Page 28 - Revista da Armada
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aéreos e como armamento anti-submarino possuíam quatro morteiros e duas além de outros trabalhos, a instalação nas amuras de dois potentes gavietes
calhas para o lançamento de cargas de profundidade. Estavam também do- e o reforço de buzinas.
tados de aparelhagem de detecção de submarinos Asdic.
Em Outubro de 1943 o HMS “Phyllisia” foi enviado da base naval de Gi-
Chegaram ao porto de Ponta Delgada em 7 de Outubro de 1943 e nesse braltar para o porto da Horta passando a ter bandeira e guarnição portugue-
mesmo dia foram aumentados, temporariamente, ao Efectivo dos Navios da sas, tendo trocado o indicativo visual britânico Z114 por “B1” (de navio de
Armada, com a designação de patrulhas “P5” e “P6”, passando a ter aque- barragens).
les indicativos visuais pintados a branco nas amuras e bandeira e guarnição
portuguesas. A sua missão consistiu no lançamento de redes de barragens metálicas
montadas naquele porto açoriano por pessoal inglês para impedir a entra-
Desde meados de Dezembro de 1943 a Maio/Junho de 1944 saíram nu- da de submarinos, lanchas rápidas e torpedos. O “B1” tinha também a seu
merosas vezes para o mar patrulhando as águas do arquipélago dos Açores, cargo a reparação e conservação das referidas redes e o fecho e abertura das
fazendo base no porto de Ponta Delgada. No dia 6 de Agosto de 1944 entra- portas das barragens.
ram ambos no porto da Horta onde foram restituídos à Royal Navy. Dois dias
depois foram abatidos ao Efectivo. Eis as suas características principais:
- Comprimento..........................................................................................42,21 metros
- Boca.............................................................................................................. 7,22 metros
- Pontal........................................................................................................... 3,90 metros
- Arqueação bruta...........................................................................................917,57 m3
- Arqueação líquida........................................................................................421,97 m3
Estava equipado com uma máquina alternativa de vapor de tríplice expan-
são com três cilindros e com uma caldeira de três fornalhas que lhe conferia
a velocidade de 10 nós. O armamento consistia somente em duas metralha-
doras ligeiras e a guarnição compunha-se de três oficiais, quatro sargentos e
vinte e duas praças, tendo sido o seu primeiro comandante o 2º tenente Neves
Pestana e mais tarde o 2º tenente Amadeu de Carvalho Andrade.
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, o “B1” foi levado para Gi-
braltar onde foi devolvido, em Agosto de 1945, à Royal Navy, voltando a
ser o HMS “Phyllisia”.
“B1”; ex-HMS “Phyllisa”. VII
Durante a Segunda Guerra Mundial, quando em consequência das faci-
Patrulha “Almancil”. lidades que Portugal concedeu nos Açores aos Aliados, foi necessário tomar
determinadas medidas de policiamento e vigilância nas águas do Continente
Patrulha “Albéria”. e nas do arquipélago açoriano. Assim, em 1943, foram requisitados à nossa
Marinha de Pesca sete arrastões da pesca do alto que foram artilhados e clas-
Ao hastearem de novo a “white ensign” voltaram a ostentar os nomes sificados de patrulhas. Eis os seus nomes:
“Cape Portland” e “Vascama” e os indicativos visuais FY 246 e FY 185, res- “Açor”, “Albéria”, “Algol”, “Almancil” e “Altair” que foram artilhados
pectivamente. com uma peça de 76 mm/40 calibres montada em caça e uma metralhadora
Oerlikon de 20 mm em retirada, e o “Almourol” e o “Serra D’Agrella”, ar-
VI mados com duas metralhadoras Oerlikon de 20 mm, uma instalada em caça
Em Outubro de 1943 foi aumentado, temporariamente, ao Efectivo dos e a outra em retirada.
Navios daArmada um velho navio de pesca de arrasto britânico, construído, Recorde-se que o “Açor”, em 1916, já tinha sido mobilizado mas nessa oca-
em 1918, pelo estaleiro Cocherane & Son, que antes de ser o HMS “Phylli- sião fora classificado caça-minas e artilhado com uma peça Hotckiss de 47 mm
sia” se chamara, sucessivamente, “Samuel Jameson”, “Ettrick” e “Loughri- e que o “Serra D’Agrella” também já tinha sido mobilizado, em 1916, classifi-
gg”, fora requisitado pelo Almirantado Britânico e transformado em “Boom cado caça-minas, rebaptizado “Celestino Soares” e artilhado com duas peças
Defense Vessel”, em Dezembro de 1939. Dessa transformação constaram, Hotckiss de 47 mm instaladas uma em caça e uma em retirada.
28 FEVEREIRO 2010 U REVISTA DA ARMADA Todos estes sete navios enquanto patrulhas mantiveram os nomes que ti-
nham quando navios de pesca.
Além destes navios, que foram, efectivamente, mobilizados, o capítulo
de Portugal da edição de 1944-45 do Jane’s Fighting Ships, curiosamente,
menciona também os arrastões “Albertos”, “Albufeira”, “Alcácer”, “Alcoa”,
“Alfeite”, “Alverca”, “Fafe” e “Maria Leonor”, os quais nunca chegaram a
ser mobilizados.
Foram estes sete patrulhas abatidos ao Efectivo dos Navios daArmada en-
tre Novembro de 1944 (o “Açor”) e Janeiro de 1946 (o “Almourol”). Desde esta
última data até ao presente não mais a Armada Portuguesa voltou a incluir
nos seus efectivos unidades navais produto da militarização de arrastões.
De notar que actuaram nos rios da Guiné, com a designação de lanchas de
patrulha, quatro pequenas embarcações de pesca do tipo enviada doAlgarve
construídas de madeira que foram designadas LP1, LP2, LP3 e LP4. Tinham
como único armamento espingardas G3 (7,62 mm), estavam minimamente
blindadas e equipadas com um aparelho de T.S.F. A LP3 tinha 11 metros de
comprimento e a LP4 quase 15 metros.
Foram aumentadas ao Efectivo em Julho de 1963 e abatidas em Março do
ano seguinte. Posteriormente a LP2 e a LP3 foram utilizadas na faina da pes-
ca no sul da Guiné (arquipélago dos Bijagós), e no abastecimento de peixe
destinado aos ranchos do Comando da Defesa Marítima.
Z
José Ferreira dos Santos
Capitão da Marinha Mercante
Membro Efectivo da Academia de Marinha