Page 15 - Revista da Armada
P. 15
Ruben Rechena, 21 anos, Embora a sua “onda” seja o surf e a adrenalina lhe corra nas veias,
Licenciatura em Gestão e Sistemas de Informação tem os pés bem assentes na terra e com o Processo de Bolonha em
Raquel Ferreira, Mariana Facada, 22 anos, marcha, decidiu que não devia ficar para trás porque os novos cursos já têm
Licenciatura em Design de Comunicação Mestrado integrado, por isso optou por fazer um mestrado em “Lean
Estágio Curricular na Direcção de Análise e Gestão Management” ou “Magreza de Procedimentos”, um novo paradigma
de Informação (DAGI) de liderança e de gestão. Estando na instituição, tenho consciência das
verdadeiras necessidades. Resumindo, a simplificação de procedimentos
Quando falam dos seus estágios é a expressão ganhar experiência implica menos recursos, menos tempo e menor investimento. Centramo-nos no
que sobressai. Numa sociedade que tem como um dos requisitos de objectivo e não no processo.
admissão no mercado de trabalho a experiência profissional, nem
sempre é fácil encontrar quem a proporcione. Por isso, como diz a A 1TEN TSN, Otília Pereira, coordenadora de estágio, apoia este
Raquel, resolvi oferecer o meu trabalho e ganhar com isso. projecto, vamos ganhar independentemente do resultado! Por vezes, não
temos tempo para parar e pensar nos procedimentos instituídos, tão absorvidos
A Licenciatura em Gestão e Sistemas de Informação tem a ver com o estamos nas nossas rotinas. A STEN Cátia vai dispor de mais uma fonte
bichinho da informática que sempre tentou o Ruben, mas uma informática de informação que sustente o ajustamento de procedimentos inerentes à
mais direccionada para as pessoas, não tão virada para os computadores, mas monitorização da qualidade da formação do sistema de formação.
mais para a arquitectura de uma organização institucional. Deste modo, na
DAGI, a sua matéria de investigação é o “Levantamento de Processos”. Carla Oliveira, 24 anos, Cátia Barreiros, 21 anos,
Licenciatura em Análises Clínicas e Saúde Pública
Já a Mariana e a Raquel estão mais ligadas à vertente da publicidade Anniina Laitinen, 23 anos, Tuulia Nuuhkarinen, 24 anos,
e dos “media”. Temos neste momento dois projectos: a visita virtual da Programa Europeu Erasmus - Finlândia
exposição “A Marinha na República” e “O Sistema Solar em 3D” para o Licenciatura Biomedical Laboratory Sciences
Planetário. Estágio Curricular no Laboratório de Análises
Fármaco-toxicológicas da Marinha (LAFTM)
Porquê a Marinha? Amigos, familiares, várias foram as fontes, mas o
que pretendiam era um local sério, de trabalho, com ambiente bom, palavras Numa mistura de línguas, português, inglês e finlandês,
da Raquel, mas que todos perfilham, e encontrámos exactamente isto. procuramo-nos entender. A presença da Anniina e da Tuulia, que
elegeram Portugal como 1ª escolha para fazerem Erasmus, transformou
Na DAGI, o CTEN Pinheiro da Gama, actual coordenador dos esta conversa informal num exercício a 5 vozes de descoberta de
estágios, não tem dúvidas de que uma Marinha que se quer inovadora, significados; não obstante, proveitosa e divertida!
dinâmica e criadora deve apostar na abertura à sociedade civil. É bom para
ambas as partes, reitera. Por um lado, as organizações recebem uma “lufada A Marinha surge na vida académica destas estagiárias um pouco
de ar fresco” do que se ensina lá fora, por outro damos a conhecer a estrutura por influência da faculdade, pois é frequente a vinda de estudantes
militar, desmistificamos a ideia de rigidez, de fechamento ao exterior. da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa para estagiar no
LAFTM. Para a Cátia e para a Carla a opção recaiu na área da Toxicologia
Cátia Nobre, Sub ten TSN, 28 anos, usada na Marinha, o que constituía uma mais-valia a par das boas referências
Licenciatura em Ciências da Educação que tínhamos de colegas que já cá tinham estado e tinham gostado muito do
Estágio Curricular, âmbito Mestrado “Formação de ambiente. Já a Anniina e a Tuulia se consideram umas felizardas, porque é
Adultos”, na Direcção do Serviço de Formação (DSF), uma oportunidade muito diferente do que teríamos na Finlândia, lá só podemos
Observatório da Qualidade da Formação (OQF) estagiar em hospitais.
Tinha um sonho desde miúda que era ser professora de Francês, mas No LAFTM, fazem o que qualquer elemento efectivo faz: recepção,
acabei nas Ciências da Educação, confidencia-nos. Em 2005, terminada a entrada e verificação de amostras provenientes de diferentes locais
licenciatura, tentou candidatar-se a um estágio curricular na Marinha, militares; análises quantitativas das drogas, como canabinóides,
mas as vagas estavam já ocupadas. Em 2008, abre concurso para Técnico cocaína, anftaminas e opiáceos em amostras de urina.
Superior Naval, na área das Ciências da Educação, e entrei na Marinha
para o OQF, onde estou directamente envolvida na área da Avaliação da Quando a experiência se une à vontade de aprender, o impacto é
Formação, domínio onde actualmente a DSF se encontra certificada pelo duplo. Talvez, por isso, o Tenente TSN Mendes Flores, o responsável
Ministério da Defesa Nacional. pelos estágios no LAFTM, não hesita quando diz que é uma mais-valia
para ambas as partes. A actual falta de recursos humanos é colmatada com
a presença de estagiários, pois a Toxicologia é uma área em desenvolvimento,
em que a inovação é constante. Constitui uma forma de divulgação para o meio
civil da excelência profissional desta valência que é a Toxicologia. Não basta
sermos reconhecidos internamente, interessa-nos também o reconhecimento
externo.
No final, alguns ainda poderão duvidar da finalidade dos estagiários na Marinha. Deixamos aqui um excerto de uma das cartas que nos foi
dirigida por um Orientador do Curso Professional de Técnico de Design da Escola Secundária Daniel Sampaio:
Nos tempos inquietos em que as organizações são obrigadas a actuar hoje em dia, existe a noção de dificuldade em abrir espaço para a responsabilidade social e
contribuir para a formação dos jovens. No entanto, fazê-lo contribui para a acumulação do mais reprodutivo de todos os tipos de capital – o capital humano – condição
indispensável para o tão desejado aumento de produtividade e competitividade. Encontrar quem compreenda tal relação nem sempre tem sido fácil mas felizmente,
na Marinha Portuguesa, encontrámos essa dimensão.
Ana Paula Duarte e Silva
Adjunta da Repartição de Tecnologias da Formação
Direcção do Serviço de Formação
15REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2011