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Comunicações Satélite SHF (SATCOM). Conceito operacional CSI sem fios na NATO.

ça da navegação e a salvaguarda da vida hu- dirimir a necessidade da utilização alargada do ra e permanente, enquanto as forças estão em

mana no mar. satélite, garantindo no entanto os exigentes re- movimento, de acordo com as necessidades e

A informação disponível relacionada com a quisitos operacionais estabelecidos. ao ritmo que as operações militares ditam4. As-

segurança marítima provém de diversos sis- sim, o desafio que actualmente se coloca às

temas, classificados e não classificados, na- comunicações em HF (High Frequency) é

cionais e internacionais. acompanhar esta evolução tecnológica de

Focando somente o caso nacional, vários forma a melhorar a sua fiabilidade e aumen-

são os organismos e entidades com com- tar a capacidade de transferência de dados.

petência no mar ou a partir dele. Assim, a O trabalho entretanto realizado ao nível

convergência da informação torna-se não só das novas técnicas de modulação e transmis-

uma premissa desejável como necessária. O são já possibilitaram o aumento de largura de

objectivo final é a concentração de esforços, banda necessário para disponibilizar serviços

optimizando a utilização dos meios dispo- de Internet/Intranet sobre ligações HF. Esta ca-

níveis, promovendo não só uma matriz de pacidade de comunicações para lá da linha

eficácia, mas acima de tudo promovendo a Projecto BRASS - Marinha. de vista, para além da vantagem operacional,
eficiência dos processos. Este aumento de será uma mais-valia financeira porquanto po-

eficiência passa naturalmente por uma correc- As tecnologias da informação continuam a derá reduzir ou mesmo eliminar a necessidade

ta integração das actuações, com a Marinha crescer rapidamente, nas suas capacidades, po- de contratação de serviços de satélite.

como núcleo central, baseada na sua inequívo- der de processamento e na difusão generalizada Portugal, à semelhança de outras nações, inte-

ca vocação, competência e meios que possuiu. pela infra-estrutura organizacional.A tecnologia grou, através da Marinha, o projecto BRASS (Bro-

Face ao que foi referido anteriormente, torna-se Internet tem sido o mote por detrás desta trans- adcast, MRL and Ship-shore System), que visa

evidente que a superioridade de informação formação. O utilizador comum e o interface en- implementar as novas tecnologias nas comuni-

concorre decisivamente para a eficiência e efi- tre os sistemas, previsto no Protocolo de Internet cações em HF. Estas serão cada vez menos ca-

cácia das acções no mar e consequentemente (IP), têm vindo a fomentar novas soluções para nais com baixa taxa de dados e pouca qualidade

para a capacidade de influenciar os aconteci- os problemas militares, alterando significativa- e cada vez mais sistemas de alta taxa de débito

mentos nos espaços marítimos nacionais. A e menor intervenção humana no estabeleci-

análise da informação disponibilizada pelas mento e manutenção das ligações.

diversas entidades envolvidas no ambiente A componente terrestre do BRASS con-

marítimo, garantidos os elementos de in- substancia-se no já edificado Centro de Co-

formação necessários à tomada de decisão municações, de Dados e de Cifra da Marinha

pelas entidades responsáveis, optimiza o (CCDCM) e no futuro Centro de Comunica-

emprego de meios, contribuindo para a ar- ções dos Açores. Estas duas infra-estruturas

ticulação e complementaridade dos recur- vão garantir a qualidade dos serviços facul-

sos nacionais3. tados pelas novas tecnologias suportadas

Para que a informação flua entre os or- nos mais recentes transmissores e antenas.

ganismos em terra e os navios no mar, O esforço de modernização, a par da com-

independentemente da área onde estes ponente terrestre, será igualmente uma rea-

naveguem, importa garantir os meios de lidade a bordo dos navios com a substitui-

comunicações adequados, tendo em consi- ção gradual dos sistemas e equipamentos de

deração os diversos formatos que esta pode comunicações por versões mais modernas e

ter. Os requisitos e exigência da actualidade automatizadas.

não se compadecem com formatos simples No actual contexto da Marinha o projecto

de texto e voz, sendo necessário garantir BRASS é a face visível de um longo percurso

canais de comunicação que permitam in- Sistema Integrado de Comunicações dos navios – nova geração. iniciado há 100 anos com as primeiras ex-
tegrar sistemas e redes informáticas nos ex- periências de comunicações por radiotele-

tremos da cadeia. mente a forma do planeamento operacional. grafia sem fios.
Z
Se bem que hoje é perfeitamente banal e eco- Como os sistemas de processamento de dados Nuno Bragança
nomicamente vantajoso para todos comunicar se tornam cada vez mais rápidos, pequenos e
globalmente utilizando computadores, já para mais poderosos, é possível incrementar e me- CFR
os navios o processo é complexo e oneroso. lhorar a distribuição da informação pelos diver-
Portugal, à semelhança de outros países, depen- sos níveis de comando. Notas
de de terceiros para o fornecimento do serviço 1 V/Almirante Moura da Fonseca, As Comunicações
As comunicações sem fios no século XXI têm
Navais E A TSF Na Armada, Lisboa, Edições Culturais
da Marinha, 1988.

satélite que, por não existir alternativa, é hoje de suportar uma rede de informação complexa 2 Dieter Dellinger - redactor da Revista de Marinha
- dedica-se à História Náutica, aos Navios e Marinha e
considerado imprescindível em ambiente na- entre comandos e para apoio às forças empe- apresenta o seu livro “Um Século de Guerra no Mar”
val. Esta dependência é factor de preocupação nhadas em missões exigentes onde o factor geo-
para a NATO e simultaneamente um precursor gráfico é igualmente relevante. Esta rede deve 3 João Manuel Góis Cancela - Em terra de cegos
na procura de soluções tecnológicas que visem fornecer as capacidades de conectividade segu- quem tem olho é Rei.

4 NATO - Maritime Reference Architecture.

REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2010 19