Page 264 - Revista da Armada
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nova regra: as provas de competição tem de porque os barcos eram de menores dimen- calado aumentará 40 % e a superfície vélica
ser feitas na mesma área onde vai ter lugar sões e consequentemente, as despesas de 70 %. O peso, esse, torna-se 30 % menor.
a final. aquisição e manutenção menos elevadas. Esta decisão irá aumentar, exponencial-
O barão Bich, insiste. Encomenda na Esta medida veio animar a Taça América. mente, o custo dos iates. Vão ser gastas ver-
Dinamarca o France II, mas prefere usar o Em 1987, na Austrália, que detinha o troféu, bas enormes.
barco antecessor, que se afunda, ao ser inscreveram-se nove iates, e da selecção Em 1992 há 8 barcos que disputam a taça
rebocado. Conseguem recuperar o France, entre estes saíu o Kootaburra III. Como Louis Vuitton. O vencedor é o Il Moro di
que é eliminado pelo Courageous, que acaba desafiantes havia 13 concorrentes e para Venezia e, assim, a Itália entra, pela primeira
por ganhar a Taça, frente aos australianos. escolher o melhor foi instituída a taça Louis vez, numa final. Nos Estados Unidos, Bill
Vuitton. Coube ao ameri-
cano Stars & Stripes,
defender as cores do seu
país. Dennis Connor con-
seguiu recuperar a taça que
tinha deixado fugir sete
anos antes.
Todavia, a parcimónia
não é a vocação dos entusi-
astas pela Taça América. E é
bem verdade, porque, entre-
tanto, considerou-se que a
classe internacional de 12
metros usada entre 1958 e
1987, estava antiquada por
ser definida por uma fórmu-
la de 1906. Há que substituir
os barcos, usando uma outra
classe, mais rápida e mais
Courageous, 1974.
moderna, o que exige, natu-
1977. O mesmo Courageous, agora com o ralmente, embarcações de
magnate da comunicação Ted Turner ao maiores dimensões. Nasce,
leme, bate o Australia. 1980. O Australia é de então, a International
novo eliminado, agora pelo Freedom, con- America’s Cup Class Rule.
duzido pelo famoso Dennis Conner que, As embarcações serão 20 %
três anos depois entrega a taça ao Australia mais longas na flutuação, o
II. Esta vitória teve um
sabor especial porque foi,
decididamente, o prémio
da persistência. De facto,
desde 1962, que a
Austrália era finalista O Il Moro di Venezia e o America 3, 1992.
(excepto em 1964) sem Koch, um milionário do Texas, constitui
conseguir ganhar. Agora, um poderoso e ambicioso sindicato.
em 1983, arranca a vitória Durante vários anos especialistas estudam
numa das mais emocio- as formas de um novo barco, com o apoio
nantes regatas da história do conceituado Instituto de Tecnologia de
desta competição, quando Massachusetts. Constróiem-se quatro
as provas passam a ser à unidades e a escolhida é o America 3, que se
melhor de nove. Veja-se mostra mais rápido. Nesse ano de 1992, a
como se desenrolou a con- vitória volta a sorrir ao Tio Sam, mas à
tenda: o Liberty ganha as custa de uma despesa de 13 milhões de
duas primeiras regatas, contos. Mas não é tudo. Estima-se que a
perde as duas seguintes, importância dispendida, com a construção
retoma a quinta e entrega e preparação dos 25 iates para esta sessão,
as duas últimas. Foi a luta ultrapassou os 70 milhões de contos!
de um bom piloto contra Três anos mais tarde, o Young America
um bom barco. não resiste ao Black Magic, da Nova
Esta derrota, que entris- Zelândia. Pela segunda vez, a taça deixa o
teceu toda a América, veio New York Yacht Club e, em ambos os
mostrar que as vitórias, casos, em benefício de uma nação do
mesmo quando se repetem Commonwealth, o que, de certo modo,
ao longo de 132 anos, não constitui alguma compensação para a Grã-
são eternas. Bretanha que tanto lutou sem conseguir
Entretanto surgem novos uma única vitória.
ventos de mudança. A Chegamos a 2000. Neste fim do século
classe internacional de 12 decorreu a 30ª competição. Todavia, ainda
metros que estava a ser no ano anterior, lutaram pela conquista da
utilizada, há três décadas, taça Louis Vuitton, onze embarcações.
tinha sido escolhida Freedom, 1980. Pelos Estados Unidos, Abracadabra 2000,
10 AGOSTO 2000 • REVISTA DA ARMADA