Page 23 - Revista da Armada
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trânsito para Lisboa. O planeamento contem- cuja dinâmica impõe cuidados redobrados         este simbólico momento. O navio acabaria
                                                                                            por chegar ao largo de Lisboa no início do
plava a parte inicial da derrota em imersão pelas velocidades e dinâmicas que se podem      dia 26 de Abril tendo realizado activida-
                                                                                            des de recolha discreta de informação nas
profunda, no entanto as condições meteoro- alcançar. No que respeita à área do CIC foi      SLOC´s nacionais. Esta situação permitiu
                                                                                            e f e c - tuar aproximações à navegação
lógicas, com visibilidades inferiores a 200 jar- sendo aprimorado o processo de compilação
                                                                                                         mercante realizando diversos
das, impediram que tal ocorresse pois simul- do panorama aéreo, de superfície e de sub-                  exercícios simulados. Por fim, e
                                                                                                         aproveitando o facto de o NRP
taneamente os fundos naquela área aconse- -superfície, mais uma vez insistindo-se muito                  Viana do Castelo se encontrar a
                                                                                                         navegar também com destino a
lham à prática de cota periscópica.                                                                      Lisboa, foi decidido efectuar umaFoto: CAB FZ Carmo
                                                                                                         aproximação e dar-lhe as boas
Foi desta forma que o navio iniciou                                                                      vindas à sua nova casa. A aproxi-
                                                                                                         mação foi feita de forma discreta
o transito para Lisboa, à superfície                                                                     e no final da tarde do dia 28 de
                                                                                                         Abril, avistamos, pela 1ª vez, do
e fazendo uso de todos os seus sen-                                                                      nosso periscópio, a inconfundí-
                                                                                                         vel silhueta do mais novo navio
sores para garantir a segurança da                                                                       patrulha da Marinha e estabele-
                                                                                                         cendo comunicações com o mes-
navegação. O nevoeiro manteve-                                                                          mo. Aproximavam-se, a passos
                                                                                                        largos, os últimos momentos no
-se durante aproximadamente 48                                                                          mar e o dia da chegada a Lisboa.

horas levando o navio a continuar                                                                           Na manhã do dia 30 de Abril,
                                                                                                        às 0600 horas de Lisboa, o NRP
a sua navegação à superfície. Nes-                                                                      Arpão realizou superfície a 10
                                                                                                        milhas da bóia de Espera e rea-
te particular foi possível verificar a                                                                  lizou a aproximação ao Porto de
                                                                                                        Lisboa. O dia estava ainda escuro
enorme utilidade dos novos equi-                                                                        e chovia amiúde, no entanto res-
                                                                                                        pirava-se a bordo uma atmosfera
pamentos da ponte desta classe de                                                                       de dia de chegada. Às 0900 horas
                                                                                                        de Lisboa o navio passou Entre
submarinos onde o “chart ploter”,                                                           Torres e o COMNAV, VALM Monteiro
o AIS e a repetidora do radar con- Familiares aguardando a chegada do "Arpão".              Montenegro, embarcou às 1030 horas junto
                                                                                            à torre VTS do Porto de Lisboa, tendo sido
ferem muito maior conforto à for-                                                           recebido a bordo com as honras militares
                                                                                            que lhe são devidas. Por esta altura “segue-
ma como a navegação é conduzi-                                                              -nos” o veleiro da Escola Naval “Bellatrix”.
                                                                                            Às 1115 horas o navio entra o Canal do Al-
da. O navio manteve-se à superfí-                                                           feite, passando cabos aos dois rebocadores
                                                                                            que o apoiariam na manobra. Por esta altura
cie, cumprindo escrupulosamente                                                             já o ruído produzido pelas sereias dos diver-
                                                                                            sos navios estacionados na BNL se faziam
o seu planeamento, até ao dia 21                                                            sentir de forma ensurdecedora e verifica-
                                                                                            mos que, no cais, a Banda da Armada e a
de Maio. Nestes 4 dias de trânsito à                                                        Esquadrilha de Submarinos em peso, nos
                                                                                            aguardavam, conferindo ao momento uma
superfície o navio percorreu toda a                                                         enorme emoção que escondemos com difi-
                                                                                            culdade. Em pano de fundo e não menos
costa oeste da Dinamarca e passou                                                                       importante, estavam as famílias,
                                                                                                        saudosas de todos nós! Haviam
o Estreito de Dover e o Canal da                                                                        passado 8 meses e 8 dias de total
                                                                                                        dedicação e entrega ao projec-
Mancha, realizando diversos exer-                                                                       to dos novos submarinos e em
                                                                                                        particular ao nosso novo navio.
cícios de Limitação de Avarias,                                                                         Finalmente o “Arpão” estava em
                                                                                                        casa. Finalmente estava constitui-
bem como recolha de informação                                                                          da a 5ª Esquadrilha de Submari-
                                                                                                        nos da Marinha Portuguesa.
diversa, sempre na perspectiva Banda da Armada.
de treino da sua guarnição. Neste                                                                        Colaboração do COMANDO
                                                                                                                       do NRPARPÃO
particular teve um papel muito relevante a substancialmente nas capacidades do sistema
                                                                                                 23REVISTA DA ARMADA • JUNHO 2011
presença a bordo do Comandante Gouveia de combate para recolher, tratar e gravar in-

e Melo, o qual, assumiu o treino dos opera- formação de acústica e de guerra electrónica.

dores com especial relevo para as questões  Com toda esta azafama o tempo pas-

associadas com o ACINT e o ELINT.           sava muito rapidamente e demos por nós

No dia 21 de Abril, uma vez passado o no Golfo da Biscaia, onde o Arpão passou

Canal da Mancha, o navio efectuou imersão por uma situação meteorológica e oceano-

profunda, tendo ai continuado o trânsito gráfica muito adversa, quase recordando as

num meio que lhe é muito mais favorável. A histórias de tempestades dos antigos mari-

velocidade manteve-se muito próxima dos 6 nheiros. Foi com natural alegria e regozijo

nós mas o navio reduziu significativamente o que, às primeiras horas do dia 25 de Abril,

seu consumo de combustível, demonstrando mais exactamente às 0050 hora de Lisboa,

claramente a sua melhor eficiência por com- o NRP Arpão passou a Oeste da foz do rio

paraçãocomosantigossubmarinosdaClasse Minho, entrando na ZEE nacional à cota de

Albacora. A navegar em imersão profunda, 100 metros. A bordo foi difícil esconder as

ocorreram outras acções de treino apenas emoções tendo sido feito um brinde com

possíveis nestas circunstâncias, como seja o água do mar a fim de marcar devidamente

controlo da plataforma nas 3 di-

mensões. Estas acções visam con-

ferir ao Chefes de Controlo da Pla-

taforma e aos homens da consola

dos lemes horizontais e vertical – a

destreza necessária ao controlo e

execução de manobras de mudan-

ça de cota e rumo a diversas velo-

cidades, simulando fundos baixos

e realizando igualmente manobras

de avarias nos lemes. Estas acções

de treino aplicadas a ambas as bor-

dadas, permitiram atingir ainda

melhores níveis de confiança na

manobra desta nova plataforma, O "Tridente" e o "Arpão" atracados na BNL.
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