Page 16 - Revista da Armada
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das potências marítimas, designadamente: democrática Atenas, e uma sociedade fecha- naram-se as principais características do im-
“Popper estabelece uma distinção fundamen- da, a Esparta colectivista. Ele considerou que perialismo ateniense, tal como ele se desen-
tal entre sociedade aberta e sociedade fecha- a II Guerra Mundial foi uma reedição desse volveu no século V a.C. [...] Tornou-se claro
da. Numa sociedade aberta, por contraste conflito, tendo o lugar de Atenas sido ocupa- [para os inimigos da democracia em Atenas]
com uma sociedade fechada, existe liberda- do pelas democracias ocidentais, e o lugar de que o comércio de Atenas, o seu comercialis-
de de crítica e liberdade de examinar, rever Esparta pelo nacional-socialismo alemão e o mo monetário, a sua política naval, e as suas
ou conservar, normas legais e convenções comunismo soviético-cuja aliança de facto de- tendências democráticas eram parte de um
sociais. Os indivíduos aceitam o fardo da li- sencadeou o início da guerra e a dupla inva- único movimento, e que era impossível der-
berdade e consequente responsabilidade de são da Polónia, em Setembro de 1939.. rotar a democracia sem ir às raízes do mal [do
escolher. Esta abertura dá então lugar a um ponto de vista dos inimigos da democracia] e
ambiente descentralizado de experimenta- Mas o ponto que agora sobretudo nos inte- destruir quer a política naval quer o império.
ção, de ensaio e erro, o qual, por sua vez, é ressa é o de saber qual foi, para Karl Popper, Mas a política naval deAtenas estava baseada
propício à investigação filosófica e científica, a origem da emergência da sociedade aberta nos seus portos, especialmente o Pireu, o cen-
à inovação tecnológica, ao comércio e ao livre em Atenas. E a resposta é verdadeiramente tro do comércio e o bastião do partido demo-
empreendimento. extraordinária para aqueles que apreciam a crático; e, estrategicamente, nas muralhas que
opção pelo Mar. Disse Karl Popper: “Talvez fortificavamAtenas e, mais tarde, nas Longas
Karl Popper considera que a civilização a mais poderosa causa do colapso da socie- Muralhas que a ligavam aos portos de Pireu
ocidental é aquela que emerge da transição dade fechada tenha sido o desenvolvimento e Phalerum. Por esta razão, nós verificamos
das velhas sociedades fechadas tribais para das comunicações marítimas e do comércio. que, durante mais de um século, o império,
as novas sociedades abertas. Essa transição O contacto estreito com outras tribos desafia a frota, o porto e as muralhas foram odiados
começou mais vincadamente na Grécia do o sentimento de necessidade com que as ins- pelos partidos oligárquicos deAtenas e foram
século V a.C., o século da Grande Geração de tituições tribais são percepcionadas; e a tro- considerados símbolos da democracia e fon-
Péricles, Tucídides, Heródoto e Sócrates. Para ca, a iniciativa comercial e a independência tes da sua força, que aqueles partidos queriam
Popper, a Guerra do Peloponeso entreAtenas podem afirmar-se, mesmo numa sociedade um dia destruir”.
e Esparta exprimiu essencialmente o confli- em que o tribalismo ainda prevalece. Estes
to entre uma sociedade aberta emergente, a dois aspectos, a navegação e o comércio, tor- Z
ESCOLA NAVAL
Cadetes descem Rio Sado
AEscola Naval no âmbito do seu Pla- e moral, em torno de um objectivo comum, su- natureza sempre acarreta, cimentando,
no Anual de Actividades Escolares, plantando de forma sucessiva e continuada as deste modo, as qualidades de chefia e ca-
e inserido nas actividades de aplica- dificuldades e tarefas que uma operação desta pacidade de liderança fundamentais a um
ção militar-naval, planeou e executou um oficial de Marinha. Cerca de quatro horas
exercício fluvial que consistiu na descida e meia depois da partida chegou a equipa
do rio Sado, num percurso com cerca de mais eficiente, constituída por cadetes do
24 km. No dia 11 de Fevereiro do corren- 4ºano. A segurança do exercício foi man-
te ano, os cadetes utilizaram botes pneu- tida por uma equipa de mergulhadores da
máticos militares e, com recurso a remos, Armada e uma embarcação da Capitania
percorreram o rio entre as localidades de do Porto de Setúbal.
Alcácer do Sal e Murta.
No dia 12 de Fevereiro, nas instalações
Este exercício de descida do rio Sado do Ponto de Apoio Naval de Tróia, os ca-
envolveu 127 alunos da Escola Naval, en- detes participaram no Troféu Gincana Na-
tre cadetes dos 2º, 3º e 4º anos e alunos do val, que premiava o curso que obtivesse o
Curso de Formação de Oficiais do Serviço melhor resultado no conjunto das provas
Técnico. Participaram também alunos de de remo em canoas, paint-ball, orienta-
entidades convidadas, nomeadamente, 2 ção, lançamento de retinida, desmonta-
cadetes da Academia Militar, 2 cadetes da gem de espingarda automática G-3 e tiro
Academia da Força Aérea, 2 cadetes do com arco. Sagraram-se vencedores do tro-
Instituto Superior de Ciências Policiais e féu os cadetes do 4ºano.
Segurança Interna, 6 cadetes da Escuela
Naval Militar (Espanha) e 2 cadetes da Ma- O exercício decorreu sob o comando do
rineschule Mürwik (Alemanha). CMG Machado da Silva, Comandante do
Corpo de Alunos, coadjuvado pelo 1TEN
No dia 11 de Fevereiro pelas 11H00M, Cardoso de Morais. O total de participantes
os cadetes embarcaram por equipas nos neste evento rondou as 200 pessoas, entre
botes pneumáticos disponibilizados pelo cadetes, alunos convidados e organização,
Corpo de Fuzileiros. Este exercício propor- sendo de salientar o apoio prestado pelo
cionou-lhes a prática dos conhecimentos Comando do Corpo de Fuzileiros, através
adquiridos durante as instruções de forma- da Unidade de Meios de Desembarque e
ção marinheira, de comportamento organi- da Companhia de Apoio de Transportes
zacional, organização e instrução militar. Tácticos, da Direcção de Transportes, do
Complementarmente, o evento permitiu Destacamento de Mergulhadores Sapado-
também aos cadetes desenvolverem e treina- res nº2 e da Capitania do Porto de Setúbal.
rem capacidades de liderança, sentido de ca-
maradagem, espírito de corpo e coragem física Z
16 ABRIL 2010 U REVISTA DA ARMADA (Colaboração da ESCOLA NAVAL)