Page 267 - Revista da Armada
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A tampa desta cabca de tabaco de fabrico
hoJand's tem gravadas as figuras de Julio
César com II data _45 anos antes de Cristo"
11 do papa Gregório xm e o ano de _1582_,
datlls qull dizl1m rl1speito às duas ultimas
reformas do calendário. A tampa aindll dili-
põe de um call1ndário perpétuo, que inclui
nlls wtimllSqulltroc/lS/ls /I data 1729quese
sup6e ser o ano de fabrico. O fundo da cain
ainda exibe uma figura, com a datll da 1497.
que se julgll ser o navegador Américo Ve.-
pudo. AgrlldllCB"se ao Museu Peabody de
Salem, EUA, a fotografia e 8 descriçAo da
peço.
ConUl-rotaç6esde um odómetro Walker, nofim dOS6c. XIX
(Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortig'o, Faro)
linha que sai quando o navio per· Para efectl~ar a medição da ve· mente feita em 1729, que tem na
corre uma milha: locidade, deitava·se o batel à parte exterior do fundo uma tabela
3600s : 30s : 1852m : x água, depois de se colocar a cara- na qual a coluna da direita indica a
onde! = 15,43m. Na época consta- velha c no orifício b' (ver figura do velocidade do navio em relação ao
tau-se que este valor teórico tinha texto)-e deixava-s;-correr a linha. tempo que um objecto flutuante
de ser corrigido, pois o batel sofre Quando a esteira passava pelo res- demorava a descair ao longo do
um moviInento de arrastamento ponsável pela operação, este dava costado entre duas marcas previa-
na água e, por isso, utilizava·se a a voz de vira, que servia para que mente estabelecidas. É também
distância de 14,61m. a ampulheta fosse virada. Quando visivel o limitado rigor da tabela,
A linha começava a graduar·se a areia da ampulheta chegava ao pois a velocidade é apresentada
a uma distância do batel igual ao fim a linha era segura e tia·se ave· apenas em nUmeras inteiros, o que
comprimento do navio, usando·se, locidade do navio. aliás estava de acordo com a difi-
para o efeito, um trapo vermelho Parece no entanto que uma so- culdade de medir o tempo, dado
chamado «esteira I) e em seguida lução prática para calcular a veloci- que o cronómetro ainda estava
iam-se marcando os comprimen- dade do navio seria lançar à proa longe de entrar a bordo dos navios.
tos de 14,61m com pedaços de um objecto flutuante, por exemplo Durante o século xvm desen-
merlim tendo um, dois, três ... nós. um pedaço de madeira, e contar o volve-se a pesquisa de um tipo de
Eis a razão de, na nomenclatura tempo que ele demorava a chegar silómetro mais adequado. Deve-se
náutica, ter nascido o nome ~mól) à popa. O processo foi efectiva- ao alemão Wallot a utilização de
para designar a velocidade de uma mente utilizado mas desconhece- um molinete com um contador de
milha por hora. mos desde quando. A contagem rotações que em 1768 foi experi·
do tempo era feita recorrendo a mentado a bordo. No entanto, foi o
uma ampulheta ou ao mimero de inglês Edward Massey, fabricante
(2) Celestino SouBa afirma que, ao prin- pulsações ou, ainda, repetindo um de instrumentos de Newcastle,
cipio, a barqujnha tinha a figura de um batel certo número de palavras a um de-
ou ba~a, donde tomou o diminuitivo que que imaginou o odómetro a hélice
hoje conserva no nosso jdioma e lhe revela terminado ritmo, como se fosse que haveria de fazer carreira até ao
a etimologia. É tambem da opini'o que a uma ladainha. segundo quartel do século em que
barquÚlha foi Úlventada pelos pilotos por- Para a determinação da veloci- vivemos, mas na versão Wa1ker
tugueses, mas n'o apresenta argumenta- dade por este método, existe no que foi, sem dúvida, o nome mais
,,'0 convincente. _Quadros Nav!Jjs", Colec-
Museu Peabody, em Salem, Mas- consagrado na produção deste
"'0 Documentos, ediçAo do Ministério da
Marinha, J972, IV Parte, XI-Barca. págs. sachusetts, EUA, uma preciosa tipo de instrumento.
22618. caixa de tabaco em latão, possivel- Os últimos odómetros Walker
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