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XIX Encontro Nacional de Combatentes
No passado dia 10 de junho reali- Após umas palavras de abertura profe- curso que se transcreve na integra. Seguiu-
zou-se, junto ao Monumento aos ridas pelo Presidente da Comissão Execu- -se a deposição de flores, que formalizou
Mortos do Ultramar, o XIX Encon- tiva e de uma cerimónia inter-religiosa em o testemunho de veneração de várias ins-
tro Nacional dos Combatentes, que tomaram parte um sacerdote francis-
tendo como Presidente da Co- cano e o xeique da Mesquita de Lisboa, o tituições aos mortos pela Pá-
missão Executiva o Tenente ge- Professor Doutor Manuel Antunes discur- tria. Foi então cantado pelos
neral Vizela Cardoso. sou em homenagem aos combatentes, dis- alunos dos colégios militares
o Hino Nacional, que os pre-
Antes de dar começo às Co- sentes acompanharam.
memorações Oficiais do Dia de
Portugal, de Camões e das Co- Aconteceu ainda a passagem
munidades, que tiveram lugar de aeronaves da Força Aérea
na Praça do Império, frente ao e um salto de paraquedistas,
Mosteiro dos Jerónimos, o Pre- enquanto os combatentes pre-
sidente da República deslocou- sentes, alguns acompanhados
-se junto ao Monumento aos dos respetivos familiares, iam
Mortos do Ultramar onde co- procurando nas lápides os no-
locou uma coroa de flores em mes de antigos camaradas de
homenagem aos mortos ao ser- armas.
viço da Pátria.
Com um almoço-convívio,
O Encontro iniciou-se com servido no relvado frente ao
uma Missa Campal, acompanhada pelo Monumento, terminou mais
Grupo Coral da Cruz Vermelha Portugue- um Encontro daqueles que cumpriram as
sa, por intenção de Portugal e de sufrágio palavras proferidas quando do seu Jura-
pelos que por ele tombaram. mento de Bandeira.
Alocução do Professor Doutor Manuel An tunes
Estimados Combatentes, tos, e em que pereceram quase nove mil mar, como Vasco da Gama, “Ditosa Pátria
Quero agradecer-vos a suprema portugueses europeus e africanos, cujos minha amada”. Porque estes Homens só
honra de poder estar, aqui e hoje, nomes estão para sempre gravados neste morrem quando a Pátria se esquece deles.
convosco. Não me reconheço os dotes que monumento. Tal como os navegadores de E porque não nos esquecemos deles, aqui
presumivelmente estiveram na origem do antanho, muitos destes deixaram as suas viemos hoje.
convite que me foi feito pela Comissão terras para defender a Pátria em terras lon-
Executiva deste Encontro e que outros, em gínquas, que a maior parte até desconhecia. Mas não recordamos apenas os que
anos anteriores, evidenciaram. perderam a sua vida na guerra, homena-
No entanto, as palavras deste Homenageamos todos os outros que
ilustre desconhecido que está deram a vida pela Pátria ao longo da sua geamos também um enorme
perante vós, que não serão um história, neste rol incluindo aqueles que, número de combatentes ainda
modelo de retórica, são certa- mais recentemente, o fizeram em missões vivos, a merecer reconhecimen-
mente sentidas. Como escre- de paz em que, como cidadãos do mundo, to, e de que há muitos, ainda, a
veu o poeta, estivemos e continuamos a estar envolvi- sofrer as consequências de uma
dos em várias partes do planeta. guerra por Portugal, com refe-
Mas eu que falo, humilde, rência especial para os mais de
baxo e rudo, Todos merecem o nosso mais profundo 15.000 deficientes do ultramar.
De vós não conhecido nem reconhecimento. “Ditosa Pátria que tais Os Portugueses homenageiam-
sonhado? filhos tem”. Não tenhamos medo desta -vos a todos vós que aqui estais
Da boca dos pequenos sei, frase, como não devemos ter medo de afir- e os vossos camaradas que aqui
co ntudo, não puderam vir.
Que o louvor sai às vezes
acabado. É claro que há por aí quem
No 10 de Junho, celebramos o Dia de não goste do que aqui estamos a
Portugal, Dia de Camões, o poeta da nos- fazer. Mas como disse, há pouco
sa epopeia ultramarina. Estamos todos mais de um ano, o Senhor Presi-
aqui, neste local histórico, à sombra da dente da República, por ocasião
Torre de Belém, que simboliza os des- do 50º Aniversário do início da guerra em
cobrimentos portugueses, para celebrar África, “…hoje aqui não homenageamos
Portugal e honrar os seus combatentes, uma época, um regime ou uma guerra. Tra-
os seus heróis. ta-se, simplesmente, de uma homenagem
Homenageamos os que combateram na da Pátria àqueles que se encontram entre
guerra do Ultramar, a mais recente e que os seus melhores servidores”.
ainda está bem viva na memória de mui- Ainda que algo se tenha progredido
nos últimos anos, lamento a forma como
os Antigos Combatentes da Guerra de
Ultramar foram, e continuam a ser des-
considerados, mesmo maltratados, o que
26 AGOSTo 2012 • Revista da Armada