Page 24 - Revista da Armada
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RA – Sabes como era uma roda do leme an- nas, os «HATs» e «SATs» (provas de aceitação de guntas difíceis, tivemos de lhe dizer que faría-
tiga? equipamentos, cais e mar, respectivamente) eles mos as mesmas que fizemos aos seus outros ca-
é que operavam. A seguir começámos nós com maradas e...
PS – Sei! Tenho ido, com camaradas, à «Sa- eles ao nosso lado.
gres» e lembro-me de ver a da «João Belo». Lá em RA – Começo por lhe perguntar o nome com-
baixo tinha que se dar a uma manivela… RA – Foi uma experiência choque? pleto. Não é difícil…
PF – Sim e não. De facto vim da fragata «Vas-
Aqui é a coisa mais simples que existe! co da Gama» mas esta, tecnicamente, está um AC – Cláudia Sofia Alegrias Carraquico (AC).
E falou-nos demoradamente dos Modos de patamar acima. RA – E se vieste para o navio logo no início?
Leme, quatro na ponte, de direcção e estabiliza- RA – Bom sinal! Quantos são os Es a bordo? AC – Não! Não havia vagas para MIFs. Quer
ção, associados ao ASSA e a concluir PF – Ao todo, somos doze. Um sargento e qua- dizer, havia mas já estavam preenchidas…
PS – Se tudo falhar - neste navio a redundância é tro praças na produção e distribuição de energia, RA – Então como foi?
uma coisa fantástica - temos sempre mais dois mo- um sargento e um marinheiro de máquinas, ou- AC – Foi só quando acabei o curso de OP
dos alternativos lá em baixo, na Casa dos Lemes tro sargento ET (Electrotécnico) e um marinhei- (Operações, o antigo Radarista) quando fui para
(dois em V invertido). Um que é eléctrico e outro ro EM (Electromecânico) e um cabo e mais um o CITAN (o Centro de Instrução Táctica Naval) é
manual que é o modo mais degradado. Se formos marinheiro EM, estes dois dados, em apoio, à LA que me deram a novidade.Tinha havido duas de-
atingidos na Ponte e então passamos lá para baixo, (Limitação de Avarias). E ainda um electricista do sistências. Eu e uma camarada minha que já cá
para o ASSA. Só fica em cima um oficial. DAE (Departamento de Armas e Electrónica). não está porque concorreu a sargento e entrou.
… RA – Um misto das antigas e das novas espe- RA – Mas tinhas-te oferecido?
Temos ainda a redundância da Giro, temos cialidades. Estão, portanto, distribuídos por De- AC – Não. Fui nomeada.
duas agulhas giroscópicas diferentes… é só fa- partamentos diferentes… RA – Quando vieste para a Armada?
zer a comutação. AC – Vim em 2006.
RA – “Governa ao PF – Dois. Aqui, na Central da Plataforma (CP)
rumo 270!”,“Vai para o temos alarmes com sons diferentes de acordo RA – Como é que uma
caminho!” são as vozes com o tipo de ocorrência e podemos controlar a jovem rapariga vem para
que são dadas. estanqueidade do navio e não só. a Marinha?
PS – Sim! São as mes-
mas.A melhor linguagem RA – Tudo a partir daqui? AC – Olhe! Acabei a
que podemos ter, simples PF – Controlamos daqui mas quando há, por Escola muito nova. Com
e prática. Ouvida em vá- exemplo, mudanças de operação complementa- 18 anos. Tinha acaba-
rios pontos, pelos altifa- mos com rondas aos locais. do de fazer 12.º ano e
lantes. RA – Diga-nos, Senhor Cabo, donde é? como não concorri à
Há uma particulari- PF – Transmontano! universidade - nunca foi
dade; o Marinheiro do RA – Sim! Como foi esta vinda para o Mar? do meu interesse ir para
Leme não se limita a fa- PF – O meu Pai é agente da GNR e bem me a universidade - e então
zer leme. Faz também te- lembro das patrulhas que faziam, a pé, e como como não havia trabalho
légrafos. Este foi o maior era dura a sua vida. Foi umTio meu que estava na - isto lá fora é tudo mui-
desafio pois tenho de Marinha que me sugeriu que concorresse… to complicado - resolvi
conciliar ainda com mais RA – Esse foi um, inspirado, primeiro passo… concorrer e entrei logo à
duas comunicações a PF – Este meu Tio inspirou outros familiares. primeira.
meu cargo. Aqui temos O que me decidiu a ficar foi o ambiente no pri-
tudo. Podemos introdu- meiro navio, em função do Comando e até do Atentos, disse-nos
zir o valor das guinadas nosso Comandante. ainda mas com outra
pretendidas, pode fazer 22º por segundo, para RA –Acaba de dizer algo que reputo da maior ênfase.
definir o círculo… pode, inclusive, fazer 360º importância… Valeu!
sobre si próprio. Quisemos entrevistar um MIF (Militar Femi- Sabia que aqui tam-
RA – Manobras de homem ao mar? nino) porque nos poderia dar uma visão dife- bém podia estudar se
PS – Guinamos logo para o bordo donde caiu rente das que poderiam ser tradicionalmente depois isso me interessasse, que aqui podia con-
de modo a circunscrevê-lo para fazer uma “Prai- expectáveis. tinuar estudos e que aqui tinha mais hipóteses.
nha” protegendo-o do vento e das condições do Fomos encontrar na Casa das Cartas a jovem As ajudas monetárias também não eram muitas
mar, de modo ficar “flat”, super calmo e se po- desembaraçada, franzina, loira e com uns olhos para continuar a estudar…
der socorrê-lo. perscrutadores,que nos acolhera à prancha com RA – Estou a ver… Pela pronúncia (apesar da
RA – Viciado na linguagem inglesa? uma desenvoltura que nos fez sorrir. rapidez algarvia do discurso, arriscámos) Alen-
PS – Ah! Sim. Completamente. Agora, com receio de que lhe fizéssemos per- tejana? Donde?
RA – É natural! Num curso em que era o único AC – Sim! Alentejana. De Vila Viçosa!
Português ao fim de uns meses fui apanhado a RA – Bem no interior! Geralmente esquece-
falar Português misturando, sem me aperceber, mos que no Alentejo também há mar…
palavras francesas. Os camaradas, de passagem, AC – Ali na zona de Sines…
riam-se… Bom, temos de continuar. Leva-nos ao RA – A especialidade, foi tua opção?
próximo entrevistado. AC – Não. Operações foi a segunda. A primei-
Começou por nos dizer que ingressou na Ar- ra foi Administração.
mada em 1995 e que promovido a Cabo, em RA – E, portanto, do CITAN…
2005, foi, em Maio de 2007, convocado, perma- AC – Vim logo para aqui.
necendo destacado na Base Naval por um mês RA – Ah! Já o navio tinha chegado da Ho-
e meio. Pinto Fernandes (PF), cuja especialidade landa.
é Electricista (E), continuou: AC – Não, não. Eu apanhei o curso todo na
PF – Depois fui para a Holanda para seguir um Holanda. Tirei os cursos e a partir daí estou em-
Curso de Electrónica Básica, outro mês e meio, barcada.
e voltámos a Portugal para, em Janeiro de 2008, RA – Regressaste a Portugal e depois volta-
retomarmos os CursosTécnicos do Navio e partir, ram à Holanda.
quase só apoiados nos Manuais, à “descoberta” AC – Sim, sim. Isso.
dos equipamentos. RA – Praticamente, na Holanda, sobre que ver-
No mar havia que seguir os Holandeses, pouco savam esses cursos e que mais é que te interessou,
comunicativos, pois, nas primeiras quatro sema- que é que foi novidade nos cursos lá em cima.
AC – Foi à base do CO, o Centro de Opera-
24 FEVEREIRO 2010 U REVISTA DA ARMADA ções. Estudámos as consolas, o GOS (General
Operator System), mas, entretanto, nem fui para
o CO pois a minha função a bordo era a mesa