Page 25 - Revista da Armada
P. 25
recompensa pelos serviços prestados a de Desde fins do século XIX era intenção da Vários foram os obstáculos que o Almi-
maior significado. Marinha transferir o velho Arsenal da Ri- rante teve que superar, desde a resistência
Resiste então a permanentes pressões beira das Naus para a margem sul do Tejo. por parte dos arsenalistas em serem trans-
para enveredar pela política, meio em Razões várias, especialmente derivadas da feridos do centro da capital para a isolada e
que dispunha de total confiança, como é complexa situação política da época aliada distante Quinta doAlfeite, até às sequelas da
provado quando das suas nomeações,
em Junho de 1911 para deputado à As- guerra recém terminada e à permanente
sembleia Constituinte pelo círculo de instabilidade política. Logo em Junho de
Lisboa, por imposição do Directório 1922 requere ao Ministro da Marinha a
Republicano e em Agosto para o Sena- sua exoneração, já que sente uma certa in-
do do Congresso da República, quando decisão do Governo em concretizar o pro-
da criação desta Câmara. A sua acção. jecto. Esta solicitação não lhe é satisfeita
nas duas Câmaras fez-se notar exclusiva- reiterando o Ministro a sua total confian-
mente nas comissões parlamentares para ça e apoio. Os problemas vão sendo resol-
que foi eleito, sendo sua preocupação máxi- vidos perante a perseverança e determi-
ma o desenvolvimento da Marinha. Esta nação do Presidente da Junta que, com a
opção será firme durante todo o resto atribuição das reparações de guerra por
da sua vida. parte da Alemanha, consegue, em 1927,
Em Janeiro de 1913 é nomeado para a abertura de um concurso internacional
a Comissão encarregada de estudar a para a construção do Arsenal do Alfeite,
reorganização da Escola de Torpedos obra que vai superintender.
e Electricidade e em Março é louvado
pela muita competência e dedicação que Em Junho de 1928 é exonerado do
manifestou no desempenho do cargo que cargo a seu pedido, deixando nessa
lhe foi cometido. data a efectividade do serviço. Tinham
A partir desse mês tem a última co- sido oito anos de intensos trabalhos e
missão de embarque, é o seu quarto co- lutas constantes para que a transferên-
mando no mar – o do cruzador “Vasco cia do Arsenal se iniciasse. Foi de certo
da Gama”. Até ao fim de 1913 este navio com enorme satisfação que esteve pre-
com os cruzadores “Almirante Reis”, sente, quando da inauguração do seu
“Adamastor” e “S. Gabriel”, o contra- VALM Ladislau Parreira. Arsenal, em 3 de Maio de 1939, Dia da
Marinha.
torpedeiro “Douro” e dois torpedeiros a limitações de ordem financeira, tinham
constituem a Divisão Naval de Instrução inviabilizado este projecto que foi facili- Em 17 de Novembro de 1941 falecia
e Manobra que realiza vários exercícios, tado com a transferência para a Marinha, em Lisboa o Vice-Almirante António La-
quer em conjunto quer individuais, nos em 1918, das propriedades reais do Alfeite, dislau Parreira, notável herói da Repúbli-
mares do Continente e dos Arquipélagos também conhecidas pelas “Sete Quintas”, ca, injustamente um dos menos referidos.
da Madeira e dos Açores. por decreto do Presidente Sidónio Paes, Contrariamente ao que aconteceu com tan-
Em Dezembro de 1913 passa a prestar sendo Ministro da Marinha o Comandan- tos outros, repetidamente recusou usufruir
serviço na Majoria General da Armada, te Carlos da Maia. as amplas benesses que lhe foram ofere-
para em Março de 1915 ir comandar a Es- Foi então criada, em Janeiro de 1920, a cidas pelo novo regime. Secundarizando
cola Prática de Torpedos e Electricidade, Junta Autónoma das Obras do Novo Arse- a actividade política considerou sempre
onde se tinha especializado e exercido as nal da Marinha tendo em Fevereiro desse prioritária a sua carreira naval, servindo de
funções de instrutor. Posteriormente será ano assumido a respectiva presidência o um modo exemplar a Marinha, indepen-
nomeado Presidente da Comissão Técnica Vice-Almirante Ladislau Parreira, oficial- dentemente do sistema político vigente.
do Serviço de Electricidade e Torpedos. -general desde Agosto de 1917.
J. L. Leiria Pinto
CALM
ACADEMIA DE MARINHA
PLANEAMENTO DE SESSÕES
“a investigação Científica no espaço marítimo Português: diferentes perspectivas”: 3 NOv – Inauguração da Exposição de Artes Plásticas
6 OUt – “CIMAR” – Laboratório Associado: Procura do conhecimento e da “O Mar e Motivos Marítimos”
sustentabilidade do Oceano”: Prof. Doutor João Coimbra “da tomada de Goa aos nossos dias”:
12 OUt – “Instituto Hidrográfico: O conhecimento do mar no oceano de amanhã: 9 NOv – “Evocação histórica”
CMG EH Carlos Ventura Soares Prof. Doutor João Paulo Azevedo de Oliveira e Costa
Lançamento da obra Uma vida a sorrir do Comte dr. serra Brandão 16 NOv – “Goa em meados do séc. XX” – Profª Doutora Raquel Soeiro de Brito
7 OUt – “O Ensino do Direito Internacional Marítimo na Escola Naval” 23 NOv – “Goa depois de 1961”– CTEN Adelino Braz Rodrigues da Costa
4º seminário da secção Gestão e Ordenamento das actividades Litorâneas sob o
Comte Dr. Manuel Primo de Brito Limpo Serra tema “Potencialidades e recursos do espaço marítimo português”:
sessão solene “a República e a marinha”: 30 NOv – Prof. Doutor Henrique Souto – CMG RH Carlos Ventura Soares
19 OUt – “As comemorações do centenário da República” – Dr. Artur Santos Silva
– Prof. Doutor Fernando Barriga – Prof. Doutor Ricardo Serrão Santos
– “Os oficiais da Marinha e a República” – Prof. António Ventura – Alm. José Manuel Castanho Paes
– “A anarquia dos conceitos e a exigência da segurança” 7 deZ – “Os marinheiros na presidência da Sociedade de Geografia de Lisboa"
Prof. Cat. Luís Aires-Barros
Prof. Doutor Adriano Alves Moreira 14 deZ – “Revisitar as Comemorações Henriquinas – o importante papel da Armada”
2 NOv – “Os Sakalava de Madagascar em Moçambique – ataques às ilhas de
Dr. João Abel da Fonseca
Querimba e Terras firmes adjacentes, entre 1800-1817 e suas implicações”
Prof. Doutor Carlos Lopes Bento
Revista da aRmada • SETEMBRO/OUTUBRO 2010 25