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EFEMÉRIDE
Inspecção de Reparação de Submarinos
Inspecção de Reparação de Submarinos
25º Aniversário
CRIAÇÃO DA IRS Marinha Portuguesa. Para poder
dar cabal cumprimento a estas
“A experiência colhida durante os 22 novas atribuições, o Adminis-
meses que vem decorrendo a grande trador do Arsenal do Alfeite,
reparação do submarino “BARRACUDA”, no CMG Engenheiro Construtor Na-
Arsenal do Alfeite, leva à conclusão de ser val Carlos Ribeiro Caldeira Sa-
necessária e urgente a adopção de soluções raiva, através do seu Despacho
que permitam a concentração, naquele esta- n.º 4/74, de 7 de Março, criou
belecimento, de pessoal militar existente com um novo órgão na estrutura do
conhecimentos específicos sobre submarinos Arsenal a que chamou “Inspec-
e à simplificação do sistema, em vigor, relati- ção das Reparações dos Subma-
vo à aquisição e gestão de sobressalentes e rinos (IRS)”, a qual ficou sob a
outros materiais necessários.” sua directa dependência.
À IRS competia-lhe desempe-
nhar fundamentalmente as tarefas que até lador do clima difícil que se vivia na altura, e
desta forma aparentemente simples e então pertenciam à Direcção das Cons- do desespero em accionar medidas que
descomplexada que começa a nota do truções Navais na parte respeitante aos sub- dessem a garantia de resolver o problema da
Éentão Superintendente Interino dos marinos. manutenção dos submarinos que, a não ser
Serviços do Material, Comodoro António A problemática dos sobressalentes conseguido, poderia comprometer a prazo a
Caires da Silva Braga, que constituiu a revestia-se, na altura, de tal importância que própria continuação destes navios na
Proposta n.º 6/74, de 25 de Fevereiro, dirigi- a sua gestão foi cometida a outro órgão Marinha Portuguesa.
da ao Ministro da Marinha. Contudo, ela especialmente criado para esse efeito, o Ser- Como previa a própria Proposta n.º 6/74 da
continha uma pequena revolução na estrutu- viço de Gestão de Sobressalentes de Subma- SSM, acima referida, transitou imediatamente
ra da manutenção dos submarinos, abrindo rinos (SGSS), também directamente depen- para o Arsenal do Alfeite um grupo de 4 ofi-
uma excepção na Marinha que ainda perdu- dente do Administrador (Despacho n.º 9/74, ciais, 7 sargentos e um cabo para integrarem a
ra, e punha termo a um período de perma- de 31 de Março). primeira lotação da IRS. Estava, assim, criada
nentes conflitos entre os diversos organismos À parte de toda esta reorganização ficava a Inspecção de Reparação de Submarinos que
intervenientes na grande revisão do submari- a antiga DSEC - Direcção dos Serviços de viria a sofrer ainda duas reorganizações até
no “Barracuda” (1), a primeira a realizar-se Electricidade e Comunicações. Na realidade, encontrar a sua forma actual:
em Portugal (a do SS “Albacora” tinha sido a DSEC além de gozar de total autonomia, • A primeira, em 25 de Maio de 1981,
efectuada em França, Toulon, entre Outubro possuía capacidades, técnica e logística, considerando que não se justificava a existên-
de 1970 e Setembro de 1971). reconhecidas para enfrentar sem dificul- cia de dois organismos directamente depen-
A proposta da Superintendência dos dades o grande desafio que constituiu a 1.ª dentes do Administrador do Arsenal do
Serviços do Material (SSM) mereceu a grande revisão dum submarino da classe Alfeite para tratar de assuntos dos submari-
aprovação do Ministro da Marinha VALM “Albacora”. nos, o SGSS foi integrado na IRS passando a
Pereira Crespo e deu origem à transferência De notar ainda, que tanto a criação da IRS designar-se por Serviço de Gestão de
para o Arsenal do Alfeite de todas as compe- como a do SGSS, por despachos do Material de Submarinos (SGMS);
tências relativas aos submarinos, tanto as Administrador do Arsenal do Alfeite, após • A segunda, em 9 de Fevereiro de 1983,
respeitantes à vertente técnica como à logísti- autorização do Ministro da Marinha, são criando o Gabinete de Estudos de
ca. Ficou desta forma o Arsenal do Alfeite anteriores à publicação do decreto que daria Submarinos (GES), adequando a IRS à
detentor da função de Direcção Técnica para cobertura legal àquelas decisões: Decreto-Lei evolução entretanto verificada, habilitando-a
esta classe de navios, solução ímpar na n.º 142/74, de 8 de Abril. Tal facto é reve- a dar resposta às múltiplas solicitações de
estudos de alterações e modificações impor-
tantes, sobretudo no que à segurança dos
submarinos dizia respeito.
Porém, a integração da IRS no próprio
Arsenal não foi isenta de conflitos. Pelo con-
trário, foi necessário quebrar barreiras,
desconfianças e hábitos profundamente
enraizados. Foi preciso corrigir toda uma
actuação que permitisse reparar navios, algo
sofisticados para a época, com uma garantia
de qualidade muito superior ao que era então
usual, e quebrar com um sistema desadapta-
do, que repousava essencialmente no fun-
cionamento, por vezes correcto mas não
integrado, das diversas direcções da
Superintendência dos Serviços do Material e
Equipa da IRS. do Arsenal do Alfeite. ✎
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 99 11