Page 9 - Revista da Armada
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médico-sanitárias; também se efetuaram al-             4 Fontes atuais referem que esta aeronave teria tido o  7 Para além dos navios mencionados, participaram
gumas aterragens de Alouette III no parque             nome de “Pátria” ou de “Portugal”. Efetivamente al-     também na expedição, os contratorpedeiros “Gua-
do heli das corvetas da classe João Couti-             guma imprensa da época sugeriu batiza-la com estes      diana” e “Vouga” (que se afundou após colidir com
                                                       nomes, mas na sua efémera existência, o “16” nunca      o “Pedro Gomes”), a canhoneira “Bengo”, o “Gil
nho, mais com o objetivo de demonstrar as              foi oficialmente batizado.                              Eanes” como navio-hospital e quatro navios de pesca
capacidades dos novos navios do que pro-               5 Também conhecida por “Revolta das Ilhas” ou           para transporte de animais e carga. Até a viagem de
priamente como necessidade operacional.                “Revolta dos Deportados”, foi iniciada por oficiais     instrução da “Sagres” foi alterada para a Madeira para
Sabe-se também que, durante o processo                 subalternos descontentes e imediatamente apoiada        apoiar as operações. Esta esquadra, que foi a maior
de descolonização, terão regressado a Por-             pelos políticos e oficiais deportados na Madeira. Ti-   que se reuniu em Portugal no sec. XX, transportou uma
tugal alguns helicópteros da FAP, a bordo              nha como objetivo desencadear uma série de levanta-     força de desembarque de cerca de 2500 militares.
de corvetas e de fragatas da classe                    mentos militares em todo o país e colónias que iriam    Apesar da obsolescência e “diversidade” dos navios
João Belo. Pontualmente, em exer-                      culminar na queda do regime. Alastrou-se somente a      desta expedição, não deixa de ser notável o facto de

                                                                                                                     ter sido aprontada em apenas 20 dias.
                                                                                                                     8 Um artigo da edição de 4-7-1931 do “Diário

cícios nacionais, terão aterrado                                                                               da Manhã” referia: ”Um dos seus voos chegou a
também helicópteros a bordo do                                                                                 ser tão baixo que o aparelho, ao amarar, foi-lhe
NRP São Gabriel.                                                                                               encontrada uma cana espetada entre os flutua-
                                                                                                               dores e a asa.”
 Considerou-se mais tarde no pla-                                                                              9 Durante a expedição não foram detetados da-
no de modernização das fragatas da
classe João Belo dotar estes navios                                                                            nos devido aos disparos de terra, mas veio-se a
com um convés de voo e hangar                                                                                  verificar numa inspeção posterior no Centro de
                                                                                                               Aviação Naval de Lisboa, que o CAMS nº44 te-
telescópico, contudo o projeto não                                                                             ria sido atingido num dos lemes.

seguiu este rumo.                                                                                              10 Em 1938, os Osprey foram transferidos para
 Finalmente, nos anos 90 a Mari-                                                                               o Centro de Aviação Naval de Macau, tendo-se
                                                                                                               adquirido outros quatro exemplares desta ae-
nha viria a adquirir as fragatas da                                                                            ronave para equipar este Centro. A partir desta
classe Vasco da Gama e os helicóp-                                                                             altura passaram a embarcar nos navios hidroavi-
teros Lynx Mk95 e, pela primeira              Alouette III da FAP a bordo do NRP António Enes, em novembro     ões Fleet e Avro 626.
vez na história da Marinha, foi pos-          de 1972, ao largo de Luanda.                                      11 Como termo de comparação refira-se que
sível utilizar de uma forma susten-                                                                             atualmente um Lynx embarcado voa mensal-
tada aeronaves orgânicas. Logo em                                                                               mente 30-40 horas, na sua esmagadora maioria

                                                                                                                 com o navio a navegar.

1995, quando os helicópteros em-                                                                               Foto FAP – Esquadra 552)  12 Efetivamente terá sido o Centro de Aviação
barcados começaram a operar no                                                                                                           Naval de Lisboa, em 1951(?), a experimentar
Adriático, comprovou-se o acrésci-                                                                                                       pela primeira vez em Portugal durante pou-
mo operacional que proporciona-                                                                                                          co tempo, um helicóptero WS-51 Dragonfly
vam aos seus navios, e desde então                                                                                                       Mk.1A civil britânico.
o valor operacional do helicóptero
tem sido inestimável nas diferentes                                                                                                      13 De referir no entanto, que a primeira ope-
operações em que a Marinha par-                                                                                                          ração de um helicóptero português a partir de
                                                                                                                                         um navio ocorreu em março de 1955 quando o
                                                                                                                                         helicóptero UH-19A Chicksaw da Força Aérea
                                                                                                                                         Portuguesa, após um período de manutenção
ticipou, desde a Guiné-Bissau em                                                                                                         nas OGMA, embarcou em Lisboa no porta-
1998 até à atualidade nas opera-                                                                                                         -aviões USS “Tripoli”, que no seu regresso aos
ções de combate à pirataria no Índi-                                                                                                     EUA o descolaria ao largo da Terceira para a
                                                                                                                                         base Aérea das Lajes. O helicóptero descolou
co. Muito mais haveria para contar                                                                                                       a 10 de março de 1955 do convés do “Tripoli”
sobre os 20 anos de operação dos              Alouette III da FAP a bordo do NRP S. Gabriel.                                             para aquele que seria o seu voo de regresso às
Lynx ao serviço da Marinha Portu-                                                                                                        Lajes e, simultaneamente, o seu voo de estreia
guesa, mas isso será assunto para os                                                                                                     como aeronave de evacuações médicas, uma
próximos artigos…                                                                                                                        vez que evacuou para terra um marinheiro da
                                                                                                                                         guarnição com apendicite aguda.
                                                                                                                                         14 A Operação Tridente foi uma das mais im-
                                                                                                               Foto CAB L Figueiredo     portantes que as forças portuguesas realizaram
                                                                                                                                         nos teatros de guerra de África. Foi uma opera-
       H. Baptista Cabral                                                                                                                ção conjunta de forças do Exército, Marinha e
                   CTEN                                                                                                                  Força Aérea, que desencadearam uma ofensi-
                                                                                                                                         va convencional com o objetivo de restabele-
                                                                                                                                         cer o controlo das ilhas na região do Como, as
Notas                                                                                                                                    quais, desde 1963, estavam controladas pelos
1 Ainda hoje persiste a polémica se efetiva-                                                                                             guerrilheiros do PAIGC.

mente terão sidos os irmãos Wright a fazer o                                                                                             Bibliografia
primeiro voo… Pelo facto deste não ter sido
devidamente homologado por agências ou
testemunhas credíveis, muitos consideram                                                                                                  TADEU, Viriato – Quando a Marinha tinha asas
que o mérito pertence ao brasileiro Alberto                                                                                              – Lisboa: Ed. Culturais da Marinha, 1984.
Santos Dumont que, em 1906, voou 200m                                                                                                     GONÇALVES, J. Munkelt – O amanhecer da
perante uma multidão de parisienses e de                                                                                                 asa rotativa na Aviação Militar Portuguesa – Lis-
membros do “Aéroclube de France”.                                                                                                        boa: revista “Mais Alto” ed. Março/abril de 2004.
2 Logo em novembro de 1910, Glenn Cur-                                                                                                    COSTA, Eduardo; PAULINO, Francisco Faria
tiss, por muitos considerado o “pai da avia-                                                                                             - A revolta da Madeira [documentário]- Funchal:
                                                                                                                                         RTP Madeira, 2006.
ção naval”, demonstrou à US Navy que se-                                                                                                 MELO, Francisco Lopes - 1931: O ano de todas
ria possível descolar uma aeronave de um                                                                                                 as revoltas [em linha] - disponível na http://www.
navio. Eugene Ely, um dos pilotos de Cur-     Helicóptero orgânico Lynx MK95 descola do NRP Vasco da Gama.                               sgmf.pt.

tiss, efetuou a primeira descolagem a partir           algumas ilhas dos Açores e à então Guiné Portuguesa.             VILLALOBOS, José - Aspectos gerais -  Opera-
da proa do cruzador USS “Birmingham”, na qual foi      As tentativas de levantamento em Moçambique e S.        ção Tridente [em linha] - disponível na http://www.guer-
instalada uma plataforma de madeira para ser utiliza-  Tomé fracassaram e os levantamentos planeados para      racolonial.org.
da como convés de voo. Em janeiro de 1911, Curtiss     o continente nunca ocorreram. A população da Ma-         NRP “Afonso de Albuquerque” - Relatório do Chefe do
demonstraria que também seria possível aterrar um      deira, ainda no rescaldo da “Revolta da Farinha” que    Serviço de Aviação (1942) - Lisboa: Biblioteca Central de
dos seus aviões numa plataforma montada na popa do     tinha ocorrido dois meses antes, deu grande apoio ao    Marinha/Arquivo Central.
USS “Pennsylvania”.                                    levantamento. A revolta na Madeira foi neutralizada a    NRP “Bartolomeu Dias” - Relatório do Chefe do Serviço
3 Apesar de ser tradicionalmente conhecida por “Avia-  2 maio de 1931, e na sua sequência, as tropas revolto-  de Aviação (1942) - Lisboa: Biblioteca Central de Mari-
ção Naval”, a aviação da Marinha teve as seguintes     sas na Guiné declararam a sua rendição incondicional    nha/Arquivo Central.
denominações oficiais: Serviço de Aviação da Armada    a 6 de maio.
(1917-1918); Serviços da Aeronáutica Naval (1918-      6 Com mais um CAMS 37 embarcado.                        Agradecimentos
1936); Forças Aéreas da Armada (1936-1952).
                                                                                                               CTEN Brito e Abreu, Dr. Rodrigues Morais, Jorge Pereira.

                                                                                                                                         REVISTA DA ARMADA • JULHO 2013 9
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