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REVISTA DA ARMADA | 491
Transportes e Infra-Estruturas – PETI), viii. Turismo marítimo
O turismo marítimo, latu sensu, é um
aplicado ao sector portuário, com 3 pro- sector em franca ascensão a nível inter-
nacional e, também, entre nós, embora
jectos já iniciados, nomeadamente o ter- mais modestamente. Tem outra parti-
cularidade, é das áreas de negócio em
minal de cruzeiros do porto de Leixões e que o retorno do investimento é mais
curto. É um sector com assinalável po-
a iniciar ao longo do septénio diversos tencial de crescimento, assim consiga-
mos recuperar do atraso ao nível da es-
investimentos infraestruturais: amplia- truturação (infra-estruturas) e dinami-
zação (promocional). O já mencionado
ção ou novos terminais de contentores PETI 2014-2020 aponta para o turismo
de cruzeiros a meta de um aumento de
em Leixões, Aveiro, Lisboa; acessibilida- 50% do número destes turistas, supor-
tado por novas gares a edificar em Lis-
des e obras marítimas em Aveiro, Figuei- boa e Leixões.
ra da Foz, Setúbal, Sines e Algarve. A concluir
Em fase de conclusão, diríamos que
v. Reparação e Construção Naval
O subsector da construção naval tem não basta falar para levar esse potencial a
inventário do nosso futuro. É preciso agir
sido, a nível europeu e nacional, dos para ser bem-sucedido e colher os be-
mais castigados pela globalização e for- nefícios, realizando passo a passo, dia a
te concorrência dos estaleiros asiáti- dia, acções concretas, projectos simples e
cos. Entre nós juntam-se outras razões, programas coerentes, naturalmente ins-
como o reduzido mercado, o crescimen- critos na referida estratégia integradora
to anémico, a crise económica prolon- e abrangente de todos os intervenientes
gada, a escassez de indústrias auxilia- no processo, devidamente mobilizados e
res, etc, de cuja conjugação resulta um convencidos da bondade deste novo clus-
diagnóstico de exíguo potencial de ex- ter, desejavelmente movido por um “tri-
pansão, com capacidades que pouco plo hélice”, devidamente articulado com
ultrapassam, por ora, as áreas de pro- as políticas nacionais e da UE: empresas
jecto de engenharia, sociedades classi- (iniciativa privada), sector público (“ena-
ficadoras, controlo de qualidade e pou- bler”, organização e fiscalização) e Univer-
co mais. A letargia dos demais estaleiros sidades (I&D, Ciência e Tecnologia).
portugueses, incluindo os secundários,
poderá ter alguma animação através da Mas, atenção. Continuar a falar de
construção de embarcações de recreio mar sem Marinhas (de Pescas, de Re-
com especialização e tecnologia sofisti- creio, Mercante ou de Comércio, MGP,
cadas. Acrescentamos a estes nichos o etc,), é a mesma coisa que reduzi-lo a
da “joint venture” entre estaleiros e em- nada mais do que uma mera, ainda que
presas metalomecânicas para a produ- sedutora, paisagem. Sem interiorizar
ção de equipamentos e plataformas of- isto, Portugal arrisca-se a falhar o sal-
fshore. Já a reparação naval é um seg- to para a modernidade, desbaratando o
mento que julgamos com capacidade futuro, e seria avisado que as elites di-
para melhores perspectivas de criação rigentes se empolgassem perante este
de valor acrescentado e de negócio. terrível desafio, munidos da necessária
lucidez de objectivos e determinação
vi. Biotecnologias estratégica para os prosseguir.
A biotecnologia marinha é um dos seto-
res com melhores perspectivas de desen- Rebelo Duarte
volvimento (a par do turismo náutico, aqua- VALM REF
cultura, energias renováveis, telecomunica-
ções submarinas e tecnologia e robótica), N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.
quer no domínio da indústria farmacêutica,
quer no campo da cosmética, quer ainda no Notas
plano das reservas alimentares e profilaxia
dos recursos haliêuticos e da já mencionada 1 Desenvolvida em artigo publicado a seu tempo
exploração intensiva de microalgas, prova- na Revista científica e-“Maria Scientia”, número
velmente a base mais segura de produção de JUL2012.
de biocombustíveis sem efeitos perversos 2 Resolução do Conselho de Ministros nº 12/2014,
sobre o ambiente e a oferta alimentar. in Diário da República, 1ª série — nº 30 — 12 de
fevereiro de 2014.
vii. Tecnologias marinhas e I&D
Neste domínio merece destaque a ativi-
dade desenvolvida no campo da eletróni-
ca naval e robótica submarina, para fins
civis e militares. São hoje um excelente
pólo de competência e competitividade
entre nós, através de empresas integradas
nas indústrias de defesa, com boa alíquo-
ta da produção a ser exportada, em parti-
cular os Sistemas Integrados de Controlo
e Comunicações (SICC´s).
12 DEZEMBRO 2014