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REVISTA DA ARMADA | 491

PATRONO DO NOVO CURSO DA ESCOLA NAVAL

JORGE ÁLVARES

  Jorge Álvares é o primeiro português a alcançar o Delta do
Rio das Pérolas, na costa chinesa, tendo dado início aos con-
tactos de quase cinco séculos entre os chineses e portugue-
ses. Da carreira deste escrivão e soldado/mercador até chegar
a Malaca em 1511, pouco se sabe. Sabe-se que larga dessa
cidade dois anos depois em direção à China, sendo o primeiro
a chegar à região, e que foi a mando do Capitão ou Governa-
dor de Malaca português. A China era um objetivo estratégico
dos portugueses, em termos comerciais, que consideravam o
comércio com o grande gigante asiático como o mais rentável.
A sua personalidade “amigável” e a facilidade no trato com os
comerciantes chineses terão sido importantes na sua nomea-
ção para a missão. Esta primeira viagem de Jorge Álvares à
China foi realizada na companhia de outros dois portugueses,
cujos nomes se desconhecem, tendo os três seguido a bordo
de um dos cinco juncos enviados por Nina Chatu, um rico mer-
cador de Malaca. Jorge Álvares seguiu na qualidade de escri-
vão e consequente guardião dos interesses oficiais, com obje-
tivos comerciais e de recolha de informações sobre a China,
que na época desconhecia a existência de Portugal. No fim da
sua primeira missão, em 1514, Jorge Álvares deixou a China
com valiosos produtos e abriu a possibilidade de outros oci-
dentais lá voltarem. A esta visita seguiu-se o estabelecimen-
to de algumas feitorias portuguesas na província de Cantão
onde, mais tarde, se viria a estabelecer o entreposto de Ma-
cau. A sua estadia no Oriente repartiu-se entre Malaca e via-
gens à costa da China, tendo, em 1517, partido de Malaca com
Fernão Peres de Andrade e Tomé Pires, para Cantão, os quais
iriam estabelecer uma oficial relação comercial com o gigante
asiático. Voltou à China em 1519 mas, desta vez, a missão não
foi bem sucedida devido ao inapropriado comportamento de
quem a chefiava, embora Jorge Álvares não estivesse ligado ao
fracasso. Nas suas navegações, terá aportado e levantado um
padrão na ilha de Lintin (chamada Tamão ou Tumen pelos por-
tugueses), o primeiro Padrão português na China. A ilha situa-
va-se no estuário do rio das Pérolas ou de Cantão, a cerca de
vinte quilómetros desta cidade, que era o grande centro mer-
cantil do sul da China. Na sua quarta e última viagem à China,
feita para reparar as relações com aquele país, fruto de exces-
sos cometidos pelos portugueses, acabou por vir a perecer no
dia 8 de Julho de 1521. Segundo a tradição, Jorge Álvares terá
sido enterrado junto ao padrão que ele próprio havia erigido
oito anos antes na ilha de Lintin.

                                                                           Alves Salgado
                                                                                       CMG

                                                                                            DEZEMBRO 2014 13
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