Page 159 - Revista da Armada
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«1910-Enue Hong-Konge Manila. Ocruzador 'S. Gabriel' sob um 'UIlOIO, sgusrela docomandanlaPin,oBas,o.

          e das gentes do mar. Não obriga a qualquer retribui·
          ção por parte do pintor, mas concede-lhe facilidades,
          como seja embarcar e  assim ficar  em mais estreito
          contacto com o  mar e  com os temas que irá pintar.                   ,
          Poucos anos depois o número dos pintores já se situa
          entre 40 e  50, para em 1941 ser novamente limitado
          a 20 por um perlodo renovável de 3 anos. É instituído
          um salão, onde podem ser apresentados os trabalhos
          realizados. Os pintores com mais de 60 anos passam
          à situação de honorários e todos eles podem usar uma
          pequena âncora a seguir à assinatura. Roger Chape-
          let, o grande pintor das duas ccSagresll, que os nossos
          leitores  bem conhecem é  um dos mais prestigiados
          membros deste grupo.
             E  em  Portugal,  com  tão fortes  tradições  maríti-
          mas,  guals foram os  pintores de  marinha que t~~e­
                                                                                                     --.-
          mos? A parte de um Gregório Lopes contestado, e dos                                      -11..~ • .&
          artistas que desenharam o  t<Livro das Armadas)) ou   .A 'Ssgres' navegando sob ve.nto rijo., dI1ssnho do pintor franc(Js
          que iluminaram o  excepcional  monumento que é  a   Roger Chapelet quando embsrcou nsquele navio-sscole, por oca·
          cartografia  portuguesa,  não  houve  no  nosso  pais   silJoda viagem decircum-nav8geçlJode 1979.
          qualquer escola ou, pelo menos, alguns pintores que
                                                              os navios não estavam ainda construídos, está assi-
          nos deixassem uma imagem pictórica do que foi a ex-
          traordinária epopeia dos Descobrimentos. É preciso   nada por Bernard Gribble (1873/1962), pintor inglês
                                                              de reconhecido mérito, mas não se encontra datada.
          esperar pelo século XIX  para podennos referir Luis
                                                              Podemos, no entanto, considerá-la de 1931 ou 1932,
          Ascêncio Tomasini (1823/1902), quetamhém foicapi-
                                                              dado que foi pelo decreto n .021  971, de 12 de Dezem·
          tão de navios  e  João Pedroso (1825/1890), que nos
                                                              bro de 1932, que o  ministro Mesquita de Guímarães
          deixaram telas de muito mérito, cheias de realismo e
                                                              desistiu do transporte de aviões, previsto no progra-
          de grande fidelidade no desenho.
                                                              ma naval, e  o converteu num submarino e  no quinto
             Na aguarela distinguiram-se o rei D.Carlos (18631
                                                              contratorpedeiro que veio a chamar-se «Dão».
          1190S) e o comandante Pinto Basto (186211946), qual-
                                                                 Parece oportuno fazer agora um apelo aos leitores
          quer dos dois, artistas de elevada sensibilidade, que
                                                              da «Revista da ArmadaN. no sentido de ajudarem a lo-
          muito amaram omar, e  cujas técnicas são tão seme-
                                                              calizar outros quadros de interesse no dorninio da his-
          lhantes que os seus trabalhos quase se confundem.
                                                              tória marítima que, por oferta, ou mesmo aquisição,
          Destes, possuímos belas aguarelas, por vezes apenas   possam contribuir para o enriquecimento do patrimó-
          uma pequena mancha, mas que servem para nos fa-
                                                              nio do Museu de Marinha.
          zer reviver os navios do fim do século, sejam eles um
          grande cruzador ou,  simplesmente, uma minúscula
          embarcação de pesca.
             Para valorizar o Museu de Marinha onde, natural-
          mente, se reflecte, como acabámos de referir,  a  po-
          breza de quadros portugueses cujos temas sejam o
          mar ou os navios, a  Escola Naval acaba de entregar
          uma bela tela (que reproduzimos na capa), represen-                                A. Estácio dos Reis,
          tando quatro contratorpedeiros  da classe  «Vouga»                                           cap.-m.-g.
          em evolução. A obra, que é uma visão de artista, pois   ••••••••••••••••••••••••••••••
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