Page 9 - Revista da Armada
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e Sr. Karl-Heinz Kahl, Gestor do Projecto ço, que a levaria para bordo.
nomeado pela HDW. E foi ao som da “Marcha dos Marinheiros”
Curiosamente este acto realiza-se preci- que a guarnição do N.R.P. “Tridente” marchou
samente cem anos decorridos sobre outro, para bordo, apoderando-se daquele que pas-
de vital importância para a história da Arma saria a ser o “seu” navio.
Submarina em Portugal: a 17 de Junho de
1910, sendo Ministro da Marinha João de O último a entrar seria o Comandante, rece-
Azevedo Coutinho, é assinado o contrato bido à prancha com as honras devidas. Então,
de aquisição do submarino “Espadarte”, o com todos perfilados e ao som de “A Portugue-
primeiro da nossa Marinha. sa”, militares saudando conforme prescreve a
Ordenança, foi pela primeira vez içada a Ban-
Concluídas as assinaturas, o ALM CEMA deira Nacional, na torre e a ré, acompanhada
discursaria. pelo jaque e pela flâmula, significando que o
navio está Armado e tem Comandante.
Referindo o orgulho e a satisfação por par-
tilhar com todos os presentes o momento de Eram 16.47 (hora local), 15.47 em Lisboa,
entrada ao serviço da primeira unidade da quando a Bandeira Nacional pela primeira vez
classe “Tridente”, salientaria a importância do desfraldou a bordo do N.R.P. “Tridente”!
facto na renovação das capacidades da nossa
Marinha, aumentando a sua capacidade para, Assim terminava uma cerimónia simples no
em conjunto com os países nossos aliados, seu aparato, mas profunda e sentida no seu sig-
assumir a sua quota-parte na resposta a dar nificado: a Armada tinha de novo submarinos
aos desafios colocados à segurança global, ao seu serviço, após um pequeno interregno de
permitindo aumentar as capacidades para ex- quase meio ano, meio ano apenas num histo-
pandir a possibilidade do país, vigiar o espaço rial de quase 98 de serviço ininterrupto.
marítimo e manter seguras as nossas águas.
O “Tridente”, diria, é um elemento chave na Seguir-se-ia um pequeno beberete oferecido
construção de uma Marinha equilibrada, ca- pela HDW, findo o qual o ALM CEMA e ou-
paz e tecnologicamente avançada. tros convidados visitaram, pela primeira vez,
a novel Unidade Naval.
Após algumas palavras de apreço ao Con-
sórcio a aos elementos que integram a Dele- Durante a sua visita o ALM CEMA exorta-
gação de Inspecção do Estado Português (Por- ria uma vez mais a guarnição; teve depois a
tuguese Navy Inspection Delegation – PNID), oportunidade de assinar o Livro de Honra de
terminaria com as seguintes palavras dirigidas bordo, sendo-lhe ofertado um escudete com
especialmente à guarnição: “(…)Guarnição o símbolo heráldico do navio.
do N.R.P. “Tridente”! Concretizamos hoje,
com a recepção provisória do submarino“Tri- O orgulho e a satisfação espelhavam-se no
dente”,uma importante etapa na moderniza- semblante da sua guarnição; para trás ficavam
ção da Marinha,contra muitos e,em particu- mais de três anos de acções de formação di-
lar,contra todos os que não compreenderam, versas e de treino intenso; três anos também
ou não querem compreender, a importância de sacrifícios e entrega, de ausência do seio
da capacidade submarina para Portugal. dos seus.
Grandes responsabilidades caem sobre O futuro reserva-lhes, no imediato, a par-
nós, mas porque os conheço e sei que são ticipação nas actividades de “outfitting” final
excelentes profissionais,com uma dedicação do navio, a recepção, conferência e estiva do
sem par e um profundo espírito de missão, material de bordo, muito dele já em posse da
estou confiante no futuro. PNID, a preparação do navio para a sua via-
gem inaugural rumo à Base Naval de Lisboa
Não tenho dúvidas que o N.R.P. “Triden- e algum treino próprio para refrescamento de
te” arvorando orgulhoso a bandeira de Por- conhecimentos e procedimentos.
tugal e a insígnia da Marinha irá cumprir a
sua missão,com o sucesso de quem acredita Ainda a realização de algumas provas no
na nobre missão de servir Portugal no Mar. Mar – durante o trânsito, a realizar na zona do
Skagerrak e o navio e a sua guarnição ficam, fi-
Commander Frutuoso,I am confident that nalmente, disponíveis para cumprir as Missões
you and your crew will accomplish your du- e as Tarefas que a Marinha entender por bem
ties brilliantly, serving the Navy and Portugal deles exigir, ao serviço da Nação.
at sea. Fair winds and following seas!”.
Findo o discurso, o 1TEN Taveira Pinto,
oficial da guarnição, lê, sequencialmente, (Colaboração da DELEGAÇÃO DA MISSÃO EM KIEL)
a Portaria que aumenta o navio ao Efectivo
dos Navios da Armada e a Portaria em que Fotos: Gabinete de Imagem
o CTEN Salgueiro Frutuoso é nomeado Co-
mandante da nova unidade, a mais recente Notas
da Armada, que a partir daquele momento 1 Posto equivalente ao de Contra-almirante.
se passa a designar N.R.P. “Tridente”. 2 Designação oficial da Marinha de Guerra Alemã;
Seguir-se-ia o momento de profundo sig- “Bundesmarine”, que traduzindo literalmente significa
nificado para todos os presentes, sem dúvi- “Marinha da Liga”, entendendo-se esta como o conjunto
da o clímax para aquela guarnição perfilada de Estados que formam a Federação Alemã.
ao Sol: a entrega da Bandeira Nacional pelo
ALM CEMA ao Comandante do navio, que 3 Por Consórcio entenda-se o “German Submarine
prontamente a entregou ao pelotão formado Consortium”, entidade com a qual foi contratado o forne-
pelo pessoal detalhado para entrar de servi- cimento das unidades da classe “Tridente”, então constitu-
ído pelos estaleiros HDW, Nordseewerke (sito em Emden,
entretanto encerrado) e pela MAN-Ferrostaal.
4 O CALM Maltzan referiria que só quatro anos após a
entrada ao serviço da 1ª unidade da classe “212” a “Bun-
desmarine” considerou poder retirar todo o proveito ope-
racional destas unidades. Aliás, refira-se que apenas no
passado ano de 2009 uma unidade desta classe partici-
paria num exercício NATO.
Revista da aRmada • juLho 2010 9