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Viagens de Instrução da Escola Naval – 2010
Aformação dos futuros oficiais da Ma- numa busca ao longo da costa, permitindo rida uma alocução evocativa do Infante, con-
rinha teve sempre duas componentes aos cadetes aperceberem-se de uma das mis- tinuando os navios a sua navegação costeira
distintas. Por um lado, uma formação sões principais desta classe de navios. Essa até ao fundeadouro da Culatra. Antes do final
de índole mais teórica, através da qual se acção prosseguiu com os navios fundeados do dia os navios navegaram até ao limite do
transmitem os conceitos científicos e técni- junto à Figueira da Foz. Terminada esta, os mar territorial na foz do Guadiana, cumprin-
cos, referentes às diferentes áreas do conhe- navios entraram no porto desta cidade, na do assim este périplo pelas águas nacionais
cimento que se considera que os oficiais de manhã do dia 21 de Junho. do Continente. Durante a noite os navios go-
Marinha devem dominar. Por outro lado, a vernaram para Oeste, tendo entrado o porto
transmissão de procedimentos e técnicas de Após esta primeira escala de uma noite, os de Portimão na manhã do dia 27 de Julho,
cariz prático, necessários para o desempenho navios efectuaram nova navegação costeira até efectuando a sua última escala.
das tarefas exigidas aos oficiais. ao limite norte do mar territorial, iniciando a
singradura para sul. Face às condicionantes do No dia 28 novo desafio, tendo os navios
Enquanto que a componente teórica é es- serviço SAR, a força dividiu-se junto à foz do sido atribuídos a uma missão especial no
sencialmente transmitida nos bancos da Es- Douro, tendo a João Roby entrado aquela bar- Dia Nacional da Conservação da Natureza,
cola Naval, a prática é complementada pelos ra no dia 22 de Junho, próximo da preia-mar, a devolução de duas tartarugas ao mar. Após
embarques de fim-de-semana; pelos estágios para atracar no cais de Gaia, enquanto a Afonso uma fase de reabilitação no Zoomarine, foi
de final de curso, tanto a bordo como nas es- Cerqueira atracava em Leixões. solicitado à Marinha o apoio para esta acção.
colas e centros de formação da Marinha; e pe- Embarcaram para o efeito o Vice-almirante
las viagens de instrução. Estas últimas decor- Esta atracação num lugar pouco comum Comandante Naval, o Secretário de Estado
rem geralmente noVerão, entre anos lectivos. veio trazer algum alento a esta viagem, per- da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar,
Em cada uma dessas viagens é dado maior re- mitindo mesmo a abertura do navio a visi- o Secretário de Estado do Ambiente, bem
alce a determinadas matérias cujos conteúdos tas, onde sem nenhuma divulgação prévia como diversas entidades do Algarve e órgãos
foram abordados durante o ano lectivo ante- e num período de apenas 4 horas, à tarde, de comunicação social que efectuaram a co-
rior. Em todas elas, os cadetes desempenham o navio recebeu 328 visitantes, permitindo bertura do evento, com a libertação das tar-
funções de adjuntos aos oficiais de quarto e aos cadetes de serviço orgulharem-se da sua tarugas «Hope» e «Hercules» 12 milhas a sul
de serviço, participam nos serviços farda branca.
e nas fainas. Além disso, são integra- de Portimão.
dos em actividades de instrução, de Na tarde de domingo dia 25, aproveitando Os navios atracaram na Base Na-
cariz essencialmente prático, sendo de novo a preia-mar, a João Roby saiu o Dou-
também sujeitos a avaliação de co- ro, com bastante gente nas margens, encon- val de Lisboa no dia 30 de Julho.
nhecimentos. Neste texto, pretende- trando-se com a Afonso Cerqueira, iniciando Concluiu-se assim a viagem de
-se apresentar uma breve descrição uma navegação costeira entre as 3 e 6 milhas instrução, com um programa bas-
do modo como decorreu cada uma da costa até aos mares algarvios. tante intenso, apesar da sua curta
dessas viagens. duração.
Com a passagem pelo promontório de Sa-
Curso gres cumpriu-se a tradição, tendo sido profe- Curso «Padre Fernando
«Contra-almirante oliveira» - 2º ano
leotte do rego» - 1º ano
Decorreu entre os dias 9 de Junho
A viagem de instrução dos ca- e 26 de Agosto a viagem de Instru-
detes do 1º ano da Escola Naval ção dos cadetes do curso «Padre
decorreu entre 19 e 30 de Julho, Fernando Oliveira». Transportados
a bordo das corvetas João Roby e de avião até San Diego, os Cadetes
Afonso Cerqueira, comandadas pe- apresentaram-se ao Comandante
los CTEN Alcobia Portugal e Gon- da Sagres, CFR Proença Mendes e
çalves Vigário, respectivamente. tomaram parte das celebrações do
Os 63 cadetes do curso «Contra- Dia de Portugal e das Comunidades
-almirante Leotte do Rego» foram Lusófonas.
divididos pelos dois navios. Dos
objectivos previstos nas instruções Recebidos por uma guarnição
para as viagens do 1º ano, destaca- experimentada e já com seis meses
se a prática de navegação costeira, de mar, numa viagem de circum-
a adaptação à vida a bordo e o co- navegação, era desde logo clara a
nhecimento da organização e fun- necessidade de adaptação a con-
cionamento das unidades navais. dições tão dispares de tudo o resto,
As corvetas, que garantiram o ser- bem como ao próprio mar e ineren-
viço de Search and Rescue (SAR) à te vida de marinheiro. Içando pano
área do continente naquele perío- no dia 13 de Junho, assim começa-
do, mostraram-se unidades navais perfeita- va uma jornada de 18 dias até Ho-
mente adequadas. nolulu, Havai.
O primeiro dia foi dedicado à integração Os primeiros dias de mar come-
e adaptação aos navios, facto que contribuiu çaram agitados e anormalmente frios. Entre
para o sucesso desta viagem. Ainda antes do quartos à ponte, briefings, serviços nas sec-
final desse dia, tornou-se necessário acorrer ções do respectivo mastro, como convém à
a uma acção SAR. Tal levou os navios para a mente jovem, o pensamento estava por certo
área do cabo Mondego onde colaboraram ocupado e o físico era devidamente solicita-
do. Vencidas as primeiras dificuldades, era
momento de se realizar a primeira subida aos
mastros por parte dos cadetes, tendo como di-
RevistA dA ARmAdA • SETEMBRO/OUTUBRO 2010 13