Page 8 - Revista da Armada
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Marinha tem de novo
submarinos ao seu serviço

A entrega do N.R.P. “Tridente”

dois dias antes, expectantes, nervosos,           das unidades desta nova classe, detentoras
        tinham deixado os seus e viajado em       de características que as colocam entre as
        direcção ao norte da Alemanha.            mais avançadas do Mundo.
  Pela frente uma tarefa e uma responsabili-
dade que, apesar de habituados às exigências        Continuaria depois tecendo alguns consi-
e circunstancialismos próprios das diversas       derandos sobre a importância do Mar para
missões que todos eles já tinham executado,       Portugal, referindo o seu papel central na
se agigantava à medida que se aproximava o        construção da sua identidade e afirmação
momento da sua concretização: receberem,          no Mundo.
em nome da Marinha de Guerra Portuguesa e
do Estado Português, aquele que no inventá-         Abordaria ainda as relações de coope-
rio dos navios ao serviço da Briosa, seria de-    ração e colaboração estabelecidas entre o
signado como Navio da República Portuguesa        Consórcio3 e a Marinha de Guerra Portu-
(N.R.P.) “Tridente”.                              guesa, apontando-as como um dos factores
                                                  decisivos para o sucesso do Projecto.
  Não se conseguirá traduzir em palavras a tor-
rente de sentimentos e expectativas que ocu-        Por último dirigiria palavras especialmen-
pava as suas mentes mas ali estavam, após dia     te dedicadas à guarnição e ao navio: “(…)
e meio de intenso e exigente treino, perfilados,  Deus abençoe o navio e a sua guarnição.
com aprumo e galhardia, ansiosos por toma-        Desejamos-lhes que cumpram viagens se-
rem posse do navio - aquele mesmo navio em        guras e que os regressos ao porto sejam
que tinham treinado a cais e no mar durante       sempre felizes. Possa o “Tridente” navegar
nove exigentes semanas, findas as quais já o      por largos anos!”
consideravam secretamente como lhes perten-
cendo – e que seria a sua segunda casa, aque-       A seguir discursou o CALM von Maltzan,
la onde passariam a cumprir o seu mester de       que referiria a importância da Arma Subma-
Homens do Mar.                                    rina no actual contexto estratégico interna-
                                                  cional face à tendência de crescente dispu-
  Aproximava-se, para estes homens a hora         ta pelos recursos naturais; referiria ainda a
do clímax mas, entretanto, havia que cumprir      desafio do passo que a Marinha Portugue-
o cerimonial protocolar associado à entrega       sa dava ao tomar posse desta classe, dando
do navio ao Estado Português.                     como exemplo o processo de adaptação e
                                                  o esforço dispendido pela “Bundesmarine”
  A banda da Polícia do Estado de Schleswig-      até conseguir explorar cabalmente todas as
-Holstein – que tocaria todos os trechos mu-      potencialidades das unidades da 1ª série da
sicais escutados durante a cerimónia – tocava     classe “212”4.
já os primeiros acordes; chegavam os primei-
ros convidados, referia-se o garbo daquela          A bordo do navio, três elementos da guar-
guarnição perfilada sob o Sol quente de Ju-       nição da HDW; no cais, perfilado em frente
nho, algo amenizado pela ligeira brisa que ia     ao futuro Comandante do navio, CTEN Sal-
soprando.                                         gueiro Frutuoso, o Comandante Christian
                                                  Schütz, comandante da guarnição do esta-
  Batiam as 16.00 horas em Kiel, chegavam         leiro que nos últimos meses teve a respon-
as entidades participantes na cerimónia. Desta-   sabilidade de conduzir as navegações da
cam-se, pela sua importância protocolar:          construção nº 383 (designação do estaleiro
                                                  para o “Tridente”).
  - Almirante Melo Gomes, Chefe do Estado-
-Maior da Armada e representante do Ministro        Ouvem-se os acordes iniciais do Hino
da Defesa Nacional;                               Nacional da República Federal Alemã; a as-
                                                  sistência levanta-se, os militares prestam as
  - Dr.Albuquerque Moniz, Ministro-conselhei-     honras da “praxe”; na torre do submarino é
ro da Embaixada de Portugal na Alemanha;          arriada a Bandeira Nacional alemã.

  - Flotillenadmiral1 von Maltzan, Comandan-        Terminado o hino, os três elementos que
te Naval Alemão, em representação da “Bun-        a bordo se encontravam trazem a bandeira
desmarine”2;                                      até ao Comandante Schütz, a quem a en-
                                                  tregam.
  - Dr. António Alves de Carvalho, Cônsul-ge-
ral de Portugal em Hamburgo.                        Está dado o sinal para que se inicie o
                                                  acto protocolar em que o Estado Português
  O primeiro discurso da cerimónia seria pro-     recebe formal e oficialmente a construção
ferido pelo Sr. Andreas Burmester, membro         nº 383; esta aceitação, que em termos con-
do Conselho de Administração do “Howal-           tratuais é ainda provisória – como bem o
dtswerke-Deutsche Werft” (HDW).                   referiria o ALM CEMA na sua alocução –,
                                                  consubstancia-se na assinatura do Proto-
  Após cumprimentar e agradecer a presença        colo de Aceitação pelo ALM CEMA, em re-
dos convidados iniciaria a sua alocução refe-     presentação do Estado Português, e pelos
rindo a quase centenária tradição submarina       representantes do Consórcio, Sr. Burmester
da Marinha de Guerra Portuguesa que, consi-
derou, se perpetuará com a entrada ao serviço

8 juLho 2010 • Revista da aRmada
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