Page 261 - Revista da Armada
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revolucionário contra o governo . Encon- ter alterado, nem
trando-se na Doca de Belém, foi alvejado a meio metro, a cota
tiro diversas vezes sempre que alguém da a que navegava."
guarnição surgia no convés. Depois, o seu Os convidados
comandante, 1TEN Almeida Henriques, mal se aperceberam
recebeu uma ordem por escrito, do Ministro do incidente e o
da Marinha, vice-almirante Xavier de Brito, "Espadarte" regres-
para torpedear o cruzador "Vasco da Gama" sou ao Tejo já ao
e outros navios revoltosos que se encon- crepúsculo precoce
travam no Tejo, ordem que aliás não foi dos curtos dias de
cumprida. O "Espadarte" saiu da Doca de Inverno. Como de
Belém e foi atracar ao contratorpedeiro bordo do cruzador
"Douro", que se encontrava na enseada do "Vasco da Gama",
Alfeite. talvez por isso, não
• O 2TEN Fernando Augusto Branco, ofi- descortinassem o
cial imediato da 1ª guarnição do "Espadarte" traço escuro da sua Uma fotografia histórica. O “Espadarte” com os membros do Governo depois
e posteriormente seu comandante (19JAN16 silhueta, rio acima, da imersão em que esteve “preso ao fundo”.
a 4SET16), tendo ido receber o submersível já a confundir-se
"Hidra" à Itália e sido, portanto, o seu 1º com as sombras da noite que caía e só o Notas:
comandante (20OUT17 a 28JUL19), é avô descobrissem quando estava muito próxi- 1) HENRIQUES, Almeida, Navegação Submarina,
materno do actual Presidente da República mo, chegou a haver o receio de que tivesse VIII – O Espadarte, p.150
2) Movimento revolucionário que ficou
Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio. ocorrido qualquer acidente durante a imer- conhecido pelo “Catorze de Maio”,
• Em 23DEZ15, após um exercício com são e o comandante-chefe preparava-se contra o governo presidido pelo general
vários navios de superfície, fez uma imersão para mandar sair navios em pesquisas. Pimenta de Castro.
tendo a bordo o Chefe do Governo, Dr. Dessa visita do Presidente do Ministério Durou desde a madrugada desse dia até à tarde
do dia 17. O balanço das vítimas saldou-se por
Afonso Costa, o ministro da Marinha, co- ao pequeno mas esforçado e sempre apto 102 mortos e cerca de 800 feridos em Lisboa
mandante Victor Hugo de Azevedo Cou- "Espadarte" resultariam em breve provei- e 2 mortos e 26 feridos no Porto.
tinho e outras importantes personalidades. tosas consequências para o desenvolvimen- 3) OLIVEIRA, Maurício de,
"Durante a imersão deu-se um pequeno to da navegação submarina na nossa Arma- Os Submarinos na Marinha Portuguesa, p.44
incidente quando o submersível encontrou da: ficava assente a próxima encomenda de
uma brusca variação de densidade das mais três submarinos (... ...) bem como a Bibliografia:
ALBERGARIA, José Maria Cabral Soares de,
águas. O então comandante do "Espadarte" construção, em Belém, de uma adequada 1º Tenente EMQ, Motores Diesel do
descreveu assim esse episódio: estação em terra para os serviços e base das Submersível Espadarte: Primeiros Diesel
"A zona de água em que se entrou em unidades." 3 em Portugal?, Anais do Clube Militar Naval,
certo momento, foi de tal ordem, acusada • O 1º comandante do "Espadarte" foi Abril-Junho 1995
FERREIRA, Vasco Taborda, Os Submersíveis,
pela posição de "proa acima" em que se também quem presidiu a hasta pública da Lisboa, 1929
colocou logo o submarino sem subir (o que sua venda para sucata. O seu custo em GÉNOVA, Arturo, Submarinos, Editorial
quer dizer com que rapidez teria descido novo foi de 100.000$00 e foi vendido por Saturnino Calleja, Madrid, 1922
para o fundo se o timoneiro não lha levanta) 97.000$00. Grands Ingénieurs - Rudolf Diesel, 1858-1913,
que o comandante só pôde pensar em regu- Science & Vie, nº 37, Paris,
Fevereiro 1996
lar o tanque de compensação para essa Batista de Figueiredo HENRIQUES, J. d'Almeida, Contra-Almirante,
falha de densidade da água, não mediante a CFR EMQ Os 3 Espadartes, Lisboa 1945, Separata dos Anais
bomba, como habitualmente, sistema que Barroso de Moura do Clube Militar Naval
não oferecia a necessária rapidez, mas a ar CTEN EMQ HENRIQUES, J. d'Almeida, Capitão de Fragata,
Navegação Submarina, VIII "O Espadarte",
comprimido, sistema muito mais enérgico, Costa Canas Imprensa da Armada, 1928
até que o submarino se pôs horizontal, sem 1TEN M LAUBEUF, M., Sous-Marins et Submersibles,
Librairie Delagrave, Paris, 1918
LAUBEUF, M. e STROUH, Henri, Sous-Marins,
Torpilles et Mines, Paris, 1923
MELLO, João Augusto de Fontes Pereira de,
Memória Sobre o Submarino Fontes,
Lisboa, 1902
MENDES, José A. de Sousa, Setenta e Cinco
Anos no Mar (1910-1985), 5º Volume
METZENER, A.H., "A Liga Naval Portugueza
e o Ressurgimento Maritimo de Portugal",
Anais do Clube Militar Naval, 1904,
p.p. 135-142
OLIVEIRA, Hermes de Araújo,
O Submarino, Editorial Cosmos, Lisboa, 1948
OLIVEIRA, Maurício de, Os Submarinos na
Marinha Portuguesa, Lisboa, Editora Náutica
Nacional, Lda., 1988
POLLINA, Cap. Di Vascello Paolo M.,
I Sommergible Italiani 1895 – 1962,
Roma, 1963
SANTOS, Engenheiro Joaquim Ferreira dos,
Relatório da Comissão de Recepção do
1º Motor do Espadarte, 05/04/1912, Arquivo
Geral de Marinha
SIMÕES, Engenheiro Carlos O'Sullivand,
Relatório do Chefe da Delegação Portuguesa
em Turim, 30/04/1916, Arquivo Geral
O “Espadarte” no dique do Arsenal de Marinha na sua última docagem. de Marinha ✎
REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 2000 7