Page 10 - Revista da Armada
P. 10
Navio-Escola “Sagres”
Volta ao Mundo 2010
5ª PARTE
Navegando nas águas do Oceano
Pacífico, continuámos a nossa par-
ticipação no evento Velas Sudame-
rica 2010.
Na tirada que ligou o Perú ao Equador, o
navio recebeu uma “excêntrica” visita. Du-
rante os cinco dias que constituíram esta na-
vegação, recebemos a bordo a vencedora de
um sorteio levado a acabo pelos “Jogos San-
ta Casa”. A vencedora do concurso “Euromi-
lhões – a criar Excêntricos” ganhou a possibi-
lidade de navegar na “Sagres”, realizando o
trajecto entre as cidades de Callao e Guaya-
quil. Rapidamente enquadrada no “espírito
da Barca”, a sua presença a bordo revitali-
zou o quotidiano. A guarnição não perdeu a
oportunidade de saber notícias, de um cada
vez mais longínquo Portugal. Todos aprovei-
taram a oportunidade de conversar com um
contemporâneo, que não pertence à guarni-
ção e que inerentemente, possa abordar te-
mas novos, distintos da cultura naval.
É irónico constatar, que esta embaixa-
da itinerante, que tem por missão visitar as
comunidades portuguesas, também esteja
sofrendo deste estado de espírito bem por- nas imediações do centro da cidade. Em de Samborondon e a festa organizada pela
tuguês, a Saudade. Valley Port, partilhámos o cais com o na- Comunidade Portuguesa em Guayaquil.
A 7 de Maio começamos a subir o estuá- vio colombiano e holandês, o “Glória” e o
rio do rio Guayas, o maior rio sul-america- “Europa”, respectivamente. A “Sagres” era o O primeiro foi realizado no Parque Históri-
no a desaguar no Oceano Pacifico. A densa maior veleiro atracado na cidade, uma vez co de Guayaquil, uma reserva natural dotada
vegetação que caracteriza as suas margens que os veleiros de maiores dimensões, o “El de uma beleza extraordinária. Neste parque
e as águas castanhas da cor da terra fazem Cano”, o “Esmeralda” e a “Libertad”, (na- natural muito bem organizado é possível ob-
lembrar o ambiente amazónico. Após al- vios-escola das Armadas espanholas, chi- servar vários animais exóticos inseridos no
gumas horas de navegação, onde nos cru- lena e argentina), tiveram que atracar num seu habitat natural. Os papagaios de cores
zámos com as mais variadas formas de ar- porto bastante afastado da cidade. extravagantes, as preguiças, os crocodilos
quitectura naval, a flora tropical começou a Na etapa equatoriana do festival náutico, fizeram as delícias dos fotógrafos. Para nós,
transformar-se nas construções do homem, intitulada “Guayaquil a toda aVela”, a nossa constituiu-se como uma oportunidade única
sobretudo indústria pesqueira e constru- guarnição empenhou-se em diversos even- de conhecer a singular fauna e a flora deste
ção naval. tos programados pela organização: visitas, país. Na área do parque reservada à repro-
A cidade de Guayaquil estende-se por vá- recepções, cerimónias militares e a habitual dução urbanística de Guayaquil do final do
rios quilómetros ao longo da margem. Ao “crew parade”. século dezanove, os edifícios centenários
longo dos seus passeios e jardins ribeirinhos De todos os eventos, salientamos dois, serviram de cenário a uma mostra da cultu-
esperava-nos uma multidão ansiosa, seriam que nos ficaram especialmente na memó- ra equatoriana. A dança executada com os
milhares de pessoas, empoleiradas um pou- ria: a recepção preparada pelo Município trajes tradicionais abriu o palco, que logo de
co por todo o lado, acenando seguida foi pisado por um “cantante” local.
e recebendo calorosamente
os visitantes. Esta horda en- Este presenteou a plateia com
tusiasmada observava atenta- um cancioneiro de música
mente a manobra dos grandes popular equatoriana. Por fim,
veleiros, que desfilaram alti- decorreu um buffet que pre-
vamente. A formação naval tendia degustar a gastronomia
liderada pelo navio da casa, destas paragens.
(que recebeu o nome do rio
onde nos encontrávamos a O segundo evento, apesar
navegar), prestou honras mi- de menos opulento, terá cer-
litares ao Presidente da Re- tamente um lugar especial nas
pública que se encontrava a nossas recordações futuras. A
bordo de um navio de guerra Casa de Portugal no Equador
da Marinha equatoriana, fun- uniu-se e realizou uma festa
deada no meio do rio. em honra da “Sagres”.
Após o desfile dirigimo-nos
ao nosso cais de atracação O navio com Pano Latino. Esta respeitada comunida-
de portuguesa do Equador
cresceu nos anos cinquenta
em torno do sector da pes-
ca do camarão. Os primeiros
10 JULHO 2010 • Revista da aRmada