Page 27 - Revista da Armada
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RESERVA NAVAL
Foi apresentada em 14 de Julho pesquisa, a edição refere todos os cur-
passado, no Pavilhão das Galeo- sos realizados quer na Escola Naval
tas do Museu de Marinha, com a quer na Escola de Fuzileiros, listagens
presença do VALM José Augusto Vilas individualizadas de cada um dos cur-
Boas Tavares, Director da Comissão sos, evolução e legislação de suporte in-
Cultural da Marinha, em representação cluindo as alterações da Lei do Serviço
do Almirante CEMA, bem como de ou- Militar, Comandantes e Directores de
tras individualidades e convidados, a Instrução dos Estabelecimentos de En-
publicação intitulada “Anuário da Re- sino onde foram realizados os cursos,
serva Naval 1976-1992”. Prémios Reserva Naval atribuídos e
ainda o Dispositivo Naval existente no
Mais do que uma simples listagem decorrer daquele período.
de cadetes dos CFORN’s - Cursos de
Formação de Oficiais da Reserva Naval Foi fruto de um projecto pessoal do
que passaram pela Marinha naquele autor, Manuel Lema Santos, oficial da
espaço de tempo, assume-se como uma Reserva Naval do 8.º CEORN, levado a
proposta de continuidade da anterior cabo durante cerca de dois anos de in-
obra “O Anuário da Reserva Naval vestigação e pesquisa, utilizando diver-
1958-1975”, publicado em 1992 pelos sas fontes de consulta da Marinha.
Comandantes Adelino Rodrigues da
Costa e Manuel Pinto Machado. Na produção final, a publicação con-
tou com o apoio da AORN - Associa-
Como instrumento de consulta e ção dos Oficiais da Reserva Naval.
Antes de encerrar a sessão, usou parcos rendimentos iria provocar. Esse vivida, porque sendo cidadão de raiz
da palavra o CALM MN Eduardo mal-estar começou a ceder quando tive desse Alentejo Norte interior, afinal a
Teles Martins na sua qualidade de conhecimento que, afinal, me estava minha terra é uma terra de marinheiros.
antigo Oficial da Reserva Naval, reservado o Serviço na Marinha. Menos
que leu um texto cujo significado mau! Quando entrei na Faculdade de
e importância se reconhece de Medicina da Universidade de Lisboa
grande qualidade, e que por tal Vencido o tempo inicial na Escola jamais admitiria vir a ser militar e sou!
facto se insere na integra. Naval e começada a participação Sou, livremente, por opção e com um
no serviço de Saúde Naval, tudo se profundo prazer.
Neste tempo em que começo a olhar modificaria. Afinal o Hospital da
para trás, para o percurso tido, e o Marinha, que teria o privilégio de vir um Permitam que vos confidencie que
faço com a actividade sensorial mais dia a dirigir, o então G1EA e as corvetas e os últimos 2-3 anos me ensinaram que
desperta, é impossível não me deter no as fragatas, em que fiz múltiplos serviços sendo militar só poderia ser marinheiro.
ano de 1980. SAR, mostraram-me, progressivamente, Perguntarão porque? Pois, porque
um outro Mundo, que desconhecia. Um tive que confrontar o estar, o sentir e
A contemplação desencadeia uma Mundo com REGRAS, com CULTURA o pensar, na tentativa de edificação de
dualidade de sentimento. Bom, quando PRÓPRIA, com GENTE BOA, com uma estrutura conjunta, com outros
me sinto, hoje, satisfeito, incluído e código de valores bem definido, com militares da área da saúde e constatei
totalmente identificado com a Marinha. sentido de responsabilidade, onde ser que a cultura que aprendi na Marinha
Mau, quando recordo o impacto solidário e leal é genético, onde a amizade é única e já me é genética. Senti que não
que sofri ao constatar o resultado do se instala com naturalidade, cresce poderia ser outra coisa que não médico
sorteio dos médicos do meu curso, solidamente e nos marca profundamente. naval, senti, sobretudo, que não quero
para encontrar aqueles que deveriam Afinal, aqui, era tão fácil e tão gratificante ser outra coisa que não seja ser médico
cumprir o serviço militar obrigatório. ser médico. da Marinha.
Lá vinha, à cabeça, e no primeiro grupo,
o meu nome. Foi, então, profundo o mal Foi um mundo novo cheio de Por tudo isto perceberão o que
estar inicial de quem iria ser militar oportunidades que se abriu. significa para mim ser sócio e membro
sem o desejar, de quem veria a carreira do pleno direito da AORN. Foi dolorosa
que ambicionava atrasada face aos seus Sem ingressar na Reserva Naval não e imposta a minha entrada na Reserva
pares, de quem ia interromper uma das teria conhecido a Marinha, sem conhecer Naval, é voluntário e desejado o meu
mais aliciantes experiências da vida a Marinha não seria a mesma pessoa, retorno à Reserva Naval.
clínica, o Serviço Médico à Periferia e não teria tido oportunidade de idealizar,
de quem imaginava já o impacto que, desenvolver e concretizar, até ao patamar Tentarei ser digno desta nossa
na hora, a redução brutal dos seus desejado, uma carreira clínica, académica associação e tudo farei para o seu
e militar. engrandecimento.
Percebi por experiência feita e emoção Eduardo Teles Castro Martins
CALM MN
27REVISTA DA ARMADA • SETEMBRO/OUTUBRO 2011