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Postal ilustrado de época, evocativo da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.
exposição a máquina fotográfica “Kodak” a criação em 1925 da Escola de Aviação e cinco anos de actividade, a Aviação Na-
utilizada pelo Almirante Gago Coutinho Naval “Almirante Gago Coutinho”, inicial- val era extinta enquanto meio operacio-
para registar sobre a baía de Guanabara mente instalada no CAN do Bom Sucesso, nal da Marinha, passando a integrar a es-
a sua chegada triunfal ao Rio de Janeiro. a formação dos seus pilotos passou a ser trutura daquele que viria a ser o terceiro
O hidroavião “Santa Cruz”, com o número feita em território nacional. Mais tarde, ramo das Forças Armadas, a Força Aérea
“F17” de matrícula na Aviação Naval e nú- em 1934 foi aquela Escola definitivamen- Portuguesa.
mero de série “402” do fabricante inglês te transferida para o CAN de Aveiro, em S.
Fairey, que concluiu o raid aéreo Lisboa- Jacinto. No Serviço do Património do Mu- Mais tarde, em 1993, com a entra-
-Rio de Janeiro, ocupa lugar de destaque seu de Marinha, responsável pelo Arqui- da ao serviço dos helicópteros “Lynx”
na exposição permanente do Museu de vo de Imagens Históricas da Marinha, en- MK95 como unidades orgânicas das fra-
Marinha, sendo o único exemplar do seu contram-se diversos registos fotográficos gatas da classe “Vasco da Gama” e “Bar-
tipo, um Fairey IIID, existente no mundo. sobre a actividade e quotidianos daque- tolomeu Dias”, a Marinha voltou a con-
la Escola. Algumas destas imagens foram tar com meios aéreos para o desempe-
No Centro de Documentação do Museu recentemente publicadas pela Comissão nho das suas missões. No Museu de Ma-
de Marinha poderão ser também consul- Cultural da Marinha no Álbum de Memó- rinha, na sala “A Marinha no Século XXI”,
tados dezenas de diplomas, documentos rias – Aviação Naval7. encontra-se em exposição um modelo de
gráficos, cartões de felicitações e os mais um “Lynx”, construído pelo Comandante
diversos tributos de variadas proveniên- Os valiosos contributos que a Aviação Baptista Cabral e oferecido pelo Grupo de
cias enviados aos aviadores portugueses, Naval prestou no salvamento de sobre- Amigos do Museu de Marinha (GAMMA).
testemunhos da expressão e importância viventes de navios afundados durante a
que a primeira travessia do Atlântico Sul Segunda Guerra Mundial, assim como na Gonçalves Neves
teve para a aviação mundial, ultrapassan- salvaguarda da soberania nacional nas 2TEN ST-EHIS
do as fronteiras de Portugal e Brasil. águas territoriais, foram importantes ar-
gumentos para a manutenção da capa- N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
Dois anos após este sucesso, a 15 de cidade aérea na Marinha Portuguesa. É
Novembro de 1924, o Comandante Saca- neste contexto que foram adquiridos di- Notas
dura Cabral desaparecia aos comandos do versos aparelhos para reconhecimento de 1 Cf. VALM Abílio Cruz Júnior – “Sacadura Cabral. O
aparelho que pilotava, juntamente com longo e médio alcance, entre eles doze hi- homem que deu asas à Marinha. 1ª Parte” in Revista da
o mecânico que o acompanhava, o Cabo droaviões “Grumman G-44” «Widgeon». Armada, Nº 330, Abril 2000, pp. 17-20.
Pinto Correia. No Pavilhão das Galeotas Um destes aparelhos, com o número de 2 Cf. Adelino Cardoso – Aeronaves Militares Portuguesas
encontram-se em exposição fragmentos matrícula “128” na Aviação Naval, encon- no Século XX, [s.l.], Essencial, [s.d.], p. 243.
do flutuador do “Fokker T 3W”, um dos tra-se exposto no Pavilhão das Galeotas, 3 1ª Exposição Internacional Aeronáutica. Catálogo, Lis-
cinco aparelhos adquiridos para a Aviação ao lado dos seus antecessores, o FBA e o boa, Aero-Club de Portugal, 1935.
Naval por Sacadura Cabral e que o mesmo F17 “Santa Cruz”. Estes aparelhos presta- 4 Cf. VALM Abílio Cruz Júnior – “O Hidroavião FBA - Uma
fez questão de trazer pessoalmente para ram ainda um valioso contributo para as Relíquia Aeronáutica”, in Revista da Armada, Nº 328, Fe-
Portugal. missões hidrográficas e geográficas nos vereiro 2000, p.35.
antigos territórios portugueses em África, 5 Relatório da Viagem Aérea, Lisboa – Rio de Janeiro. Efec-
Os últimos anos da através dos levantamentos de fotografia tuada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. 1922.
Aviação Naval aérea realizados. 6 Cf. Viriato Tadeu – Quando a Marinha tinha asas…
Anotações para a História da Aviação Naval Portuguesa
Apesar do desaparecimento do seu Em 1952, a Lei nº 2055 de 27 de Maio (1916-1952). Lisboa, Edições Culturais da Marinha, 1984,
principal impulsionador, a Aviação Naval promulgou a organização geral da aero- pp. 195-197.
conheceu um período de franco desenvol- náutica militar, criando o Subsecretaria- 7 Álbum de Memórias. Aviação Naval. 1917-1952, Lisboa,
vimento nos anos que se seguiram. Com do de Estado da Aeronáutica. Após trinta Comissão Cultural da Marinha, 2012.
16 FEVEREIRO 2014