Page 57 - Revista da Armada
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O Navio
                                                  O Navio

              om a capacidade de                                                             da equipado com um sis-
              operar em qualquer                                                             tema de guerra electrónica
         Cparte do mundo,                                                                    que permite a detecção e
         este navio foi originalmen-                                                         identificação de emissões
         te concebido para actuar                                                            electromagnéticas e o em-
         de forma isolada em mis-                                                            prego de medidas de pro-
         sões anti-submarinas e                                                              tecção activa contra essas
         dispõe de uma boa capa-                                                             emissões.
         cidade de sobrevivência,                                                              A nível do armamen-
         traduzida na sua reduzida                                                           to, o navio está equipado
         assinatura radar e no avan-                                                         com uma peça de artilha-
         çado sistema integrado de                                                           ria de 76mm para o com-
         defesa aérea. O navio está                                                          bate próximo a navios e
         também preparado para                                                               aeronaves e para tiro con-
         levar a cabo um conjunto                                                            tra-costa, mísseis de lon-
         de missões não combaten-                                                            go alcance para ataque a
         tes tais como embargo, as-                                                          navios, mísseis de curto
         sistência humanitária e de                                                          alcance para defesa anti-
         vigilância costeira.                                                                aérea próxima, um siste-
           Relativamente a sensores, o navio possui um radar de longo alcance  ma automático com um elevado ritmo de fogo para defesa próxima
         para detecção de aeronaves e navios, um radar de 3D de médio alcance  anti-míssil, dois reparos duplos de tubos lança torpedos para ataques a
         para detecção e seguimento automático de aeronaves, dois radares de  submarinos e por fim, duas peças de pequeno calibre. Como meio or-
         controlo de tiro, um radar de navegação, um sonar activo de médio al-  gânico, o navio opera o helicóptero Super Lynx MK95.
         cance e um sonar passivo para a detecção submarina. O navio está ain-  Ver Revista da Armada nº 403-DEZ06.


                         O Patrono                                    O Brasão de Armas

                              artolomeu Dias é um dos navegadores ligados aos
                              momentos mais significativos da História dos Des-
                           Bcobrimentos Portugueses. Contudo, são escassos
                           e incertos os seus dados biográficos. O facto de ter sido
                           escolhido pelo Rei para missões de grande importância
                           confirma que era um homem da sua confiança (seu es-
                           cudeiro e recebedor no armazém da Guiné, entre 1494
                           e 1497) e marinheiro com vasta experiência, sabedoria e
                           competência. Sabe-se, com segurança, que esteve ligado
                           ao projecto de consolidação do domínio português na
          região aurífera da Mina, para aí navegando, em 1482, com Diogo de Azambuja, e
          em 1497, após ter chegado às águas de Cabo Verde integrado na Armada de Vasco da
          Gama. Documentos, que com muita probabilidade se lhe podem referir, confirmam
          a sua intensa actividade nos mares do Norte de África, no Mediterrâneo, ao longo
          da Costa do Reino, no Golfo da Guiné, no Atlântico Sul, em missões de vigilância,
          de corso e de exploração. Mas o que imortalizou o seu nome foi, após o malogro
          das tentativas de Diogo Cão, a dobragem do Cabo Tormentoso, depois designado da
          Boa Esperança por D. João II, porque, ao tornar evidente a ligação do Atlântico com
          o Índico, abria as portas do caminho marítimo para a fabulosa Índia das especiarias.
          A determinação de cumprir esta Missão, vencendo medos, ventos e tempestades, teve
          consequências profundas na História da Humanidade. O eixo da economia passava
          do Mediterrâneo para o Atlântico. A geografia ptolomaica com sua visão incorrecta
          de Pedro Álvares Cabral que se dirigia à Índia para aí consolidar o domínio português.  O
                                                                    escudo negro simboliza o continente africano. A bordadura de prata
          do globo ficava definitivamente ultrapassada. O Mundo físico e humano surgia pro-
                                                                    aguada de azul carregada com oito cruzes de Cristo representa o mar
          gressivamente mais claro e uno. Finalmente, Bartolomeu Dias participou na armada
                                                                    que circunda o continente africano e as cruzes que ostentavam as velas
          Infelizmente, não chegou ao seu destino. Depois da descoberta/reconhecimento do   das caravelas no período dos Descobrimentos. Os três padrões testemunham a
          Brasil, encontrou a morte em águas do Atlântico Sul, surpreendido por violenta tem-  presença do navegador no continente africano e os três marcos que nele assen-
          pestade. O Mar a que dedicou toda a vida foi, também, o seu túmulo.  tou: o Padrão de S. Gregório, o Padrão de S. Filipe e o Padrão de S. Tiago.
                                                                                                               Z
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2009  19
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