Page 94 - Revista da Armada

colonos portugueses (30) e informa-se da situação da mão de obra Os japoneses conhecem-no dos manuais escolares e contemplam-
moçambicana nas Seicheles, em Alexandria acompanha o Khediva -no nos monumentos de Kobe e de Tokushima.
(31) na evolução do incêndio que lavrava no seu palácio cairota e em Entre nós, um século depois, o testamento d’ «o amoroso e aven-
Argel discretamente cativa os favores da imprensa francesa. tureiro (35)» «Portugaru-San (36)» permanece uma reconciliação …
Mas também o árduo negociar de orçamentos e prazos das unilateral. Até quando?
reparações, das inadiáveis às inesperadas e até das previsíveis, o
metódico registar de novos dados dos portos ou de informações de Dr. Rui Manuel Ramalho Ortigão Neves
índole geral, o analítico confrontar de sugestões avulsas com recomen- 1TEN REF
dações de Roteiros por vezes contraditórios, o sábio recusar de ofertas AGRADECIMENTOS:
inopinadas ou o ponderado aceitar de alvitres de experiência feitos, CMG Francisco F. L. Duarte Costa
completando no marinheiro, no militar e no diplomata, a imagem do
gestor a quem não escapa nem o comportamento do navio nem o pul- BIBLIOGRAFIA: 15)Na Rua do Torel 4, 2º onde existe
uma lápide evocativa.
sar das guarnições, pondo a par da frontalidade de propor para cima a 1 - ESPARTEIRO, Comandante António 16) Aos condutores de máquinas de hoje
Marques, «Wenceslau de Morais, Oficial
humildade de ouvir de baixo, como todo o comando aconselha para, de Marinha», Separata da Revista e aos fogueiros de há anos é difícil
com autoridade, decidir e, sem tibiezas, exigir. «Ocidente», Volume LXXVII, Lisboa, imaginar a penosíssma tarefa dos
Nesta viagem Wenceslau de Moraes confrontou-se com todos os 1969. «chegadores» de carvão e dos
aspectos da formação que um cadete da Armada deve receber e que 2 - TADEU, Cap.-frag. EMQ Viriato, «fogueiros» de então, sem esquecer
o pó negro que se entranhava em tudo
«Wenceslau de Morais», Revista da
é muito mais do que a de um mero militar. Confirmou-o «como exce- Armada, nº 137,138 e 139, Fevereiro, e também nos … pulmões, o que terá
lente oficial de mar, fino diplomata nos portos e bom condutor de Março e Abril 1983. contribuído para a aversão naval a este
homens a bordo.». Foi no entanto o «fim da sua carreira de mar.». 3 - PIRES, Daniel, «Wenceslau de avanço tecnológico.
Lisboa e o saltitar de navio em navio até que, capitão-tenente desde Morais, Fotobiografia», Lisboa, Fundação 17) Nos próximos louvores
transcreveremos, sucintamente, apenas
29 Outubro, é nomeado Oriente, 1993, 198. aspectos complementares.
4 - COSTA, CMG Francisco Félix
imediato do capitão de de Lima Duarte, «Apontamentos sobre 18) Muito antes da Legião Estrangeira.
porto de Macau onde toma a Escola de Pilotagem de 1862, 19) O que mostra a lentidão da acção
posse a 22 de Dezembro de Macau - Na evocação dos 130 anos dados os meios de comunicação
de 1891 e assume funções da sua criação e dos 100 anos e certamente a quase inexistência
de meios navais.
da nomeação de Wenceslau de Morais
de delegado do Superin- para seu professor», Macau, Escola de 20) Uma concepção Romântica
tendente da Importação e Pilotagem, 1992, de Operação de Desembarque que mais
Exportação do Ópio. 5 - ANTÓNIO, CALM MN Félix, pede um trágico desfecho.
No ano seguinte, facto «Wenceslau de Morais - Evocação 21) Ver Anais do Clube Militar Naval,
1833.
pouco conhecido (32), é do marinheiro no 450º aniversário 22) Para exame sanitário e eventual
da chegada dos portugueses ao Japão»,
nomeado professor da Revista da Armada, nº 258, «Quarentena». Nos anos quarenta
Escola de Pilotagem. Setembro/Outubro, 1993. ainda se temia esta prática.
Em 1893, docente do 6 - RODRIGUES, António Simões, 23) Este serviço foi durante largo tempo
Seminário de São José, e outros, «História de Portugal pago à Armada pelo Ministério
da Economia.
em Datas», Lisboa, Círculo de Leitores,
volta ao Japão onde vai 1994, 480. 24) Como hoje, a nossa Marinha
comprar artilharia (33) para de Comércio estava em grande crise
Macau. É louvado «Pela NOTAS: 25) Junta de Saude Naval
inteligência … zelo … 1) “Moraes, o velho Senhor”, 26) JANEIRA, Armando Martins,
«Wenceslau de Moraes», Antologias
cabal cumprimento da no monumento em Kobe. Universais, Editora Portugália, Lisboa,
2) “Bárbaro vindo do Sul”, a designação
comissão …», é promovi- dada aos Portugueses no séc. XVI e cuja 1971.
do a capitão-de-fragata e, presença marca um periodo 27) Em 1946 o paquete «João Belo»
Wenceslau de Moraes e Camilo Pessanha. em 1894, nomeado pro- determinante na história foi a Banana embarcar o Governador
fessor de Matemática Elementar no Liceu onde conhece Camilo e cultura do Japão Francês do Congo.
28) É dos edifícios mais antigos da nova
3) “O Japonês Morais”, título dum livro
Pessanha, o amigo dos «baldões da vida boémia». da Prof.ª Tomiza Hanano, primeira capital siamesa e a primeira embaixada
No ano seguinte publica o seu primeiro livro. Em «Traços do tradutora da sua obra, já toda editada a ser instalada na cidade, em terrenos
Extremo Oriente» assume-se o homem de letras. Mas a sua vida pri- no Japão. junto à margem do rio, cedidos pelo
vada complica-se. Depois de Maria Isabel, lamentar-se-á que entre « 4) Por inesperado falecimento do seu próprio rei Tai que ordenou
a transferência da capital de Aihutia
… choros, zangas e ameaças de suicídio (seja Atchan, que lhe dá dois realizador. para a nova cidade.
5) Por força das Guerras Napoleónicas
filhos), que me ia tornando a existência insuportável.». e, sobretudo, devido à Independência 29) O CEMA de então.
Depois de «Arrussi, uma formosa negra» que recordará, talvez já do Brasil, onde permaneceu o grosso 30) Onde existiam 50 portugueses,
sonhasse com a subtil delicadeza duma … japonesa! da esquadra. desde açorianos, madeirenses, cabo
Mesmo assim é, em meados de 1897, integrado na comitiva do 6) 1826 a 1834 verdianos, macaenses e macaístas,
além dos moçambicanos.
7) Face a outras fontes preferimos,
governador de Macau que em Kioto é recebida pelo Imperador a em todo o artigo, a versão de Marques 31) Título do soberano egípcio de então.
tempo de no regresso ainda participar no Júri de exames do Liceu de Esparteiro. 32) Divulgado no centenário da sua
que era docente de matemática desde 1894. 8) Será elevada a capital em 1898. nomeação pelo então director daquela
E a ruptura? 9) Onde então estava a capital da Escola, CMG Francisco F. L. Duarte
Costa.
Com a distante ironia com que recorda os seus desaires amorosos, Província de Moçambique. A designação 33) Dez canhões de 75mm.
Colónia vigora de 1911 a 1951.
numa carta conta:« Era capitão-de-fragata e imediato da Capitania, 10) De iniciativa nossa. 34) Um lema, atribuído a Sacadura
tendo por chefe um capitão-de-mar-e-guerra. Exonerado do cargo o 11) Destinadas a minar a credibilidade Cabral, que certamente não figura
meu chefe, e substituiram-no por um capitão-tenente. Não acha da nossa capacidade para suster o tráfico em nenhum tratado de gestão de pessoal
graça? Nunca mais pus os pés na Capitania, obtendo então, a custo, o da escravatura, a humanitária bandeira em parte alguma do mundo e muito
menos no … Japão.
que, só depois da Independência dos
lugar de cônsul no Japão». Estados Unidos, os Ingleses assumem. 35) Segundo o seu melhor biógrafo,
Em 1898, não foi o primeiro, nem, infelizmente, será o último de 12) Convirá, no entanto, notar que hoje o Embaixador Virgílio Armando Martins
quem se poderá dizer que «A Marinha não gosta de gostar (34)». as regras são muito mais … elásticas. Janeira. Ver também «Wenceslau
Talvez para bem dele e certamente para bem das … pátrias que hon- 13) Nossos aliados, mas tratando dos de Morais - Rebelde», na sessão
de 18 de Junho de 1979 da Academia
rou … seus interesses. de Marinha de que é membro efectivo.
14) PEREIRA, Ângelo e CÉSAR,
Em 1913, a 10 de Junho, pede a demissão de oficial e de diplomata Oldemiro, «Os Amores de Wenceslau 36) Senhor Portugal, como
e chega a admitir o abandono da nacionalidade. de Morais», Lisboa (?), 1937. era conhecido pelos seus vizinhos.
20 MARÇO 99 • REVISTA DA ARMADA