Page 28 - Revista da Armada
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Soubiran, encarregue de manter os depó- restante percurso foram avistados mais qua- pois no Funchal tal não é possível, devido
sitos de combustível atestados, pragueja- tro navios, antevendo-se a proximidade de às montanhas elevadas que a ilha tem.
va a falta de sorte por não poder fumar a Porto Santo. Um quarto de hora depois das
bordo. A viagem decorria sem percalços, e quatro da tarde, de forma sonora e entusiás- Depois de vários dias de espera, enquan-
vinte minutos depois do meio-dia os qua- tica, Bettencourt dava conta de terra à vista. to esperavam por ventos de Noroeste, de-
tro tripulantes avistaram o vapor Funchal, e Aproximando-se de Porto Santo, puderam cidiram largar a 6 de Abril. O seu plano era
pouco tempo depois, o vapor Porto, confir- finalmente relaxar e aproveitaram o resto da apontar a Lagos, pois estava fora de questão
mando-se assim a boa navegação. viagem até à Madeira. Finalmente, após sete conseguir chegar a Lisboa. Iriam avaliando
horas e quarenta minutos de viagem, o hidro- a distância percorrida e tinham definido um
Prevendo a possibilidade de realizar o avião Felixstowe F3 amarou na baía do Fun- ponto onde teriam que optar por continuar
«raid» aéreo no dia 22 de Março, Sacadura chal, onde uma imensa multidão de locais até Lagos ou voar para Casablanca. Escolhe-
Cabral encontrou-se, em Lisboa, com o ime- saudou entusiasticamente os quatro heróis. riam esta última hipótese caso o vento fosse
diato do paquete Porto. Como este ia largar contrário à progressão para Lagos. Além dis-
com destino ao Funchal solicitou-lhe que A viagem foi um facto importante para a so, tiveram que descolar com o avião comple-
se os vissem sobrevoar o navio, sinalizas- vida social do Funchal. Era a primeira vez que tamente atestado de combustível. Devido ao
sem esse facto içando bandeiras. Pretendia uma aeronave chegava à ilha da Madeira. Os peso, e ao fazer uma curva a baixa altitude,
comparar com o paquete, uma vez reunidos heróis da travessia tiveram uns dias bastante um dos flutuadores bateu na água. O flutu-
no Funchal, se os cálculos acerca da distân- agitados, participando em diversos eventos ador começou a meter água. Era aí que leva-
cia a que se encontravam de Lisboa eram realizados pela população local, e nos quais vam as bombas de fumo, que se incendiavam
coincidentes. No Funchal os valores foram foram «obrigados» a contar todas as peripé- em contacto com a água. Deflagrou um in-
comparados e eram realmente bastante pró- cias. Além disso, tiveram que efectuar voos cêndio e o hidroavião caiu. Felizmente esta-
ximos uns dos outros. Comprovou-se desse com personalidades da sociedade da ilha. vam próximo de terra e foram todos salvos.
modo a eficácia dos meios de navegação aé-
rea que haviam desenvolvido: o sextante de O regresso a Lisboa era bem mais com- Apesar deste infeliz incidente, o objectivo
horizonte artificial, os métodos de cálculo e o plicado do que a ida para o Funchal. Não tinha sido alcançado. Em 1922 o sonho de
corrector de rumos. do ponto de vista de navegação, porque que fala o poeta tornou-se, mais uma vez,
agora tratava-se de chegar a algum ponto realidade. E isto, graças aos excelentes resul-
O vento continuava de feição, permitindo da costa portuguesa e depois seguir ao lon- tados alcançados na viagem entre Lisboa e o
estabelecer-se uma velocidade média de 70 go da costa. O problema era o vento, que Funchal, em 1921, que o Museu de Marinha
milhas por hora. Os tripulantes aproveitaram costuma soprar predominantemente dos evoca com esta singela exposição.
esse período para recuperarem forças com quadrantes de Norte. A primeira coisa que
bombons que levavam a bordo, os únicos fizeram foi dirigir-se a Porto Santo. Redu- Colaboração do
mantimentos sólidos permitidos para não ziam ligeiramente a distância a percorrer MUSEU DE MARINHA
aumentarem o peso total do aparelho. No e podiam avaliar melhor o vento ao largo,
DIA DO COMBATENTE – 93º ANIVERSÁRIO DA BATALHA DE LA LYS
E 75ª ROMAGEM AO TÚMULO DO SOLDADO DESCONHECIDO
Comemorou-se no dia 9 de
Abril o Dia do Combatente, para os povos envolvidos, enalte-
o 93º Aniversário da Bata- cendo as qualidades intrínsecas do
Combatente Português para fazer
lha de La Lys e a 75ª Romagem ao face a toda a espécie de dificuldades
Túmulo do Soldado Desconhecido. que teve de enfrentar, após o que
As comemorações tiveram lugar, no teve lugar a Cerimónia de Home-
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, nagem aos Mortos pela Pátria, com
na Batalha, tendo sido presididas a deposição de 25 coroas de flores
pelo Ministro da Defesa Nacional junto ao Túmulo do Soldado Desco-
(MDN), Prof. Dr. Santos Silva. nhecido, pelas entidades presentes
As cerimónias tiveram início e a prestação de honras por Força
com uma celebração religiosa na Militar.
Igreja do Mosteiro, com Missa de Sufrá- loresedoespíritodesacrifíciodoCombatente Este acto de profundo significado
gio pelos Combatentes falecidos, tendo Português. patriótico terminou com a entoação do
sido celebrante o Reverendíssimo Bispo Seguiu-se uma alocução, do MDN, desta- Hino Nacional, executado pela Banda
das Forças Armadas e de Segurança, D. cando a importância das Forças Armadas no da Força Aérea e acompanhada pela
Januário Torgal Mendes Ferreira, cuja contexto nacional, quer em tempo de guerra, assistência.
homilia alusiva à efeméride se revestiu quer em tempo de paz. Terminadas as cerimónias houve lu-
de profundo significado. Os cânticos reli- Após o desfile das Forças em Parada, gar a um almoço de confraternização
giosos foram entoados pelo Coro da Cruz constituídas por militares dos três Ra- nas instalações do Regimento de Arti-
Vermelha Portuguesa. mos, os convidados dirigiram-se ao Mu- lharia N.º 4, em Leiria.
De seguida, em Cerimónia Militar, foram seu das Oferendas, onde foi assinado o De salientar a grande participação de
prestadas honras à Alta Entidade. Livro de Honra, pelo MDN. muitos Combatentes e seus familiares,
O Presidente da Direcção Central da Liga Posteriormente, na Sala do Capítulo, bem como de várias Associações que, com
dos Combatentes, General Chito Rodrigues, o orador convidado, Prof. Dr. Eduardo a sua presença, quiseram, mais uma vez,
como representante da organização anfitriã, Lourenço, apresentou uma brilhante alo- associar-se a estas cerimónias.
dirigiu cumprimentos às entidades convida- cução, sobre as causas políticas que estive-
das e a todos os demais presentes, tendo feito ram na origem do deflagrar do 1.º Confli- Colaboração da
uma intervenção, centrada na defesa dos va- to Mundial e das nefastas consequências LIGA DOS COMBATENTES
28 JUNHO 2011 • REVISTA DA ARMADA