas tão aptos a intervencionar o ROV em
tarefas, e tal como o antigo ROV, ac- caso de avaria: (1) O Supervisor con-
tualmente em manutenção, poderá trola e dirige as operações de nave-
também vir a realizar trabalhos em gação e regista os eventos a assinalar
cenários de busca e apoio ao salva- no decorrer do trabalho;(2) o Piloto
mento, bem como trabalhos de cariz navega o ROV controlando-o exclu-
técnico e científico. sivamente através da imagem vídeo;
(3) o Co-Piloto integra a informação
O ROV fornecida pelos diversos sensores e
Um ROV é, por definição, uma transmite as instruções de navegação
plataforma submersível motorizada, ROV “Navajo” no paiol das Instalações Navais da Azinheira (INAZ), no Seixal. ao piloto; (4) a equipa deve contar ain-
ligada à superfície por um cabo umbilical, onde para navegação em cenários estuarinos e flu- da com um elemento auxiliar para coordenar
podem ser acoplados diversos tipos de sensores. viais, este incorpora ainda duas câmaras vídeo o sistema de lançamento e recolha do ROV e
Um ROV pode ser operado a partir de um na- CCD; uma a cores e outra monocromática de controlar o cabo umbilical. O Piloto e Co-pilo-
vio, ou de qualquer outra plataforma existente alta sensibilidade (capacidade de observação to deverão estar aptos a trocar de posições caso
à superfície (pontes, cais, etc.) desde que este- em locais de muito baixa luminosidade). Como seja necessário.
ja disponível energia para alimentar o sistema. meio de propulsão este ROV possui dois mo- A necessidade de manter este sistema em
Existem diversos tipos de ROV que variam na tores horizontais, um motor vertical e um mo- condições de operar em cenários de emergên-
potência dos seus motores, portabilidade e ca- tor lateral. Possui ainda um manipulador, luzes cia, muitas vezes em condições adversas e de
pacidade para realizar trabalho. frontais e laterais, uma bússola digital, um sen- grande risco para a vida humana, levou o IH a
Ao longo dos anos verificou-se que a maior sor de pressão, um sensor de altitude e um al- apostar fortemente na formação de uma equi-
parte dos cenários de operação de- pa de pilotos certificada pela IMCA
corre em zonas estuarinas, com for- (International Maritime Contractor
tes correntes e visibilidade reduzida. Association). Esta equipa, para além
A necessidade de adquirir um sistema de ter previsto um plano de treinos
que permitisse obter resultados positi- com cerca de 200 horas/ano, tem a
vos nesse tipo de cenários resultou na seu cargo a tarefa de definir e produ-
escolha do ROV Sub-Atlantic “Nava- zir documentação técnica que regula-
jo”. O ROV “Navajo” que o IH adqui- mente os procedimentos de operação
riu recentemente é um ROV de Classe para cada cenário de intervenção, e
II, ou seja, trata-se de um ROV de ob- de formar internamente novos ope-
servação (reconhecimento de alvos e radores.
inspecção de estruturas) com alguma Os dois pilotos, o TS2 António Ba-
capacidade de realizar trabalho gra- dagola e a STEN TSN Catarina Fradi-
ças ao seu payload e manipulador. É que, tiveram a sua formação em Fe-
composto por uma unidade submer- vereiro/Março e Abril/Maio de 2008,
sível, uma unidade de superfície com respectivamente, no “The Underwa-
comando PS2 e por dois pandeiros de ter Centre” em Fort William (Escócia),
cabo umbilical, um de 100 m e outro Pilotagem do ROV a partir da consola de superfície e do controlador manual. durante um período de três semanas
de 350 m, que ligam as duas unidades. tímetro. O sistema foi desenvolvido no sentido cada. A frequência deste curso concedeu-lhes
O “Navajo” é um ROV com uma relação de permitir manter o controlo automático de o diploma de pilotos de ROV de 2.ª classe, ha-
peso/potência bastante boa; o seu peso ronda rumo, altitude e profundidade. A profundidade bilitando-os a operar ROVs de observação, de
os 42kg, com capacidade para mais 10kg em de operação limite é de 200m. classe I e II, e ROVs de trabalho, classe III e IV,
sensores externos, e consegue atingir 5 nós de O ”Navajo” inclui ainda um beacon operá- exercendo as funções de piloto e co-piloto.
velocidade, pelo que se torna um instrumento vel em modo transponder para que seja possí- O programa do curso incluiu uma compo-
ideal para operar nos cenários onde se fazem vel posicioná-lo acusticamente. Aliás, graças ao nente teórica e uma componente prática. O
sentir correntes. Adicionalmente, pode ser facil- sistema de posicionamento acústico de linhas conteúdo programático do curso teórico versou
mente transportado e operado a partir de peque- de base ultra-curtas (USBL, acrónimo para Ul- os seguintes aspectos: (1) regras de segurança e
nas embarcações dadas as dimensões de todo tra Short Base Line) Ixsea GAPS, adquirido pelo cuidados a ter quando em operação com este
16 FEVEREIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA