Page 13 - Revista da Armada
P. 13

“SUBMARINOS EM PORTUGAL – 100 ANOS”

No dia 15 de abril de 1913 era en-            EXPOSIÇÃO                                  As imagens são acompanhadas por uma
         tregue formalmente à Marinha                                                    «banda sonora» composta essencialmen-
         Portuguesa o submersível Espa-      los das diferentes classes de submarinos    te por sons que se podem escutar no inte-
 darte. Este primeiro centenário de ope-     que integraram a Marinha Portuguesa até     rior de um submarino: transmissões sonar
 ração de submarinos em Portugal será        aos nossos dias. Alguns desses modelos      de navios de superfície e efeitos hidrofó-
 assinalado pela realização de diversas      são em corte, permitindo visualizar deta-   nicos de motores de navios.
 iniciativas, entre as quais se conta a ex-  lhes do interior dos submarinos.
 posição «Submarinos em Portugal – 100                                                    O referido espaço tem uma iluminação
 Anos». Inaugurada no passado dia 1 de        Em relação aos documentos, o espólio       bastante reduzida, criando um «ambien-
 março, estará patente ao públi-             apresentado é bastante rico. São mostra-    te luminoso» similar ao que encontramos
 co até 31 de maio, na Sala D.               dos diversos documentos relativos aos
 Luís do Museu de Marinha, po-               projetos portugueses, assim como outros              a bordo dos submarinos. Vale
 dendo ser visitada todos os dias,                                                                a pena referir que nos submari-
 exceto à segunda-feira, no horá-            documentos que dizem respeito à história             nos se procura simular a lumi-
 rio normal do Museu.                        das diferentes esquadrilhas. A tipologia             nosidade que existe no «mundo
                                             dos documentos é bastante variada: livros            exterior» isto é iluminando nor-
  A inauguração da exposição                 de registo de bordo, relatórios de missão,           malmente os diferentes espaços
 contou com a presença das                   planos dos navios, telegramas, documen-              entre o nascer e o pôr do sol e
 mais elevadas patentes milita-              tação contabilística, recortes de jornais,           desligando as luzes no período
 res: General Chefe do Estado-               entre outros.                                        noturno. Esta concordância da
 -Maior General das Forças Ar-                                                                    luminosidade interior com aque-
 madas, Chefes de Estado-Maior                O centro da exposição é constituído por             la que ocorre no exterior é par-
 da Armada, do Exército e da                 um espaço fechado, dentro do qual se                 ticularmente importante quando
 Força Aérea, os respetivos Vice-            procura transmitir o ambiente que pode               o submarino se encontra à cota
 -Chefes assim como o General                                                                     periscópica. Nessa situação, a
 Chefe da Casa Militar do Presi-             ser encontrado no interior de um submari-            existência de uma diferença sig-
 dente da República. Entre os convidados     no. Nesse espaço foram colocados alguns              nificativa entre a luminosidade
 para a cerimónia de inauguração con-        equipamentos, de dimensões razoáveis,       interior e a exterior pode ser prejudicial
 tavam-se muitos oficiais que prestaram      retirados dos submarinos classe Albaco-     para quem tenha que observar através do
 serviço em submarinos, nomeadamente         ra. A presença destes equipamentos per-     periscópio. Esta diferença será particular-
 vários antigos comandantes de submari-      mite perceber a escassez de espaço que      mente sensível no período noturno. No
 nos e comandantes da respetiva Esquadri-    se pode encontrar a bordo de qualquer       caso de uma noite mais escura a existên-
 lha, contando ainda com a presença de       submarino. Dentro desta “caixa” encon-      cia de alguma luminosidade no interior
 diversos militares que prestam serviço nos  tram-se dois televisores nos quais são      do submarino irá perturbar a visão de
 atuais submarinos.                          apresentadas imagens de submarinos em       quem se encontrar no periscópio, tornan-
                                             operação, tanto antigos como modernos.      do-o praticamente cego para aquilo que
  Coordenada pela Comissão Cultural da                                                   ocorre no exterior.
 Marinha, a exposição incorpora
 essencialmente peças que per-                                                                      O mencionado espaço fechado
 tencem aos acervos do Museu                                                                      possui também um periscópio.
 de Marinha, da Esquadrilha de                                                                    Foi escolhido um «Periscópio
 Submarinos e do Arquivo His-                                                                     mestre de ataques», usado para
 tórico da Biblioteca Central da                                                                  instrução nas primeiras esquadri-
 Marinha. Diversos painéis, rica-                                                                 lhas. No exterior da «caixa», em
 mente ilustrados, contam a his-                                                                  redor da lente do periscópio, foi
 tória das cinco esquadrilhas de                                                                  colocada uma imagem panorâ-
 submarinos que até hoje pres-                                                                    mica da cidade de Lisboa. Esprei-
 taram serviço em Portugal. Em                                                                    tando pelo periscópio consegue-
 termos cronológicos a história                                                                   -se ter uma visão da cidade, tal
 começa antes da entrega do Es-                                                                   como seria vista do interior de
 padarte à Marinha Portuguesa,                                                                    um submarino no meio do Tejo.
 apresentando-se os principais
 desenvolvimentos dos subma-                                                                        A exposição «Submarinos em
 rinos ocorridos durante o século XIX.                                                            Portugal – 100 Anos» não se
 Existem ainda painéis dedicados aos dois                                                         preocupa apenas com a histó-
 projetos que se conhecem, de autoria de                                                 ria das “máquinas de guerra” que são os
 inventores portugueses, o Primeiro-tenen-                                               submarinos. As pessoas são a essência
 te João Augusto Fontes Pereira de Melo e                                                de qualquer organização. Para realçar a
 o Primeiro-tenente Júlio Valente da Cruz.                                               importância dessas mesmas pessoas são
                                                                                         exibidas inúmeras fotografias de mari-
  A história também se conta com objetos                                                 nheiros que prestaram serviço em subma-
 e documentos. Diversos expositores per-                                                 rinos portugueses, ao longo deste último
 mitem observar peças pertencentes aos                                                   século.
 navios que integraram cada uma das es-
 quadrilhas. São também exibidos mode-                                                                                A. Costa Canas
                                                                                                                                   CFR

                                                                                                REVISTA DA ARMADA • MAIO 2013 13
   8   9   10   11   12   13   14   15   16   17   18