Page 14 - Revista da Armada
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VEM ESTAGIAR NA MARINHA
Éeste o repto lançado pela Marinha Portuguesa aos estagiários. Basta clicar em www.marinha.pt ou googlar em “estágios na Marinha”
e tomar conhecimento das ”Normas Orientadoras para a realização de Estágios na Marinha” através do Despacho do Almirante
Chefe do Estado-Maior da Armada nº 63/05, de 26 de Outubro. Deste modo, a Marinha abre as suas portas à sociedade civil,
recebendo candidaturas a estágios curriculares e profissionais. As solicitações são dirigidas ao ALM CEMA e analisadas pela SSP/DSF,
mas, às vezes, tudo começa num e-mail, onde em poucas palavras se tenta saber da nossa disponibilidade em recebê-los.
Consciente da importância da cooperação institucional e da valia formativa resultante da colaboração entre as instituições académicas
e as profissionais, a Marinha tem acompanhado a realidade nacional no sentido de proporcionar a alunos do secundário e do ensino
superior a possibilidade de realizarem estágios, no âmbito dos respectivos cursos, contribuindo, deste modo, não só para a melhoria
contínua dos seus níveis de qualificação em contextos reais de trabalho, mediante o desenvolvimento de experiências formativas e
profissionais, mas também para a divulgação das regras, das boas práticas e do sentido de serviço público da Marinha no exterior.
Em 2010, a Marinha recebeu 108 estagiários, distribuídos por áreas de conhecimento tão diferentes como Enfermagem, Psicologia,
Relações Internacionais, Design e Multimédia, Informática, entre outras.
Mas quem são os nossos estagiários? Fomos ao seu encontro para conhecê-los. Numa época, em que já, ironicamente, se fala do
estatuto de estagiário e da profissão de estagiário, quisemos ultrapassar os aspectos burocráticos, ver quem estava do lado de lá de uma
carta de apresentação, de um CV…
Afinal, como se encaixa um aluno do secundário/estudante universitário num meio militar?
Mariana Santos, Catarina Martins, Sílvia Neves, 23 anos,
Filipa Henriques, Joana Firmo, Heitor Cardoso,
Teresa Lobo, Joana Guerreiro, 21 anos, 24 anos,
Licenciatura em Ciência Política Tânia Rosa, 33 anos
Estágio no Estado-Maior da Armada (EMA) Mestrado Integrado em Psicologia Clínica
Estágio Profissional/Curricular no Serviço de
Fotos: Júlio Tito Psicologia do Hospital de Marinha (HM)
Estudar o poder é terrivelmente delicioso!, quem o diz é a Catarina. A Fomos encontrá-los na reunião semanal de 5ª feira, que organizam
ideia de que os jovens estão cada vez mais desencantados e afastados para preparar a semana de trabalho. Os caminhos que percorreram
da política não encontra eco nestas quatro jovens, que também têm até chegar à Psicologia nem sempre foram os mais direitos,
em comum o voluntariado e a experiência associativa. cruzaram-se com Antropologia, Direito, Ciências Sociais, até alguém
um dia perguntar: O que é que te interessa saber? A resposta da Filipa
Estivemos com elas no dia da apresentação dos seus projectos. sintetiza a opinião de todos, Quero trabalhar com pessoas e para as pessoas.
Nervosas, claro, mas com ideias muito precisas quanto aos seus
trabalhos e o seu contributo para a instituição onde se encontram a Só o Heitor e a Sílvia são novatos no serviço, e a integração excedeu
estagiar. Apesar de ser o seu primeiro estágio, têm noção de que se as expectativas. Somos tratados como iguais. Há toda uma rede de apoio,
trata de um trabalho que permite evolução, como é o caso do projecto da não sentimos nunca que vamos cair.
Mariana “A Comunicação Estratégica da Marinha Portuguesa”, que
visa uma melhor gestão estratégica da imagem da instituição, e o da O Hospital é para todos uma instituição de referência, reconhecido
Teresa, que analisa “O Alto Custo do Baixo Investimento Militar”, pela qualidade dos estágios que proporciona e pela diversidade
num dado período histórico, e suas repercussões. de actividades, mas o mais importante é a grande dinâmica humana, de
companheirismo, reitera a Joana.
Já se fala há muito tempo da Marinha nos corredores do Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas: para além da tradição histórica, A integração dos estagiários no serviço é gradual e progressiva,
existe um protocolo entre as duas instituições dada a natureza dos já que a autonomia leva a uma maior responsabilização. A par desta
cursos. Mas se antes existia a ideia de que uma instituição militar era integração no serviço, há também a institucional, pois é importante para
uma organização rígida, impessoal, aquela depressa se desvaneceu, A entendermos o contexto onde os militares/pacientes estão inseridos, afirma a
postura é diferente, mas não é tão distante como aparenta, afirma a Joana. Tânia, por isso estivemos a bordo de uma fragata e de uma corveta.
Desde 2005 que existem estagiários no EMA. Para o Contra- A motivação, o empenhamento, a vontade de aprender e fazer
almirante Silva Ribeiro, a presença de estagiários foi uma das bem estampa-se-lhes nas palavras, no brilho com que falam do que
interpretações da Directiva de Política Naval do ALM CEMA de fazem.
abertura da Marinha à sociedade civil. Como deixou claro, Numa
sociedade democrática, as instituições têm responsabilidade civil. Os jovens Desde 1997 que o HM recebe estagiários, como é o caso da STEN
precisam de experiência para saírem mais valorizados para o mercado de Carolina Rodrigues, que iniciou um estágio curricular no HM e
trabalho. A sua passagem pela Marinha é uma forma de os valorizarmos e acabou por ingressar nos Quadros.
fomentar neles o conhecimento relativo às Forças Armadas.
A 1TEN TSN Sandra Henriques, coordenadora do Serviço de
14 ABRIL 2011 • REVISTA DA ARMADA Psicologia no HM, é também responsável por este ambiente onde as
relações humanas são privilegiadas, Isto é a nossa casa. Se vamos receber
as pessoas de fora, temos de as receber bem afirma. Mas não se confunda
este ambiente de uma certa familiaridade com facilitismo. Analisado
o curriculum e passada a entrevista de selecção, tudo é partilhado.
Nós vamos dar e eles têm de dar. Somos apologistas de investir na formação
e tirar partido dela.