Page 24 - Revista da Armada
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ACADEMIA DE MARINHA
In memoriam do
Almirante Max Justo Guedes
“É minha modesta contribuição à divulgação e melhor conhecimento da gesta maior do querido e admi-
rado povo lusitano e meu sincero agradecimento pela obra magnífica por ele realizada em meu país, des-
cobrindo, povoando, colonizando, civilizando e expandindo-o a limites quase inacreditáveis e legando-o
unido política e socialmente, aos brasileiros de hoje”.
Alm. Max Justo Guedes – Rio de Janeiro, Nov. 1988
Em 17 de Janeiro de 2012 teve lugar no aos Académicos Estácio dos Reis, Inácio como o sucesso da exposição Portugal-Brazil.
auditório uma Sessão de Homena- Guerreiro e Dias Farinha, o Presidente da The Age of Atlantic Discoveries, realizada em
gem In memoriam do Almirante Max Academia citou Vera Tostes, directora do 1990 na Biblioteca Pública de Nova Iorque.
Justo Guedes. Museu Histórico Nacional, do Brasil: “… o A terminar, o orador referiu que a sua “obra
Aabrir a sessão, o Presidente Vieira Matias mundo lusófono perde um amigo entusias imensa […] ficou desoladamente inacabada.
disse pretender a Academia, após o choque mado com a pesquisa e a produção do co- Assim como ficou vazia e, parada para sem-
suscitado pela “inesperada notícia da morte nhecimento. Fica uma lacuna no saber da pre, a cadeira de baloiço onde Max, já can-
do nosso Membro Emérito Max Justo Gue- nossa História.” sado e doente, repousava, em sua casa, ao
des”, em 8 de Novembro passado,
evocar “a figura do intelectual e do fim de um dia de exaustivo trabalho”.Serviço de Documentação da Marinha - Brasil
amigo”, pela voz de “três académicos A segunda intervenção, intitulada
que bem o conheceram e que muito o “Ciência Náutica e Cartografia na
consideravam”, e aos quais agrade- Obra de Max Justo Guedes”, coube
ceu as intervenções que se seguiriam. ao Académico Emérito Inácio José
O Almirante Vieira Matias recordou Guerreiro, que começou por referir
a ligação “à Academia de Marinha como em 1970 conheceu o Comandan-
tão profunda que vinha desde as nos- te Max Justo Guedes no II Colóquio
sas raízes […], o então Comandante Luso-Brasileiro de História do Brasil,
Max Justo Guedes integrou o primi- em Lourenço Marques.
tivo Grupo de Estudos de História
Marítima desde a sua eleição, como O orador falou circunstanciada-
membro Efectivo, na Sessão de 19 de mente dos diversos encontros cien-
Fevereiro de 1970, sendo o primeiro tíficos em que privou com o home-
não português a pertencer aos seus nageado, atestando a relevância das
quadros, muito embora, estatutaria- suas contribuições e iniciativas para
mente, equiparado a cidadão nacio- o estudo das matérias a que o título
nal”. “Foi elevado a Membro Emérito da sua comunicação aludia. Referiu,
na Sessão daAssembleia deAcadémi- designadamente, a XVII Exposição
cos de 20 de Abril de 1995. Manteve, Europeia de Arte, Ciência e Cultura,
por conseguinte, uma presença dilata- de cuja Comissão Cultural fez parte o
da por um período de quase 42 anos, Almirante, e o concomitante Congres-
em que nos visitou regularmente e so sobre “Os Descobrimentos Portu-
acolheu no Brasil, sempre com assi- gueses e a Europa do Renascimento”,
nalável hospitalidade, os seus pares a “IV Reunião Internacional de Histó-
e demais estudiosos da História Ma- ria da Náutica e da Hidrografia” e o
rítima que frequentemente convida- “Colóquio sobre as Razões que leva-
va”, disse o Presidente, continuan- Almirante Max Justo Guedes. ram os Povos Ibéricos a adiantarem-se
na Expansão Mundial no século XV”.
do: “A sua colaboração como académico foi Na primeira intervenção, feita pelo Aca- O Doutor Inácio Guerreiro referiu ain-
prestimosa. Para além de seis comunicações démico Emérito António Estácio dos Reis, e da a importância do Almirante Max Justo
aqui apresentadas em Sessões, publicadas intitulada “Max Justo Guedes, o Homem e Guedes na dinâmica da prossecução das reu-
em separata e nas respectivas Memórias, o Marinheiro”, o orador fez jus ao título re- niões da Comissão Internacional de História
participou no I Simpósio de História Ma- correndo às suas recordações pessoais dum da Náutica, cuja presidência assumiu a partir
rítima, proferindo em 11 de Dezembro de convívio de largos anos. Aludiu, designa- da VI Reunião, em Sagres, no ano de 1967.
1992 a sua conferência de Encerramento”. damente, a pormenores que remontam à in- “Inestimável noutras áreas”, disse o ora-
“Como colaborador da História da Ma- fância do homenageado, trazendo à colação dor, foi a sua colaboração nos Seminários
rinha Portuguesa, obra desta Academia, curiosos episódios que lhe foram relatados Internacionais de História Indo-Portugue-
foi coordenador do volume «A viagem em primeira pessoa pelo próprio. Entre mui- sa e nas Reuniões Internacionais de His-
de Pedro Álvares Cabral e o Descobri- tos exemplos da amizade que nutria por Por- tória de África. Prosseguiu com diversos
mento do Brasil, 1500-1501», lançado em tugal, referiu o Comandante Estácio dever- outros exemplos da intensa actividade
Dezembro de 2003, para o qual redigiu -se ao Almirante Max Justo Guedes a oferta, académica e científica do Almirante Max
a Parte I em dois copiosos Capítulos.” pelo Governo Brasileiro, do primeiro astro- Justo Guedes, salientando a importân-
A terminar, e antes de passar a palavra lábio do acervo do Museu de Marinha, bem cia do seu contributo para a história da
náutica e da cartografia, nomeadamente.
24 MARÇO 2012 • REVISTA DA ARMADA