Page 16 - Revista da Armada
P. 16

REVISTA DA ARMADA | 482

Postal ilustrado de época, evocativo da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.

exposição a máquina fotográfica “Kodak”      a criação em 1925 da Escola de Aviação      e cinco anos de actividade, a Aviação Na-
utilizada pelo Almirante Gago Coutinho       Naval “Almirante Gago Coutinho”, inicial-   val era extinta enquanto meio operacio-
para registar sobre a baía de Guanabara      mente instalada no CAN do Bom Sucesso,      nal da Marinha, passando a integrar a es-
a sua chegada triunfal ao Rio de Janeiro.    a formação dos seus pilotos passou a ser    trutura daquele que viria a ser o terceiro
O hidroavião “Santa Cruz”, com o número      feita em território nacional. Mais tarde,   ramo das Forças Armadas, a Força Aérea
“F17” de matrícula na Aviação Naval e nú-    em 1934 foi aquela Escola definitivamen-    Portuguesa.
mero de série “402” do fabricante inglês     te transferida para o CAN de Aveiro, em S.
Fairey, que concluiu o raid aéreo Lisboa-    Jacinto. No Serviço do Património do Mu-      Mais tarde, em 1993, com a entra-
-Rio de Janeiro, ocupa lugar de destaque     seu de Marinha, responsável pelo Arqui-     da ao serviço dos helicópteros “Lynx”
na exposição permanente do Museu de          vo de Imagens Históricas da Marinha, en-    MK95 como unidades orgânicas das fra-
Marinha, sendo o único exemplar do seu       contram-se diversos registos fotográficos   gatas da classe “Vasco da Gama” e “Bar-
tipo, um Fairey IIID, existente no mundo.    sobre a actividade e quotidianos daque-     tolomeu Dias”, a Marinha voltou a con-
                                             la Escola. Algumas destas imagens foram     tar com meios aéreos para o desempe-
  No Centro de Documentação do Museu         recentemente publicadas pela Comissão       nho das suas missões. No Museu de Ma-
de Marinha poderão ser também consul-        Cultural da Marinha no Álbum de Memó-       rinha, na sala “A Marinha no Século XXI”,
tados dezenas de diplomas, documentos        rias – Aviação Naval7.                      encontra-se em exposição um modelo de
gráficos, cartões de felicitações e os mais                                              um “Lynx”, construído pelo Comandante
diversos tributos de variadas proveniên-       Os valiosos contributos que a Aviação     Baptista Cabral e oferecido pelo Grupo de
cias enviados aos aviadores portugueses,     Naval prestou no salvamento de sobre-       Amigos do Museu de Marinha (GAMMA).
testemunhos da expressão e importância       viventes de navios afundados durante a
que a primeira travessia do Atlântico Sul    Segunda Guerra Mundial, assim como na                                              Gonçalves Neves
teve para a aviação mundial, ultrapassan-    salvaguarda da soberania nacional nas                                                   2TEN ST-EHIS
do as fronteiras de Portugal e Brasil.       águas territoriais, foram importantes ar-
                                             gumentos para a manutenção da capa-         N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
  Dois anos após este sucesso, a 15 de       cidade aérea na Marinha Portuguesa. É
Novembro de 1924, o Comandante Saca-         neste contexto que foram adquiridos di-     Notas
dura Cabral desaparecia aos comandos do      versos aparelhos para reconhecimento de     1 Cf. VALM Abílio Cruz Júnior – “Sacadura Cabral. O
aparelho que pilotava, juntamente com        longo e médio alcance, entre eles doze hi-  homem que deu asas à Marinha. 1ª Parte” in Revista da
o mecânico que o acompanhava, o Cabo         droaviões “Grumman G-44” «Widgeon».         Armada, Nº 330, Abril 2000, pp. 17-20.
Pinto Correia. No Pavilhão das Galeotas      Um destes aparelhos, com o número de        2 Cf. Adelino Cardoso – Aeronaves Militares Portuguesas
encontram-se em exposição fragmentos         matrícula “128” na Aviação Naval, encon-    no Século XX, [s.l.], Essencial, [s.d.], p. 243.
do flutuador do “Fokker T 3W”, um dos        tra-se exposto no Pavilhão das Galeotas,    3 1ª Exposição Internacional Aeronáutica. Catálogo, Lis-
cinco aparelhos adquiridos para a Aviação    ao lado dos seus antecessores, o FBA e o    boa, Aero-Club de Portugal, 1935.
Naval por Sacadura Cabral e que o mesmo      F17 “Santa Cruz”. Estes aparelhos presta-   4 Cf. VALM Abílio Cruz Júnior – “O Hidroavião FBA - Uma
fez questão de trazer pessoalmente para      ram ainda um valioso contributo para as     Relíquia Aeronáutica”, in Revista da Armada, Nº 328, Fe-
Portugal.                                    missões hidrográficas e geográficas nos     vereiro 2000, p.35.
                                             antigos territórios portugueses em África,  5 Relatório da Viagem Aérea, Lisboa – Rio de Janeiro. Efec-
Os últimos anos da                           através dos levantamentos de fotografia     tuada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. 1922.
Aviação Naval                                aérea realizados.                           6 Cf. Viriato Tadeu – Quando a Marinha tinha asas…
                                                                                         Anotações para a História da Aviação Naval Portuguesa
  Apesar do desaparecimento do seu             Em 1952, a Lei nº 2055 de 27 de Maio      (1916-1952). Lisboa, Edições Culturais da Marinha, 1984,
principal impulsionador, a Aviação Naval     promulgou a organização geral da aero-      pp. 195-197.
conheceu um período de franco desenvol-      náutica militar, criando o Subsecretaria-   7 Álbum de Memórias. Aviação Naval. 1917-1952, Lisboa,
vimento nos anos que se seguiram. Com        do de Estado da Aeronáutica. Após trinta    Comissão Cultural da Marinha, 2012.

16 FEVEREIRO 2014
   11   12   13   14   15   16   17   18   19   20   21