Page 22 - Revista da Armada
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que era agora a vez do NRP Arpão enfrentar “endurance” ao navio bem como permitir à provas ao sistema SIGINT. Mais uma vez foi

a neve e os elementos extremos do Norte da guarnição total adaptação às rotinas de bor- pedido ao navio que fizesse imersão durante

Europa.                                           do. Para a realização das provas, procedeu-se uma boa dezena de horas, à cota periscópica,

Depois de muitos contra-tempos, chega- ao embarque diário de pessoal técnico dos di- em locais com 25 metros de sonda reduzida,

va, finalmente, o dia 22 de Dezembro, dia versos subcontratantes bem como da HDW. com alguma navegação de pesca nas imedia-

da entrega do submarino à Marinha Portu- Foi assim que de forma muito rápida chegou ções e com o objectivo de passar o tempo a

guesa, e já objecto de um artigo dedicado o dia 9 de Março, dia em que regressamos a efectuarcírculos“clockwise”e“counterclock

nesta nossa Revista.                              Kiel e à HDW para executar os últimos pre- wise”parapermitirarealizaçãodasmedições

A partir desse dia o navio passou de facto parativos para a 2ª fase de testes.  necessárias. Na prática o submarino esteve,

a ser “nosso”. Por isso, a tarefa que se seguiu,  De facto, iniciou-se no dia 14 de Março um aproximadamente, 20 horas à cota periscó-

foi ainda mais exigente. Passámos a respon- conjunto importante de provas. A primeira, pica, divididas em 3 dias, com um valor de

der pela segurança do navio e por todos os realizada numa doca, em plenas instalações sonda de 6 metros, valor que nos fez, ganhar

equipamentos de bordo, em ambiente de es- da HDW, junto ao cais dos ferrys da “Colour muitos “cabelos brancos”. Finalmente, nos

taleiro, ainda que contando com o imprescin- Line” onde se pretendia testar a “regulação” dias 21, 22 e 23 de Março, o navio realizou

dível apoio do “Portuguese Navy                                                                         Foto: CAB FZ Carmo          as últimas provas de medição

Inspection Delegation” (PNID).                                                                                                      magnética e acústica. A carreira

Foram meses de trabalho árduo                                                                                                       magnética, à saída do Kiler Fiord,

na procura constante de transfor-                                                                                                   é uma carreira efectuada à super-

mar o “Arpão” num submarino                                                                                                         fície, a velocidade inferior a 4 nós

ainda melhor, corrigindo-se desde                                                                                                   – com o navio a “correr” sobre a

logo algumas das questões técni-                                                                                                    batimétrica dos 8/9 metros... o

cas que já haviam sido detectadas                                                                                                   navio cala 7 metros. A carreira

no “Tridente”. No decurso deste                                                                                                     subdivide-se na de W/E e na

caminho houve, por vezes, que di-                                                                                                   N/S. O navio realizou a W/E no

vidir a guarnição entre a bordada                                                                                                   dia 21 de Março e a N/S no dia

diurna e a bordada nocturna, com                                                                                                    22 de Março, efectuando uma

o duplo objectivo de ter pessoal a                                                                                                  média de 20 passagens em cada

bordo durante mais tempo (apro-        O "Arpão" a ser rebocado para a BNL.                                                         uma sendo que o canal navegá-
ximadamente 18 horas) e permi-                                                                                                      vel de cada uma deles apresenta

tir ao pessoal técnico acompanhar todas as do navio. A referida doca, onde o navio en- aproximadamente 40 jardas de largura e fica

actividades desenvolvidas pelas equipas de trou em imersão de forma estática, com dois a pouco mais 100 jardas da praia. Finalmen-

manutenção do estaleiro. Esta fase da vida do cabos passados à proa e com dois rebocado- te, no dia 23 de Março, o navio realizou a

navio, viria a terminar no dia 21 de Fevereiro. res “passados” à popa, apresentava uma son- carreira acústica de Aschau, em condições

Este dia, o qual ficará gravado de forma dis- da reduzida de 20 metros, ou seja, sobravam em tudo semelhantes às provas realizadas

tinta na memória da sua guarnição, trouxe a 5 curtos metros até à quilha. Estivemos nesta ao sistema SIGINT em Surendorf, mas ain-

responsabilidade acrescida sobre a condução estranha situação uma boa meia dúzia de ho- da mais perto do final do Eckernfeord e à

normal da plataforma, de a verificar e explo- ras, tendo inclusive sido possível assistir, pelo noite.

rar exaustivamente em ambiente                                                                          Foto: CFR SEG Melo e Sousa  Após estas provas, a guarni-

de teste. Esta situação elevou signi-                                                                                               ção concentrou-se nos preparati-

ficativamente os níveis de adrenali-                                                                                                vos finais da viagem para Lisboa

na de todos, correspondeu ao que                                                                                                    e trabalhando para que, para-

acontecia quando os submarinos                                                                                                      fraseando o Sr. Eng. Almeida

da Classe Albacora saiam das suas                                                                                                   Machado, “…pudéssemos levar

Grandes Revisões.                                                                                                                   para Lisboa o melhor submarino

As provas iniciaram-se então a                                                                                                      convencional do mundo alguma

21 de Fevereiro com o trânsito en-                                                                                                  vez construído na HDW…”.

tre Kiel e Kristiansand, sempre à                                                                                                   Conforme anteriormente des-

superfície. Já no final do dia 22 de                                                                                                crito, o navio largou definitiva-

Fevereiro o navio efectuava imer-                                                                                                   mente de Kiel com um duplo

são no final do Kategat em direc-                                                                                                   objectivo; cumprir as derradeiras

ção ao sul da Noruega via Skage-                                                                                                    provas de mar e efectuar o trânsi-

rak. Pela primeira vez a guarnição                                                                                                  to para Lisboa.

levou o navio à cota máxima de                                                                                                      As provas de mar, a terem mais

operação, com o principal objec-       O CMG Gouveia e Melo, o VALM Monteiro Montenegro e o                                         uma vez de ser realizadas nas
tivo de realizar provas ao sistema     CTEN Baptista Pereira.                                                                       águas profundas do Skagerak,
hidráulico. Foi igualmente neces-                                                                                                   centraram-se principalmente na

sário realizar provas aos mastros, a diferen- periscópio, à largada do ferry “Colour Line”, verificação da estanqueidade do navio à cota

tes cotas e velocidades, provas aos lemes e o qual passou a pouco mais de 50 jardas... é máxima de operação e na verificação das ca-

sua capacidade de proceder a alterações de evidente que todas as autoridades portuá- pacidades do sistema de ar condicionado. Es-

cota em segurança a diversas velocidades. O rias estavam devidamente informadas e que tas provas, realizadas pela PNID em conjunto

restante período de provas na Noruega foi mantivemos comunicações com todos os com a HDW, terminaram no dia 16 de Abril

utilizado para realizar testes e provas a todo envolvidos durante toda a prova! Nos 3 dias pelas 15H00, tendo o navio deixado na baía

o sistema de combate, sempre com a precio- queseseguiram,jácomapresençaabordodo de Kristiansand os 2 elementos da PNID e os

sa colaboração do “HDW Herkules”. Estas Comandante da Esquadrilha de Submarinos, doiscivisdaHDWquerealizaramasmencio-

provas decorreram em regime de navegação o CMG Gouveia e Melo, o navio deslocou- nadas últimas provas ao “Arpão”. Após o de-

de 2ª a 6ª feira, de forma a permitir testes de -se para a área de Surendorf a fim de realizar sembarque, o navio guinou por EB e iniciou o

22 JUNHO 2011 • REVISTA DA ARMADA
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