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A AVIAÇÃO NA MARINHA
Incumbida da missão de assegurar o apron-
tamento dos helicópteros, tripulações e do: a Base Aérea nº6, no Montijo. Uma base pilotos, recuperadores e de pessoal da manu-
equipas de manutenção com vista à consti- da Força Aérea outrora utilizada como ponto tenção, iniciada na Força Aérea.
tuição dos destacamentos de helicópteros atri- de lançamento e operação de aeronaves da
buídos às fragatas das classes Vasco da Gama Marinha. Esta escolha, além da proximidade O dia 24 de Setembro de 1993 é outro dia
e Bartolomeu Dias, e herdeira das tradições da de Lisboa, beneficiou da colaboração e co- de festa para a Marinha. Tendo como pano de
Aviação Naval, a Esquadrilha de Helicópteros operação da Força Aérea que se revelou de fundo a Torre de Belém, o estuário do Tejo e as
da Marinha celebra em 2013 dois marcos sig- extrema importância nestes primeiros passos. fragatas NRP Vasco da Gama e NRP Álvares
nificativos na sua história: vinte anos de exis- Consolidando-se não só na vivência diária dos Cabral, o cenário para a apresentação públi-
tência e vinte mil horas de voo sem acidentes militares de ambos os ramos, mas também no ca da sua mais nova unidade fica completo
a reportar. próprio processo de formação aeronáutica, de com a demonstração da versatilidade, mano-
brabilidade e capacidade dos novos helicóp-
Criada em 28 de Setembro de 1917 a Avia- teros Lynx Mk95 acompanhados em algumas
ção Naval, denominação pela qual é vulgar- manobras por aeronaves “Lynx” e “Sea King”
mente conhecido o ramo aéreo da Marinha da Royal Navy. As cerimónias oficiais ficaram
de Guerra Portuguesa, marca um passo impor- concluídas com a inauguração e visita às ins-
tante na expansão e desenvolvimento da ae- talações da Esquadrilha de Helicópteros pelo
ronáutica em Portugal. Com bases em Lisboa, senhor professor doutor Aníbal Cavaco Silva,
Aveiro, Algarve, Açores e Macau, operou di- então Primeiro-Ministro.
versas aeronaves de asa fixa no cumprimento
das missões que lhe foram atribuídas. Em 1995 é criado o primeiro destacamento
de helicópteros. Desde então os Lynx Mk 95
A mais mediática façanha realizada por este da Marinha têm operado nos mais diversos
grupo de pioneiros foi sem dúvida a travessia teatros operacionais, em todos os pontos do
aérea do Atlântico Sul, protagonizada pelo globo em que a sua presença tem sido solicitada.
Almirante Gago Coutinho e pelo comandan- A sua grande versatilidade, complementada
te Sacadura Cabral. De 30 de Março a 15 de pela possibilidade que têm de efetuar altera-
Junho de 1922, voando durante sessenta e ções rápidas à sua configuração interna, têm
duas horas e vinte e seis minutos, percorreram garantido um emprego multidisciplinar que
os 8.383 quilómetros que separam Lisboa do varia desde operações anti-submarinas, opera-
Rio de Janeiro. Para realizarem tal façanha ções de interdição marítima, busca e salvamen-
utilizaram três hidroaviões Fairey FIII-D e to, apoio a populações sinistradas, participação
socorreram-se de instrumentos de navegação em exercícios nacionais e internacionais e par-
aeronáutica desenvolvidos pelos próprios, ticipação em festivais e demonstrações aéreas.
nomeadamente o sextante com horizonte ar-
tificial e o corretor de rumos. Este feito servi- Em 2009, como reconhecimento pelos ser-
ria de inspiração e de rampa de lançamento viços prestados, a Esquadrilha de Helicópteros
para os posteriores raids aéreos realizados por da Marinha foi condecorada com a Medalha
aviadores nacionais e estrangeiros. Militar de Serviços Distintos Grau Ouro, atri-
buída pelo então Chefe de Estado-Maior da
Em 1952 é criada a Força Aérea. Este novo Armada, Almirante Melo Gomes.
ramo das Forças Armadas resultou da união
da Aviação Naval com a Aviação do Exército, Ao longo de vinte anos a Esquadrilha de He-
absorvendo e concentrando em si os recursos licópteros da Marinha tem aprontado helicóp-
humanos, materiais e infraestruturas destas teros e pessoal assegurando destacamentos
duas forças. No entanto a Marinha continuou prontos a embarcar nas fragatas das classes
a operar aeronaves para fins operacionais e de Vasco da Gama e Bartolomeu Dias, aumen-
treino próprio durante mais alguns anos. Em tando assim as suas capacidades de armas,
1958 perde as suas asas e é definitivamente sensores e empenhamento na diversidade de
extinta a Aviação Naval. missões que lhes são atribuídas.
No final dos anos oitenta, fruto das evoluções No dia 14 de Abril de 2013 foram alcança-
geopolíticas e do desenvolvimento dos con- das as vinte mil horas de voo. Coube a honra
ceitos estratégicos da época, é decidido dotar de atingir este marco ao destacamento nº21
a Marinha de Guerra Portuguesa de fragatas – “BlackJack”, embarcado no NRP Vasco da
com capacidade de operar helicópteros orgâ- Gama por ocasião do exercício INSTREX13.
nicos. Desta maneira obtinha-se uma platafor- Além de ser um número de horas de voo
ma que poderia estender a sua capacidade de significativo, esta efeméride torna-se ainda
emprego de armas e sensores muito para além mais notável pelo facto de, durante estes
das capacidades existentes até então. Estavam vinte anos, não se terem registado acidentes.
assim lançadas as sementes para a criação das Recorde que superou todas as expectativas,
Esquadrilha de Helicópteros. mesmo as mais favoráveis, e apenas possível
devido ao empenho e ao espírito de missão
Data de 2 de Junho o despacho nº 40/93 do dos militares que servem na Esquadrilha de
Almirante Chefe de Estado-Maior da Armada Helicópteros da Marinha.
que faz renascer das cinzas o espírito da Avia-
ção Naval. Foi assim mandada ativar a Esqua- Pelos seus 20 anos e 20.000 horas de voo:
drilha de Helicópteros no dia 8 do mesmo mês, Parabéns à Esquadrilha de Helicópteros.
sendo que o local escolhido para a sua imple-
mentação não poderia ter sido mais apropria- J. Dias Pinheiro
1TEN
6 JULHO 2013 • REVISTA DA ARMADA