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REVISTA DA ARMADA | 522
como: garantir a liberdade de navegação, Interdição Marítima, TRÂNSITO PARA AKSAZ (7 a 15 ABR17)
luta contra a proliferação de armas de destruição em massa
(WMD) e proteger infraestruturas críticas. O navio largou da Base Naval de Lisboa a 7 de abril, tendo como
Em resumo, a NATO pretende demonstrar o seu empenha- destino inicial a Base Naval de Aksaz (Turquia), onde iria ocorrer
mento na manutenção da Paz e da Segurança nesta importante a integração na Força-Tarefa para o período de Operações Foca-
região, procurando fazê-lo interagindo com os atores regionais. das 17-2. Nesta fase inicial foi igualmente testada a organização
Neste sentido, as unidades navais são chamadas a desenvol- interna para assistência e salvaguarda da vida humana no mar
ver um conjunto de tarefas com o objetivo de mostrar presença, em situação de salvamento em massa, realizando-se palestras e
difundindo, através de panfletos e avisos à navegação via rádio, exercícios. Não sendo esse o foco da missão, o facto de o navio
os objetivos da missão. transitar na área de maior probabilidade de ocorrência de even-
O principal propósito é o de desenvolver um conhecimento situa- tos relacionados com a migração irregular, levou por precaução a
cional marítimo robusto para esta região de particular interesse, que todos os preparativos internos ao nível dos procedimentos e
face à situação de guerra civil em que se encontra a Líbia, permi- do material fossem adotados.
tindo aumentar a capacidade da Aliança para conduzir e apoiar Durante o trânsito, além dos preparativos atrás identificados,
outras operações. Neste sentido, procuram identificar-se as rotas foi efetuado também um contato VHF com um navio de bandeira
e os padrões da navegação, a localização, o tipo e a intensidade do estado português, nomeadamente o N/M Souselas. Este con-
dos esforços de exploração dos recursos marítimos, bem como a tacto veio salientar a importância de acompanhar os navios de
eventual existência e incidência de atividades ilícitas, sobretudo as bandeira portuguesa, onde a Marinha poderá fazer também a
potencialmente relacionadas com o financiamento do terrorismo. diferença, se e quando necessário, transmitindo por certo um
Nesse sentido, o navio foi empenhado num largo espectro de sentimento de segurança aos comandantes desses navios. Este
operações marítimas, que incluíram tarefas como: contacto destinou-se a passar informação sobre as operações
– Controlo do mar, construindo, validando e mantendo um militares da área, para que o Comandante ficasse esclarecido e
panorama de superfície e aéreo numa área costeira e incluindo pudesse comunicar com o NRP Bartolomeu Dias, caso verificasse
as aproximações aos principais portos. Esta tarefa revela-se algo de anómalo durante o seu trânsito.
especialmente útil no combate a atividades ilícitas (contrabando, A 14 de abril o navio atracou na Base Naval de Aksaz, onde ocor-
emigração ilegal, tráfico de estupefacientes ou de armas), cons- reu a integração na força tarefa TG 440.03. Neste contexto e sob
tituindo uma das componentes principais para as operações coordenação do comandante da força foram realizadas diversas
de interdição ou de segurança marítima, ou para apoiar ações reuniões preparatórias e de coordenação, sendo de destacar o
desenvolvidas por outras agências, designadamente autoridades CTF 440 Command brief – COS brief, com a presença do DCOS
policiais ou aduaneiras; MARCOM RADM (OF-6) Jens Nemeyer e o seu staff, bem como
– Defesa assimétrica, essencial para garantir a operação em do CTG 440.03, Captain Polychronis Koulouris, e comandantes
segurança em ambientes de crise, e em concreto neste caso ao das unidades da TG 440.03 e da equipa de comando do TCG
largo de um país em guerra civil e desordem generalizada; Canakkale. O ITS Longobardo encontrava-se já em operação na
– Treino nas áreas tradicionais da guerra no mar, interagindo área atribuída.
com as Forças Armadas de outras nações em trânsito na área de
operações. OPERAÇÕES FOCADAS (16 a 28 ABR17)
A fragata Bartolomeu Dias integrou o grupo-tarefa atribuído
ao período de operações focadas FOCOPS designado TG 440.03, O navio largou da base naval de Aksaz a 16 de abril, iniciando a
constituída por quatro unidades de superfície do tipo fragata, o designada FASE I – Force Integration Training (FIT) das Operações
HS Salamis, da Grécia, o TCG Gemlik, da Turquia, e o ITS Euro, Focadas 17-2. A fase de FIT desenrolou-se em trânsito para área
de Itália. O comando do grupo-tarefa foi da responsabilidade da de patrulha na área de operações, tendo sido efetuados diver-
marinha grega a partir do HS Salamis. O CTG 440.03 contou ainda sos exercícios de integração dos navios da força, iniciando-se a
com o apoio de dois submarinos pertencentes à TG 440.06, em monitorização da navegação e contactando-se via rádio diversos
apoio associado o TCG Canakkale e em apoio direto o ITS Longo- navios mercantes.
bardo. Portugal contribuiu ainda neste período com uma aero- No período de 18 a 27 de abril, cumpriu-se a FASE II – Fase de
nave de patrulha marítima P3C CUP+, que operou a partir da Patrulha. Em 18 de abril, após um questionário a uma embar-
base aérea italiana de Sigonella e que se revelou uma enorme cação de pesca de nacionalidade egípcia, o navio realizou pela
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mais-valia para a patrulha efetiva da área de operações. primeira vez uma MSA Approach que incluiu a prestação de
Foto: Paulo JP Santos
Operações aéreas com a aeronave do ITS EURO. NRP Bartolomeu Dias em reabastecimento com ESPS Patiño.
12 SETEMBRO/OUTUBRO 2017