Page 15 - Revista da Armada
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Curso «Comandante nunes tribuiu para o enriquecimento da experiência Navais, integrada no habitual Cruzeiro deVe-
ribeiro» - 4º ano e formação. rão. Como objectivos: a adaptação à vida a
bordo, a prática da navegação costeira e em
Teve início no passado dia 30 de Abril a via- Após conclusão do exercício, foi feito o águas restritas, a aplicação de conhecimentos
gem de instrução dos cadetes do curso «Co- trânsito para Portimão, que ficou marca- de navegação, marinharia e manobra através
mandante Nunes Ribeiro», na fragata Corte do pela oportunidade de atracar um dia na da coordenação de fainas de mastros, de atra-
Real e na corveta João Roby. Os navios par- BNL, permitindo retemperar forças a meio cação e largada e todas as restantes activida-
ticiparam no “European Cadet Training – Co- da viagem. Na tentativa de colmatar em par- des de bordo. Enquanto atracados, os cadetes
lombus 2010” (ECT10), que teve lugar no Mar te a ausência da Corte-Real, foi empenhada realizaram várias palestras na área da saúde e
do Norte, no período de 10 a 17 a Vasco da Gama na viagem de instrução,
de Maio e nas comemorações do bem estar, tais como Suporte Bási-
Dia da Marinha, em Portimão, no permitindo o embarque de 10 cadetes apesar co de Vida, Medicina Hiperbárica
período de 21 a 23 de Maio. de o navio se encontrar em período de trei- e outros assuntos do interesse geral
no e avaliação. para a guarnição.
Esta viagem teve como objecti-
vo a aplicação de conhecimento A participação nas cerimónias comemorati- Após largar do Alfeite, navegou-
de natureza técnico-naval e mi- vas do dia da Marinha possibilitou a oportuni- -se para Norte e praticou Peniche
litar num ambiente de operações dade de contactar com os preparativos a bordo, como primeiro porto de escala. No
navais e de navegação em com- diferentes da mera participação na cerimónia dia seguinte fundeou nas Berlen-
panhia. Embarcaram 20 cadetes em terra. Estes envolvem a coordenação dos gas, para uma visita à ilha, ao for-
na Corte-Real e 16 na João Roby. vários navios aos mais diversos níveis. te e farol. Na madrugada seguin-
O programa de exercício con- te suspendeu e navegando à vela
templou o treino em diversas dis- Foi portanto com um sentimento de mis- para Sines, realizando a maior tira-
ciplinas convencionais das ope- são cumprida que os navios atracaram no dia da da missão, 94 milhas. Durante
rações assim como no combate 28 de Maio, devolvendo a terra cadetes, um o tempo de permanência em Sines
às ameaças assimétricas, incluí- pouco mais marinheiros do que aqueles que como nos demais portos, realiza-
do operação de RAS com o reabastecedor começaram a viagem, com uma percepção ram-se diversas actividades cultu-
francês “Marne”. bastante diferente, enriquecida por um vasto rais, desportivas e de lazer, de entre as quais
conjunto de experiências proporcionadas por se destacam visitas a locais de interesse como
Após esta primeira semana, vivia-se um cli- um mês a navegar. faróis, belezas naturais, desporto, designada-
ma de satisfação, pois não obstante o cansa- mente torneio de voleibol de praia.
ço inerente à adaptação a um ritmo diferente Revelou-se uma experiência bastante com- A partir do dia 13, navegou-se para Sul,
do académico, sentia-se uma clara evolução pleta, que permitiu o treino em diversas áreas, em direcção à costa algarvia. Aí foram pra-
quanto à percepção dos diversos preparati- bem como lições aprendidas decorrentes das ticados diversos portos e fundeadouros:
vos e funções a desempenhar para garantir surpresas da missão. Portimão,realce-se a particularidade de ter
o sucesso do exercício que se antevia. Esta atracado “à Mediterrâneo”, diferente daquelas
fase culminou com a atracação no porto de Viagem de instrução Cadetes até então efectuadas. Já a navegar para norte,
Hamburgo que se encontrava em plena fes- médiCos naVais é de assinalar à passagem junto à Ponta de Sa-
ta, a “Hafengeburtstag”, comemorando-se o gres, onde foi feita a leitura de uma alocução,
221º aniversário do porto. No período de 9 a 27 de Agosto realizou- realizada e lida pelos cadetes, alusiva ao local
-se a bordo do veleiro Blaus VII a viagem de e ao Infante D. Henrique.
Hamburgo revelou-se uma cidade próspera instrução dos cadetes da classe de Médicos Depois de uma breve estadia em Sines,
com bastantes locais interessantes para visitar, praticou Cascais para, nessa noite ter lugar a
para os mais variados gostos e interesses. É de bordo, um jantar de fim da viagem, com um
salientar que tem a mais antiga comunidade simbolismo especial, uma vez que para além
portuguesa na Alemanha, que manteve uma de celebrar o término da viagem, significava
presença constante nas visitas a bordo. Além também o cumprimento daquela que seria a
disso existem diversos restaurantes portugue- última missão do Comandante e do Imediato
ses em que as guarnições de dos navios tive- a bordo do veleiro.
ram o prazer de jantar. Segundo os cadetes, finda esta viagem fica
o sentimento de missão cumprida, e o balan-
Por infortúnio, uma avaria na Corte-Real, ço da viagem foi bastante positivo, decorrido
obrigou a um regresso antecipado do navio num ambiente de aprendizagem contínua,
a Lisboa, tendo todos os cadetes embarcado profissionalismo e sentido de responsabilida-
na João Roby, o que foi uma lição bastante de bem como alguns momentos de descon-
valiosa, uma vez que permitiu viver a neces- tracção e divertimento, estreitan-
sidade de cumprir a missão em condições do as relações e criando espírito
menos favoráveis e eventualmente de entreajuda, camaradagem e
menos motivantes. respeito que permitiram que a na-
vegação tenha ficado na memória
O exercício «ECT – Colombus de todos. Deste modo, valoriza-se
2010» foi uma experiência me- e aprecia-se grandemente a elabo-
morável, tendo consistido numa ração destas viagens a bordo dos
realidade totalmente nova para veleiros, não só pelo papel fulcral
os cadetes, que tiveram pela pri- que desempenham na formação
meira vez oportunidade de na- militar-naval e também pelas ex-
vegar numa força multinacional periências únicas proporcionadas
tendo à disposição meios aéreos, aos cadetes que participam nos
o que foi sem dúvida alguma bas- Cruzeiros de Páscoa e de Verão.
tante marcante. Foi também uma
oportunidade para alguns cadetes
embarcarem a bordo de navios de
outras marinhas, conhecendo as- (Colaboração da ESCOLA NAVAL)
sim outras realidades, o que con-
Revista da aRmada • SETEMBRO/OUTUBRO 2010 15