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REVISTA DA ARMADA | 490

NATO TRIDENT JAGUAR 2014

Oexercício Trident Jaguar 2014 (TRJR14) da NATO decorreu no             O TRJR14 teve como pano de fundo um cenário fictício que
     período de 02 a 16 de maio a bordo do USS Mount Whitney sob      decorreu em ambiente de exercício assistido por computa-
o Comando do Vice-almirante Phillip Davidson da Marinha dos EUA       dor, vulgarmente designado por CAX3. O cenário com o nome
e atual Comandante da Naval Striking and Support Forces NATO          Skolkan é uma operação no âmbito do Artigo 5 do Tratado
(SFN), localizada no Reduto Gomes Freire, em Oeiras. Contou com       do Atlântico Norte4 face a uma agressão militar e ocupação
uma participação nacional de 23 militares dos 3 ramos das FAs e 3     parcial da Estónia por um país beligerante, Bothnia, situado
civis, o que constituiu 10,7% do total de 253 elementos do Estado-    a norte do primeiro. Decorrente de disputas históricas relati-
-maior embarcado, distribuídos pelas áreas funcionais das opera-      vas à soberania sobre as águas territoriais, de recentes deco-
ções, logística operacional, apoio, planeamento operacional, ava-     bertas de jazidas de petróleo e de tensões étnicas, a Bothnia,
liação operacional, informações, protocolo, aconselhamento de gé-     atravessando uma grave crise económica, agiu unilateralmen-
nero, engenharia militar e inativação de engenhos explosivos, coo-    te com o recurso a meios militares e invadiu a Estónia conti-
peração civil-militar e operações especiais. Destes, há a destacar o  nental e as suas ilhas próximas.
DCOS Support (Deputy Chief-of-Staff Support), cargo ocupado por
um CMG da Marinha, e o ACOS Logistics (Assistant Chief-of-Staff Lo-     Por decisão do Conselho do Atlântico Norte (NAC)5, a NATO é
gistics), atualmente ocupado por um CFR da Marinha e embora te-       convocada a prestar assistência à Estónia no âmbito do Artigo 5
nha sido atribuído à Itália, será um cargo ocupado pela Espanha em    do Tratado. A SFN recebe a missão de defender a Estónia, repor
regime de rotatividade com outras nações, mas só a partir de 2015.    a sua integridade territorial e contribuir para o restabelecimento
                                                                      da estabilidade na região. Para tal efeito, são geradas as forças
   O TRJR14 teve como objetivo final a certificação da SFN,           consideradas necessárias, de acordo com as capacidades que o
como o primeiro Comando da Estrutura de Forças da NATO,               planeamento operacional de resposta a crise definiu. Num total
para poder planear e conduzir uma operação marítima expe-             de quase 60.000 militares, 90 navios agrupados em Forças Tarefa
dicionária conjunta de pequena escala (Maritime Expeditionary         Anfíbias, de Porta-aviões e Expedicionárias (Amphibious, Carrier
Small Joint Operation)1.                                              and Expeditionary Strike Groups), 229 aeronaves, uma Brigada
                                                                      Terrestre Lituana e forças especiais, entre outras, a SFN assumiu
   Depois da sua fase de planeamento, a execução do exercício         o Comando da Força do Báltico (BALFOR) em apoio à Estónia exe-
foi antecedida por uma série de eventos preparatórios ao lon-         cutando as tarefas deduzidas da missão militar atribuída.
go de 8 meses que incluiu treinos diversos, formação nos vários
domínios das operações na Escola da NATO em Oberammergau,               Decorrente da recente alteração das estruturas dos Comandos
Alemanha, e dias de estudo temáticos. O planeamento para res-         e das Forças da NATO, a capacidade e as organizações logísticas
posta a crises (Crisis Response Planning) decorreu no princípio       da organização sofreram uma significativa redução com o encer-
do ano ao longo de 5 semanas ininterruptamente. Antes do em-          ramento dos Comandos de Força de Madrid, Espanha, e de Hei-
barque do Estado-maior no navio de Comando e Controlo, USS            delberg, Alemanha6. Em cada um destes comandos operavam
Mount Whitney, atracado em Lisboa, a fase de execução já havia        2 elementos nucleares do Joint Logistics Support Group (JLSG)7
sido antecedida pelo Battle Staff Training2. O navio largou de Lis-   num total de 100 pessoas. A arquitetura do JLSG, com esta rees-
boa no dia 2 de maio, tendo ficado ao largo para posteriormente       truturação, ficou com apenas 2 elementos nucleares – 4 oficiais
embarcar por helicóptero o último contingente de participantes        em cada Comando Operacional Conjunto de Nápoles, Itália, e
que entretanto foram chegando ao Aeroporto da Portela. O na-          Brunssum, Holanda. Os restantes 21 estão noutros cargos acu-
vio prosseguiu a sua missão em direção ao Mediterrâneo, tendo         mulando funções nessas 2 organizações.
o exercício terminado a 16 de maio em Gaeta, Itália, onde atra-
cou para desembarcar os participantes.                                  No âmbito das MEO e face ao condicionalismo anterior que
                                                                      a NATO enfrenta, a SFN desenvolveu um conceito logístico para

8 NOVEMBRO 2014
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