Page 6 - Revista da Armada
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nacionais e na defesa de valores universais que que nos acompanha nesta cerimónia,país com dar uma resposta adequada.
nos são caros, como os direitos humanos, a to- o qual Portugal mantém as mais fraternas rela- A reforma da Saúde Militar é uma exigência
lerância e a dignidade das pessoas. ções de cooperação. da qualidade dos cuidados de saúde prestados
aos utentes e da manutenção de uma capaci-
Por outro lado, no comando de uma força As ForçasArmadas não esgotam as suas capa- dade ajustada às necessidades operacionais de
NATO, as nossas Forças Armadas cumpriram cidades em missões internacionais e em acções emprego e projecção de forças.
com elevado brio e de forma corajosa as mis- de cooperação no estrangeiro. Em reconhecimento do papel das Forças Ar-
sões aero-navais de combate à pirataria que,nos madas na edificação de Portugal associei-as,
mares da Somália,coloca em causa a liberdade As ameaças e os riscos que possam afectar a desde o início do meu mandato, às cerimónias
de navegação, a segurança de navios, cargas e segurança dos Portugueses, no exterior e no in- de celebração do Dia de Portugal, de Camões
tripulações. terior das nossas fronteiras,e o apoio às popula- e das Comunidades Portuguesas.
ções constituem o cerne do planeamento e da É com alegria que assistimos hoje a mais um
No Líbano e na região dos Balcãs, em contex- acção das nossas Forças Armadas. passo no reencontro dos Portugueses com a
tos político-sociais muito complexos, continua- sua História, ao integrarmos nesta cerimónia os
mos a apoiar os esforços internacionais de paz. A título de exemplo, sublinhe-se o pronto antigos combatentes,a quem quero dirigir uma
apoio às solicitações do Serviço de Protecção saudação especial.
Uma vez mais, a eficácia e a capacidade de Civil, em missões de vigilância e de rescaldo de Prestamos, assim, justa homenagem àqueles
adaptação do militar português têm-se revela- incêndios que permitem libertar mais bombei- que, com denodada coragem e amor pátrio,
do essenciais para o sucesso das missões,para a ros para as acções de maior complexidade no tudo se dispuseram a dar por Portugal, incluin-
protecção das forças e para a segurança e bem- combate directo aos fogos,e as acções de apoio do a própria vida.
-estar das populações locais. à salvaguarda da vida humana no mar. O país que ambicionamos não pode deixar
de ser um país com memória e respeito profun-
Uma actividade militar porventura menos co- No desastre que, em Fevereiro deste ano, se do pelos que deram o melhor da sua vida ao
nhecida dos portugueses, mas que tem acumu- abateu sobre a ilha da Madeira,foram inexcedí- serviço da Pátria e se sacrificaram nos mais va-
lado sucessos desde os anos 90,é a cooperação veis a disponibilidade e a prontidão da resposta riados teatros de operações.
técnico-militar com os países africanos de língua que os militares deram às solicitações que lhes O exemplo de vida dos nossos antigos com-
oficial portuguesa e com Timor-Leste. Esta área da foram apresentadas. batentes e o reconhecimento que aqui lhes ma-
cooperação constituiu-se como um forte investi- nifestamos devem ser fonte de inspiração e de
mento de confiança,uma chave para a reaproxi- Nas horas mais difíceis,os Portugueses sabem motivação para todos nós.
mação a povos a que nos ligam singulares laços que podem contar com as Forças Armadas. Militares,
históricos de convivência e de amizade. Exorto o vosso patriotismo, esclarecido e vo-
Militares, luntário, para que continuem dispostos a lutar
Os números não deixam dúvidas quanto à re- A transformação nas Forças Armadas foi mar- por Portugal,cumprindo as missões que vos são
levância da cooperação técnico-militar e do seu cada, no último ano, pela criação do seu Co- atribuídas como o têm feito até agora: com ele-
elevado rendimento em termos de custo e efi- mando Conjunto. Está em curso, agora, a sua vado sentido do dever, com profunda devoção
cácia:ao longo dos últimos 20 anos,5.721 qua- implementação, da qual se espera que condu- e com a maior honra.
dros militares dos países de língua portuguesa za à necessária agilização de procedimentos e a Obrigado.”
foram formados em Portugal e 11.370 nos seus maior eficácia no seu emprego conjunto.
próprios países,com a participação de um total A excelência do ensino e da formação dos
de 3.323 militares portugueses. quadros das Forças Armadas, compreendendo
uma sólida formação ética e comportamental,
Saúdo o povo amigo e as Forças Armadas de é uma prioridade a que a implementação da re-
Cabo-Verde,na pessoa do seu Primeiro-Ministro, forma do Ensino Superior Militar deverá permitir
Discurso do Dr. António Barreto na Cerimónia Civil
O DIA DOS PORTUGUESES ou,oficialmen- actualidade. Já não há sobreviventes do Corpo dos nossos aliados da NATO e da União Euro-
te,o Dia de Portugal,de Camões e das Comuni- Expedicionário Português enviado para Flandres, peia e em missões organizadas sob a égide das
dades Portuguesas,comemorado em 2010,tem na 1ª Grande Guerra Mundial, nem das forças Nações Unidas.
um significado especial. Na verdade, assistimos que, no mesmo conflito, lutaram em África. O
esta manhã a um desfile das nossas Forças Ar- último veterano dessa guerra, José Maria Bap- Independentemente das opiniões de cada
madas precedido de uma extensa delegação tista, morreu a 14 de Dezembro de 2002. De- um, para o Estado português todos estes sol-
de Veteranos,de Antigos Combatentes,mais pois daquele conflito,as guerras foram,durante dados foram Combatentes, são hoje Antigos
singelamente de combatentes dos exércitos décadas, poupadas aos Portugueses. Só a par-
em todas as guerras e conflitos em que Por- tir de finais dos anos 1950 os soldados e outras Combatentes ou Veteranos,mas,sobretudo,
tugal esteve envolvido desde meados do forças militarizadas voltaram a encontrar-se em são iguais. Não há, entre eles, diferenças de
século XX. situações de combate aberto,primeiro no então género, de missão ou de função. São Vete-
Ultramar português,depois em múltiplos teatros ranos e foram soldados de Portugal. É assim
Ao ver desfilar umas dezenas de antigos de guerra, em associação com forças armadas que deve ser.
combatentes, de todos os teatros de acção
militar em que Portugal participou, não sen- Em Portugal ou no estrangeiro, no Conti-
timos vontade nem necessidade de lhes nente ou no Ultramar, na Metrópole ou nas
perguntar pela guerra, pela crença ou pela Colónias, as Forças Armadas portuguesas
época. Sentimos apenas obrigação de, pelo marcaram presença em vários teatros de
reconhecimento, pagar uma dívida. Senti- guerra e em diversas circunstâncias. Milita-
mos orgulho por saber que é a primeira vez res portugueses lutaram em terra,no mar ou
na história que tal acontece e que está aberta no ar, cumpriram os seus deveres e execu-
a via para a eliminação de uma divisão absurda taram as suas missões. Em Goa, em Angola,
entre Portugueses. Com efeito, é a primeira vez em Moçambique, na Guiné, no Kosovo, em
que, sem distinções políticas, se realiza esta ho- Timor ou no Iraque. Todos fizeram o seu esfor-
menagem de Portugal aos seus veteranos. ço e ofereceram o seu sacrifício, seguindo de-
terminações políticas superiores. As decisões
Centenas de milhares de soldados portu- foram, como deve ser, as do Estado português
gueses combateram em nome do seu país, do e do poder político do dia. Mas há sempre algo
nosso país, desde os inícios do século XX até à que ultrapassa esse poder. O sacrifício da vida
6 julho 2010 • Revista da aRmada implica algo mais que essa circunstância:é,para