Page 27 - Revista da Armada
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evidencia um triste retrato de Portugal. plamente reconhecida pelos próprios ci- Alguns pagaram também com a própria
Um retrato que se começa a fazer na es- dadãos desses hoje países independentes. vida essa sua dedicação à causa.
cola. Escola de onde entretanto desapa- Estamos, nestes tempos, a virar a pági- Mas não foi apenas na guerra que se
receu o culto da Pátria, da bandeira, do na. As nossas ligações com África são hoje destacaram. Eles ajudaram a estabelecer
hino. Escola onde, quase 4 décadas depois, mais fortes que nunca. A promoção da lu- uma rede de centros de saúde de que re-
ainda se escamoteia e até se deturpa uma sofonia africana, que nos pode ajudar a li- sultou uma cobertura médico-sanitária
parte importante da nossa história, mas a bertarmo-nos de alguns dos nossos proble- efectiva onde antes não existia nada. As
que a história um dia fará justiça. mas, é agora um dos nossos desígnios. A populações desses territórios foram os be-
vossa luta também ajudou a criar um am- neficiários directos dessa actuação e ainda
Como também disse o nosso Presidente, biente propício para este diálogo. Afinal, a hoje o recordam. Sou testemunha disso,
“é importante transmitir às gerações mais história está, uma vez mais, a reescrever-se como sou testemunha dessa actividade,
novas, o testemunho de quem enfrentou a e a reencontrar-se consigo própria. porque por lá vivia então. Convivi com
adversidade ombro a ombro com aqueles alguns, aprendi com alguns. É necessário
a quem confiava a vida e por quem a daria Nestes dias, o País atravessa, novamen- não esquecer que 40% do orçamento das
também; o testemunho de quem conhece a te, uma situação difícil. Todos nós sofre- Forças Armadas no ultramar era dedica-
relevância de valores como a solidarieda- mos as suas consequências. Contudo, do à acção social. Também desta forma se
de, o profissionalismo, o mérito e a honra, comparados com as vicissitudes desse contribuiu para a construção do futuro.
a família e o País”. tempo, os problemas que o País enfrenta
hoje até parecerão menores. Se os conse- Queridos combatentes,
De um Antigo Combatente li que, “só as- guimos resolver então, certamente os re- Termino, como comecei, citando Camões:
sim se pode incutir nos mais novos o senti- solveremos hoje.
mento de que pertencem a uma nação, com Em vós esperam ver-se renovada
as suas vitórias e as suas derrotas, os seus Caros combatentes, Sua memória e obras valerosas;
momentos de glória e os seus períodos de Permitam-me, finalmente, que apro- E lá vos tem lugar, no fim da idade,
desânimo. Não se pode compreender um veite a minha presença aqui para desta- No templo da suprema Eternidade.
país se não se conhecer o seu passado, com car o pessoal da saúde das nossas Forças
tudo o que teve de bom e de menos bom”. Armadas, médicos, enfermeiros, técnicos Os Portugueses não vos esquecem. Os
e outros que deram apoio médico-sani- Portugueses não esquecem o que vos
Homenageamos hoje, pois, a entrega tário nos teatros de operações ultramari- devem.
e o espírito de missão dos nossos com- nos. Como médico, não podia deixar de
batentes, com o coração e a alma cheios aqui prestar homenagem a todos aqueles Viva Portugal!
de orgulho no que fizeram. Em combate que, na frente de combate ou na retaguar-
e fora dele. Na integração com as popu- da, resgataram da morte as vossas vidas.
lações locais, sem precedentes noutras
guerras e entre outros povos, e que é am-
NRP Álvares Cabral
Visita a Belmonte no âmbito do 21º aniversário do navio
No passado dia 24 de maio comemo- e demonstrou a disponibilidade da autar- nição realizou uma visita guiada à zona
rou-se o 21º aniversário do NRP quia para outras iniciativas deste género. histórica da vila, tendo oportunidade de
Álvares Cabral, sendo a efeméride Por fim, ainda no salão nobre, decorreu a
assinalada com uma visita da guarnição troca de lembranças institucionais tendo visitar o Museu dos Des-
a Belmonte, localidade o autarca oferecido ao navio um conjun- cobrimentos, a estátua de
natal de Pedro Álvares to de livros, um dos quais da sua autoria,
Cabral. relativos à vila, à região e às suas gentes. Pedro Álvares Cabral,
o Castelo de Belmonte,
À chegada a Belmon- Após a receção e boas vindas, a guar- a Igreja de Santiago/
te, a guarnição foi rece- Panteão dos Cabrais e a
bida no salão nobre da Igreja Matriz. Foi ainda
Câmara Municipal pelo possível, durante o per-
Vice-Presidente da au- curso da visita, identifi-
tarquia, Dr. David Ca- car o Solar dos Cabrais
nelo. Nesta receção de e o edifício da Tulha de
boas vindas, o Coman- Belmonte onde eram
dante do navio usou da armazenadas as rendas
palavra para agradecer da família Cabral.
à Câmara Municipal de
Belmonte a colaboração A comemoração do
na organização da vi- 21º aniversário do NRP
sita e aproveitou para Álvares Cabral terminou
recordar os feitos e o em ambiente de fran-
exemplo desse ilustre co e salutar convívio,
português que foi Pe- com um agradável al-
dro Álvares Cabral, conterrâneo das gentes moço num restauran-
de Belmonte. O vice-presidente da edilida- te da vila que permitiu
de num breve discurso, agradeceu a visita à guarnição retemperar forças com uma
da guarnição da Álvares Cabral a Belmonte ementa de cabrito típica da região.
Colaboração do NRP ÁLVARES CABRAL
Revista da Armada • AGOSTo 2012 27