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DIVULGAR O PATRIMÓNIO

Transporte “Índia”

Evocando-se a chegada do Transporte “Ín-                                                         ger para Lisboa, incluindo passageiros e 10 cava-
      dia” a Portugal no dia 8 de Janeiro de 1872,                                               los; foi ele que trasladou os restos mortais de três
      realizou-se uma Mostra Documental, de 9 a                                                  Governadores-Gerais da Índia para Lisboa; em
24 de Janeiro de 2012, nas instalações da Biblioteca                                             Agosto de 1882 ajuda a combater um incêndio na
Central da Marinha.                                                                              Rua 24 de Julho, razão pela qual a sua guarnição
                                                                                                 foi, posteriormente louvada; em 1891 deslocou-se
  Em 1871 era necessário garantir a presença em                                                  para o Porto, recebendo a bordo presos militares
África, tal como no Oriente, tornando-se premen-                                                 da Revolta de 31 de Janeiro; efectuou diversas via-
te a aquisição de um navio a vapor destinado ao                                                  gens para Angola, Moçambique, Oriente… con-
serviço de transporte de tropas e passageiros civis,                                             duzindo tropas, colonos, operários, elementos da
com a respectiva bagagem, pelo que o Governos                                                    administração e transportando armas. Registe-se
Português adquiriu um navio mercante inglês, o                                                   a permanente preocupação dos médicos faculta-
“Mandalay”, construído nesse mesmo ano nos es-                                                   tivos navais com as condições sanitárias a bordo.
taleiros Denny and Brothers e que passou a deno-
minar-se “Índia”.                                                                                   Em 1896 passou a pertencer à Estação Naval de
                                                                                                 Moçambique como Navio Depósito e, em 1908,
  Pretendeu-se com esta pequena exposição do-                                                    como pontão-enfermaria.
cumental dar a conhecer a vida do Navio Trans-
porte “Índia” através da documentação, salientan-                                                   Por Despacho Ministerial de 26 de Outubro de
do algumas das missões mais relevantes.                                                          1909 foi mandado abater à lista dos navios da Ar-
                                                                                                 mada. De acordo com registo do Serviço Diário,
  Parte de Inglaterra, sob o comandado do Capi-                            em 1910, a fls. 152, o Primeiro-tenente António Ernesto Bizarrro, en-
tão-tenente Carlos Testa (que o adquiriu por 31.800 £) que nos relata a    carregado de comando como Navio Depósito, entregou-o à Província
viagem e a sua chegada a Lisboa. Passa ao estado de armamento (Por-        de Moçambique.
taria de 10 de Janeiro de 1872) e inicia a sua vida activa.                  Aexposição foi ilustrada com diferentes imagens do navio (como trans-
                                                                           porte, navio depósito e enfermaria) e seus comandantes, elementos da
  Na sua primeira missão, iniciada em 3 de Fevereiro de 1872, con-         guarnição, destacando-se, entre outras, imagens curiosas da Embaixada
duziu tropas para a Índia. Muitas mais se seguiram, destacando-se o        Marroquina a Portugal, do julgamento dos implicados na Revolta de 31
transporte dos Comissários Portugueses (Jaime Batalha Reis) e objec-       de Janeiro de 1891, o banho matinal da guarnição, a enfermaria. 
tos para a exposição a realizar-se em Filadélfia (1878), a condução do
Embaixador de Marrocos (Sid-Ettayed Benhim) e comitiva, de Tân-

D. Rodrigo de Sousa Coutinho(1755-1812)

Mostra documental e iconográfica alusiva ao bicentenário do seu falecimento

ABiblioteca Central da Marinha                                                                          vo Histórico e da Biblioteca que aludem à
        (BCM) e o Museu de Marinha                                                                      atividade de D. Rodrigo de Sousa Coutinho
        (MM) organizaram uma mostra                                                                     enquanto Secretário de Estado e Ministro da
documental e iconográfica alusiva ao bi-                                                                Marinha e Domínios Ultramarinos (1796-
centenário do falecimento de D. Rodrigo                                                                 1801), à sua ação no Brasil (1807-1812), escri-
de Sousa Coutinho (1755-1812). A exposi-                                                                tos da sua autoria e estudos editados sobre
ção esteve patente ao público de 26JAN a                                                                a sua vida e atividade.
10FEV2012, no átrio da entrada da BCM.
                                                                                                          Do MM são exibidos três painéis descri-
  A mostra foi inaugurada pelo VALM                                                                     tivos das condições que precederam o em-
Vilas Boas Tavares, Diretor da Comissão                                                                 barque da Família Real para o Brasil, assim
Cultural de Marinha que focou o interes-                                                                como da viagem propriamente dita e vários
se desta e de outras iniciativas organiza-                                                              objetos que muito animam a mostra (um
das pelos Órgãos de Natureza Cultural                                                                   quadro a óleo da Nau Príncipe Real; uma
(ONC’s) de forma a divulgar o património da Marinha.                       Espada de Oficial; um Relógio de Sol Equatorial; um Octante; um Sex-
                                                                           tante; uma Espingarda de Pederneira e uma Jaqueta de Oficial).
  A exibição consta de cinco expositores com documentos do Arqui-

  COUTINHO, D. Rodrigo de Sousa (1755-1812). Filho de D. Francisco         tituição da Junta da Fazenda da Marinha; a regulamentação do Conselho
Inocêncio de Sousa Coutinho e D.Ana Luísa Joaquina Teixeira eAndrade       do Almirantado; a criação da Escola de Construção Naval e do Corpo de
da Silva. Afilhado do futuro Marquês de Pombal, foi educado em Lisboa,     Engenheiros; a fundação do Observatório da Marinha; a constituição da
onde veio a ser um dos mais brilhantes alunos do Real Colégio dos No-      Brigada Real da Marinha e a edificação do Hospital Real da Marinha.Ace-
bres. Em 1778, D. Maria I nomeou-o seu enviado extraordinário e minis-     deu ao cargo de Ministro da Fazenda e Presidente Real Erário em 1801.
tro plenipotenciário junto da Corte de Sardenha, em Turim. Em 1796 foi     Em 1803 apresentou a sua demissão. Em 1807 apoiou a retirada da Fa-
chamado a Lisboa para suceder ao falecido Martinho de Melo e Castro        mília Real para o Brasil. Pouco depois da sua chegada ao Rio de Janeiro
no cargo de Secretário e Ministro da Marinha e dos Domínios Ultramari-     foi nomeado Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros e recebeu
nos. Deve-se-lhe neste cargo a criação da Sociedade Real Marítima; a ins-  o título de Conde de Linhares (1808). Faleceu em 26 de Janeiro de 1812.

                                                                           

26 MARÇO 2012 • REVISTA DA ARMADA
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