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REVISTA DA ARMADA | 482
Não sendo Portugal membro do consór-
cio, a Marinha viu-se dependente da ca-
pacidade sobrante e disponibilização de
horas de voo pelos países membros, utili-
zando cerca de 100 horas por ano. No en-
tanto, o facto de usar configurações com
cockpit, sistemas de armas e sensores di-
ferentes da portuguesa, não era possível
explorar a totalidade das capacidades de
simulação ali residentes. Assim, embora
constituindo-se uma mais-valia e de enor-
me benefício para as tripulações portu-
guesas, a utilização do NLFMFT foi sempre
limitada à condução de missões em am-
biente simulado de voo visual e com emer-
gências básicas, ficando a sua utilização
em voo por instrumentos, emergências
complexas e operação em cenários táticos
extremamente condicionada.
O Problema Imagem virtual da EH tal como vista no simulador.
Em 2003, a Alemanha realizou uma modernização no Lynx Paralelamente à relocalização do simulador procedeu-se à mo-
Mk88, então, a configuração mais parecida com a nossa. As al- dernização do sistema visual do simulador, designadamente dos
terações produzidas naquele cockpit, tornaram-no inadequado seus sistemas geradores de imagem, displays e dos projetores de
para utilização no treino das tripulações portuguesas. Assim, imagem.
por ainda se oferecer como adequado, optou-se pela continui-
dade da utilização do simulador na configuração do Lynx Mk27 O programa de relocalização e modernização do simulador
holandês. foi concluído em 27 de julho de 2012, passando Portugal, nesta
data, a integrar o consórcio do NLFMFT como membro de pleno
Em 2008, a Holanda e a Noruega comunicaram a sua intenção direito.
de abandonarem a operação das respetivas frotas Lynx, e, natu-
ralmente, de saída do consórcio do simulador. Esta situação pers- Capacidade do simulador
petivou um problema para a Marinha na medida em que a única
configuração utilizável para o treino das suas tripulações iria de- Atualmente, dispondo de uma réplica do cockpit do seu Lynx
saparecer em 2012. Desta feita, proporcionou-se a oportunidade Mk95 e podendo simular cenários em diversas partes do mundo,
de Portugal integrar o consórcio e de reproduzir a sua própria desde o Mar Báltico ao Golfo de Áden, pretende-se realizar 240
configuração do Lynx Mk95. horas de voo por ano no simulador, com a possibilidade de cobrir
um vasto espectro de missões de formação e treino das suas tri-
Integração do Cockpit do Lynx pulações, incluindo missões de caráter tático diverso.
Mk95 no NLFMFT
A existência deste simulador proporciona à Marinha uma fer-
Após um período de coordenação, aprovação do projeto, defi- ramenta de excelência que permitirá não só melhorar a forma-
nição de fonte de financiamento e celebração de contratos, ini- ção e o treino dos seus pilotos e operadores de sonar, reduzindo
ciou-se em 2009 o processo de desenvolvimento do programa ainda a utilização de horas de voo real na frota dos helicópteros.
Lynx FMFT Portuguese Integration Program (LFPIP) que culminou
em 18 de novembro de 2011 com a instalação, integração, avalia- Em 2013, celebraram-se os 20 anos de existência da Esqua-
ção e aceitação do cockpit do Lynx Mk95 no NLFMFT. drilha de Helicópteros e de operação do Lynx Mk95 na Mari-
nha, cumprindo-se durante este período mais de 20 mil ho-
Este processo, que contou com uma forte colaboração dos ins- ras de voo real, sem o registo de qualquer acidente. Para
trutores alemães, dinamarqueses e dos técnicos da CAE Inc, in- este marco, sem dúvida motivo de orgulho para todos, te-
cluiu a integração de hardware (instrumentos, comandos e sen- rão contribuído muitos fatores, no entanto, não será alheio
sores específicos) e adequação do software aos parâmetros e ca- e relevante o contributo que a utilização do simulador de voo
racterísticas do Lynx Mk95. Em simultâneo, iniciou-se o desen- NLFMFT4 terá tido no emprego eficiente e eficaz do helicóptero
volvimento de uma base de dados do território nacional com re- naval da Marinha Portuguesa.
curso a cartas geo referenciadas e orto retificadas adquiridas ao
Instituto Geográfico do Exército. Foi ainda desenvolvido um mo- Conceição Lopes
delo tridimensional da Base Aérea do Montijo e da Esquadrilha CFR
de Helicópteros que inclui, também, modelos das fragatas Vasco
da Gama e Bartolomeu Dias, com os quais é possível interagir e Notas
realizar operações de voo2 . 1 A valores estimados para 2013, o custo de hora de voo no simulador representa cerca
de 33% do custo da hora de voo real.
Paralelamente ao processo de integração do cockpit do Lynx 2 Os modelos dos nossos navios replicam integralmente os sistemas usados a bordo (barra
Mk95 no simulador, um grupo de trabalho desenvolveu a ade- de horizonte, Glide Path Indicator, marcas e grade de convés de voo). Existe ainda um
quação do Memorandum of Understanding (MOU) entre os Esta- modelo de um Flight Deck Officer que interage com o piloto através da sinalética NATO
dos membros no novo consórcio3. em vigor.
3 Novo consórcio: Portugal, Alemanha e Dinamarca. A alteração ao MOU foi aprovada pelo
Relocalização e Modernização Despacho do Ministro da Defesa Nacional Nº 8110/2012, de 14 de junho.
4 Em 20 de maio de 2013, durante a International Training and Education Conference
Com a saída da Holanda do consórcio e passando a Alemanha (ITEC) realizada em Roma, a CAE Inc felicitou publicamente a Marinha Portuguesa pelo
a deter a maior quota de participação, o simulador foi transferi- cumprimento das 20.000 horas de voo sem registo de acidentes, e pela utilização efi-
do para a Base Aeronaval alemã de Nordholz (cerca de 100km a ciente e eficaz que tem feito do simulador de Lynx NLFMFT ao longo de 19 anos.
norte de Bremen).
Em 20 de janeiro de 2012, iniciou-se a transferência do simu-
lador da base de De Kooy, na Holanda, para aquela base alemã.
FEVEREIRO 2014 13