Page 14 - Revista da Armada
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ficuldades a ondulação e o vento que se fazia comum na agenda teve que se equacionar a Para o cumprimento desta missão, a Cor-
sentir. De realçar o facto de o vento favorável preparação para os testes finais de avaliação, te-Real, comandada pelo CFR Silva Pereira,
ter permitido fazer toda esta tirada navegando sendo de igual forma ambos superados com para além dos seus 183 militares da guarnição
sempre à vela. notas satisfatórias por todos os Cadetes. e helicóptero orgânico, embarcou 34 Cadetes,
6 dos quais oriundos dos PALOP, acompanha-
Como o céu na primeira quinzena perma- Contrariamente a todos os indícios, a ulti- dos pelo Director de Instrução e Comandante
necia forrado, só depois de passada esta foi ma tirada, desde a Coreia do Sul até à China de Companhia. No âmbito da «Iniciativa Mar
possível começar a fazer observações astro- foi um redobrar de esforços! Como aí tive- Aberto 2010», embarcou um reforço de 13
nómicas, com regularidade. Trata-se de uma ram lugar as ultimas actividades como nave- fuzileiros, 2 agentes da Polícia Marítima e di-
arte secular que ainda é mantida e aperfeiçoa- gações, briefings e demais trabalhos, então a versos meios de projecção anfíbia.
da a bordo da Sagres. O ponto astronómico vontade de deixar uma ainda melhor imagem
determina-se com recurso à observação da prevaleceu. Durante os 27 dias de missão, 20 dias foram
passagem meridiana do Sol e pela observação passados nas límpidas águas do Arquipélago
de estrelas no período crepuscular. Com a EXPO 2010 a decorrer em Xangai, de Cabo Verde, local onde a Corte-Real per-
Portugal ganhou assim duas frentes de exposi- maneceu de 2 até 20 de Julho. Neste período,
Como sempre, a Sagres foi recebida no Ha- ção num país tão distante como a China. Por cadetes e militares do navio participaram, no
vai, por entusiasmados luso-descendentes, um lado um gigantesco pavilhão e a inexpug- dia 5 de Julho, nas Comemorações dos 550
atentos meios de comunicação e reverencia- nável Sagres, por seu turno, aberta a visitas na anos da Descoberta de Cabo Verde e na ce-
das autoridades locais. zona nobre da cidade. lebração do 35º aniversário da sua Indepen-
dência Nacional. Foram momentos de grande
À medida que se familiarizaram com o na- Com o regresso de avião a Portugal no pas- honra e simbolismo, tanto para Cabo-verdia-
vio, este abriu as suas extensas páginas do li- sado dia vinte e seis de Agosto, terminou a nos, como para os Portugueses presentes, que
vro da Tradição Naval e mostrou aos jovens Viagem de Instrução do Curso «Padre Fernan- contaram com a ilustre presença de Sua Exce-
Cadetes e futuros Oficiais da Armada como do Oliveira». Uma viagem à volta do mundo, lência o Presidente da República Portuguesa,
lidar com factores humanos, com condicio- em quase oitenta dias, mas mais que viagem Prof. Aníbal Cavaco Silva e esposa.
nantes da natureza e como ultrapassar obstá- à volta do mundo, a viagem à volta do co-
culos com vista à realização da Missão. nhecimento, da experiência lusa na arte de A viagem de Instrução dos Cadetes do Cur-
navegar e de sobremaneira a viagem da vida so «D. Rodrigo de Sousa Coutinho» teve como
Assim, após mais dezanove dias de navega- daqueles que dela parcialmente ou no seu mais-valia importante, o facto de ter decorri-
ção, o navio atracava emYokohama, sendo de todo, tomaram parte! do a bordo de uma fragata operacional, que
tal forma notada a presença portuguesa que lhes permitiu contactar com um vasto núme-
até a fragata que estava atracada no cais adja- Curso «D. roDrigo De sousa ro de meios materiais e humanos, altamente
cente ao da Sagres, quando na hora de arrear Coutinho» - 3º ano especializados. A realização desta viagem em
a bandeira, tocava o Hino de Portugal e só de- paralelo com a «Iniciativa Mar Aberto 2010»
pois ao som de clarim procediam ao arriar da Entre 28 de Junho e 24 de Julho de 2010, a veio naturalmente introduzir alguns condicio-
bandeira nipónica. A partir deste porto, e no fragata Corte-Real realizou a viagem de Instru- nantes, no entanto, revelou-se bastante positi-
sentido de ir de encontro às necessidades de ção dos Cadetes do 3º ano da Escola Naval e va, pelo facto de permitir aos cadetes tomarem
abertura linguística, os briefings passariam a participou, paralelamente, na «Iniciativa Mar contacto com a utilização do navio em situa-
ser preparados e apresentados em inglês. Aberto 2010», missão militar de apoio à polí- ção real de operações navais, contando ainda
tica externa do Estado.
Depois de uma breve estadia de meras com a participação no exercício
horas em Tanegashima, seguiu-se o porto de «Garça 2010».
Nagasáqui. Tratando de assinalar
a chegada de Portugal às «terras Em conclusão, pode-se afir-
de Sol Nascente» como o primei- mar que a viagem de Instrução
ro povo ocidental, bem como os dos Cadetes do Curso «D. Rodri-
150 anos de cooperação comer- go de Sousa Coutinho», a bordo
cial entre Portugal e Japão, as so- da fragata Corte-Real, revelou-se
lenidades sucediam-se num corro- bastante positiva, permitindo aos
pio de azafamadas demonstrações cadetes adquirir experiências e
de gratidão e promessas de redo- perícias, que mais tarde lhe serão
brada cooperação. Aproveitava-se úteis como Oficiais da Armada. O
assim o papel de “Flutuante Em- contacto com a marinha, o povo e
baixada” de Portugal, pela quarta a cultura Cabo-verdiana foi, tam-
vez no Japão. bém, bastante enriquecedor. O seu
espírito de marinheiros saiu bem
Durante a tirada do Japão para a mais reforçado!
Coreia do Sul o ritmo de trabalho
intensificou-se. Além do trabalho
14 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 • Revista da aRmada