Page 27 - Revista da Armada
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to Castilho” respectivamente, que, como já foi referido, eram os nomes dos tilhado com duas peças Hotchkiss de 47 mm instaladas no castelo da proa,
dois arrastões que, depois de transformados em navios de guerra, se perde- uma a cada bordo. É de crer que os outros três arrastões tenham sido seme-
ram em combate. lhantemente artilhados.
Porém, pelo facto dos fabricos de que necessitavam serem muito onerosos, Recorde-se que o “Azevedo Gomes” já tinha sido mobilizado em 1916
foram abatidos ao Efectivo nesse mesmo ano de 1926. tendo então passado a ser designado por caça-minas “Manuel de Azeve-
do Gomes”.
A “Roberto Ivens” chegou a ter como comandante o 1º tenente Adelino
de Oliveira, desde 20 de Abril a 13 de Setembro de 1926. Desse modo esteve O nosso povo, com a tendência que tem para com o seu feitio jocoso fa-
ao serviço cerca de cinco meses mas na situação de meio armamento, com zer espírito metendo a ridículo certas situações, logo se lembrou de alcunhar
uma guarnição reduzida de 21 homens. Quanto ao arrastão “Glauco”, de- aquela força de “esquadra do carapau”.
pois de ter estado classificado como canhoneira de fiscalização da pesca, de
20 de Abril a 16 de Novembro de 1926, foi adquirido pela Companhia Por- Não é caso único a Armada Portuguesa servir-se de navios de pesca para,
tuguesa de Pesca, que o rebaptizou “Alvor” e o fez regressar à sua tarefa da em períodos de crise ou de hostilidades declaradas, aumentar os seus efec-
pesca de arrasto. tivos navais pois em casos de emergência os navios militares nunca são de-
masiados.
Ocorre-nos que durante a Segunda Guerra Mundial a toda poderosa
Royal Navy requisitou e artilhou, além de numerosos navios de comér-
cio, o número impressionante de 2.195 navios de pesca, a maior parte de-
les arrastões.
Patrulha “B” no arquipélago da Madeira em 1931; ex-arrastão “João Gualdino”. IV
No início da década de quarenta do século XX a firma armadora britâ-
Arrastão “Portaferry” sendo lançado à água no Arsenal do Alfeite, em 24 de Outubro nica Loch Fishing Company of Hull Ltd. encomendou a estaleiros portu-
de 1942. gueses a construção de seis arrastões de aço, sendo quatro ao estaleiro da
CUF, na Rocha do Conde de Óbidos, e dois ao Arsenal do Alfeite, tendo
sido baptizados:
- “Port Jackson”..................................................................................HMS “Product”
- “Porthleven”....................................................................................HMS “Prodigal”
- “Port Natal”......................................................................................HMS “Promise”
- “Portmadoc“ ................................................................................HMS “Proferssor“
- “Portisham“....................................................................................... HMS “Proctor“
- “Portaferry“.......................................................................................... HMS “Probe“
Foram lançados à água em 1941 e 1942, e ainda durante a Segunda Guerra
Mundial foram mobilizados pelo Governo Britânico, dotados de armamento
e transformados em navios de guerra.
Terminado o conflito, o “Port Natal”, o “Portmadoc”, o “Portisham” e o
“Portaferry” foram adquiridos, em 1946, por armadores portugueses que os
rebaptizaram “Aldebaran”, “Algenib”, “Arrábida” e “Polo Norte”, respecti-
vamente, e os devolveram à sua função da pesca do alto.
Na mesma época houve ainda o caso de seis arrastões construídos de ma-
deira, nos estaleiros Mónica, na região de Aveiro, por encomenda de arma-
dores britânicos. Receberam os seguintes nomes:
- “Port Stanley” ......................................................................................HMS “Prong”
- “Port Royal“ ..........................................................................................HMS “Proof“
- “Portrush“........................................................................................HMS “Property“
- “Port Bello“.......................................................................................HMS “Prophet“
- “Port Patrick“.....................................................................................HMS “Protest“
- “Portreath“....................................................................................... HMS “Prowess“
Quatro foram lançados à água em 1942, o “Port Patrick“ em Agosto de
1941 e o “Portreath“ em Fevereiro de 1943. Também eles foram mobilizados
e militarizados pelo Governo Britânico, tendo sido todos os doze artilhados
com uma peça antiaérea de 12 libras e servido nos efectivos da Royal Navy
na Segunda Guerra Mundial.
Arrastão “Polo Norte”; ex-”Portaferry”. V
Ainda em 1943 foram aumentados, temporariamente, ao Efectivo dos
III Navios da Armada Portuguesa, por cedência da Royal Navy, dois navios
Em Abril de 1931, aquando dos movimentos revoltosos ocorridos nos que começaram por ser os arrastões britânicos “Cape Portland” e “Vasca-
Açores e na Madeira, cinco navios de comércio e quatro de pesca foram mo- ma” que tinham sido construídos, em 1936, no estaleiro Cocherane & Son,
bilizados e enviados do Continente para as águas daqueles arquipélagos, a Ltd, em Selby, Grã-Bretanha, e destinados a pescar nas águas da Islândia.
fim de coadjuvarem os navios de guerra ali presentes. Em Setembro de 1939, foram requisitados pelo Almirantado Britânico e
Os navios de pesca foram os arrastões da pesca do alto: adaptados para poderem desempenhar missões de patrulhamento, de es-
- “Portugal”...............................................................................................Patrulha “A” colta de comboios e de dragagem de minas. Foram então classificadosABV
- “João Gualdino”.....................................................................................Patrulha “B” (Armed Boarding Vessels), na versão anti-submarina, ficando a pertencer à
- “Azevedo Gomes” ...............................................................................Patrulha “C” classe dos “Requisitioned Trawlers”, receberam os indicativos visuais FY.
- “Maria Cristina I”..................................................................................Patrulha “D” Possuiam uma máquina alternativa de vapor de tríplice expansão com a
Pela observação de uma fotografia do Patrulha “B” constata-se que foi ar- potência de 850 cavalos indicados. Receberam como armamento uma peça
Vickers de 101,6 mm/40 calibres montada em caça, duas metralhadoras an-
tiaéreas Oerlikon de 20 mm, duas metralhadoras Vickers de 12,7 mm e duas
outras Lewis de 7,7 mm, todas elas antiaéreas.
Estavam ainda equipados com foguetes que largavam dispositivos anti-
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