Page 11 - Revista da Armada
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comemorando este ano 48 anos com o estan- Barca, tendo sido prontamente correspondi- pano todo. Desta forma, são mais graciosos,
completos. Quando chegou a nossa vez, as
darte nacional. dos pelo nosso Comandante. Depois disso, a Cruzes da Ordem Militar de Cristo estavam
ostensivamente cheias pelo vento, a nossa
No penúltimo dia no Porto de Recife rece- barca emitiu pela sereia o seu potente cum- Barca distinguiu-se dos demais veleiros, até
porque nenhum dos outros tem símbolos nas
bemos dez Guarda-Marinhas, finalistas da Es- primento e passados alguns segundos, todos suas velas. Os helicópteros sucederam-se nas
passagens aéreas, cobrindo a formação linear
cola Naval Brasileira e o seu Comandante de os grandes veleiros responderam ao chamado, de fotografias. No local estipulado, a guarni-
ção formou nos postos de honras militares na
Companhia. Durante a tirada que ligou Recife um coro inesperado de sereias, gratificando borda do navio e realizou os trêsVIVÓS. Um
a Mar del Plata, o navio revigorou-se e orgu- os recém-chegados. Assistindo ao espectá- esforço meritório, para saudar
as presidentes da Argentina e
lhosamente cumpriu a sua principal missão culo espontâneo criado pela nossa chega- Chile, que se encontravam na
tribuna principal.
– o ensino. Nos catorze dias que se seguiram da, milhares de pessoas, (aproximadamente
Após o desfile rumou-se em
a presença de educandos, permitiu arrematar 25000, soubemos mais tarde), que aguarda- direcção a Punta del Este, Uru-
guai, uma vez que as autorida-
pequenas pontas soltas; a “Escola Sagres” revê vam no cais o início da hora das visitas. A des locais não permitiram os
navios atracar na Capital deste
todos os pormenores, para em país antes da tomada de posse
do novo Presidente. Assim
San Diego receber o curso “Pa- fundeou-se no fundeadouro
de Maldonado a 27 de Mar-
dre Fernando de Oliveira”. ço. Muitos dos elementos da
tripulação aproveitaram o dia
Uns dias após a nossa larga- seguinte para ir conhecer esta
bela e encantadora vila assim
da do Recife, recebemos um como para se prepararem para o novo desafio,
Montevideo. A chegada a Montevideo deu-se
“distress call” do “Concordia”, a 1 de Março, e embora o navio apenas tenha
estado atracado um dia e meio, o trabalho foi
navio escola canadiano, com imenso.Todas as actividades que normalmen-
te se fazem nos portos foram realizadas neste
quem partilhámos o cais no curto espaço de tempo, o que veio a exigir da
guarnição um esforço adicional imenso. Con-
Brasil. Após um dia sem notí- tudo, conseguiram ultrapassar de forma exem-
plar esta dificuldade, outra coisa não seria de
cias concretas do sucedido, re- esperar dos homens desta “barca”.
Na madrugada do dia 3 de Março o navio
cebemos por fim notícias am- largou de Montevideo e atracou nesse mesmo
dia em Buenos Aires. Navegou sensivelmente
bíguas. As forças da natureza e 130 milhas, distância que sepa-
ra estas duas capitais.
a força do mar engoliram para
A entrada em Buenos Aires,
sempre o veleiro canadiano, embora mais simples que a de
Mar Del Plata foi feita de uma
mas o esforço coordenado da forma simples mas bonita para
quem via de terra. O navio en-
marinha brasileira permitiu a trou no porto, de noite, e quan-
recolha de todos os tripulantes. Guardas-Marinhas brasileiros e argentinos. do estava perto de terra acen-
deu de rompante a iluminação
Nos dias seguintes, a ansiedade das famílias chegada repentina do nosso veleiro ao festi- de gala para deleite de alguns
privilegiados espectadores. De
sente-se a bordo, um multiplicar de telefone- val, revigorou a hoste, que já se encontrava pronto se ouviram palmas e gri-
tos de “Bem vindos”, “Viva a
mas para serenar as preocupações de quem adormecida pelas filas de espera, esta respon- Sagres” e “Viva Portugal”.
faz a viagem através da blogosfera. O navio deu progressivamente à nossa passagem com O dia seguinte foi passado
na preparação do navio para
de sobreaviso, governou astutamente de for- gritos, palmas e incentivos. Finalmente, che- a abertura a visitas a escolas e
para a realização do almoço
ma a minimizar os efeitos de um vale depres- gámos ao nosso local no cais, onde aguarda- Vip na camarinha do Coman-
dante. Felizmente que a estadia em Buenos
sionário muito acentuado, formado na foz do va, uma banda militar, as entidades militares Aires será de 6 dias o que permitirá programar
todos os eventos desta barca com mais calma
Rio da Prata. A presença deste condicionou e do evento SUDAMERICA 2010, que rapi- assim como dar algum tempo livre à guarni-
ção para visitar esta histórica cidade.
a formação de uma “suestada” intensa, que damente se viram engolidos pela multidão,
Z
melindrosamente tentou impedir a nossa che- que curiosa queria aproximar-se do novo na-
(Colaboração do COMANDO DO NRP” SAGRES”)
gada atempada a Mar del Plata. Navegou-se vio. A beleza e pureza do nosso navio foram
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num dia cinzento, com o vento e o mar a uma constante nos elogios que se ouviam no
tentarem contrariar o navio. Um verdadeiro cais. À saída, mais honras militares, a banda
contra-relógio, de forma a passarmos o mo- da Marinha argentina, o Almirante Coman-
lhe na hora marcada. A má-
quina avante-toda, debitando
potência no hélice. Este por
vezes entusiasmava-se com as
vagas e subia ligeiramente aci-
ma da linha de água, cavitan-
do logo em seguida e ouvindo
o raspanete do motor, que ber-
rava com o esforço adicional.
Todavia, toda esta labuta foi
recompensada, pela chegada
ao porto, um momento apote-
ótico. Pelas vinte horas locais a
“Sagres” inicia da melhor for-
ma possível a sua participação
no evento Velas SudAmérica
2010. Oito grandes veleiros,
a saber: “Libertad” (Argenti-
na), “Cisne branco” (Brasil), Oficial e 4 dos 10 Aspirantes brasileiros convidados.
“Esmeralda” (Chile), “Gloria”
(Chile), “Guayas” (Ecuador), “Capitan Miran- dante da Base, que simbolicamente retirou
da” (Uruguai), “Simon Bolivar” (Venezuela) a última amarra do cais. Velejamos, parte da
e “Cuauhtemoc” (México), encontravam-se manhã, calmamente de forma a ocuparmos a
atracados de seguida. Com o último folgo nossa posição na parada naval que se seguia,
do sol, todos os navios ligaram a sua ilumi- seríamos os antepenúltimos, pois formámos
nação de gala. Num pontão por bombordo, por ordem alfabética. Apesar de o vento estar
um pelotão perfilado, prestou honras à bela pouco favorável, todos os navios colocaram o