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Coro Polifónico do Clube do Sargento da Armada
            Coro Polifónico do Clube do Sargento da Armada
                                   A sua génese e o seu propósito


         INTRODUÇÃO                         traltos, tenores e baixos. Foi este pensa- PROPÓSITO
               palavra grega χopóς verteu para o  mento que esteve presente na criação do   Procura-se incrementar o gosto pela mú-
               latim chorus e daqui surge coro na  Coro Polifónico do Clube do Sargento da  sica vocal polifónica a cappella, estudando
         A  língua portuguesa. A sua utiliza-  Armada.                         e interpretando um leque alargado de pe-
         ção é muito diversificada mas, para efeitos                            ças antigas, clássicas e contemporâneas,
         deste artigo, será usada apenas em sentido  GÉNESE                    de compositores nacionais e estrangeiros,
         musical e hermenêutico simplificado.   Definir o princípio de qualquer coisa não  visando fazer, somente, música pela mú-
           Polifónico é um adjectivo que tem re-  é fácil, ou mesmo impossível, porque tudo  sica. Nas suas apresentações públicas pro-
         lação e pertença com a polifonia, tendo  se desenrola numa sequência de aconteci-  cura-se representar de forma responsável o
         esta a sua origem na palavra                                                     Clube, as cidades de Lisboa e
         grega πολυφωνíα, que signi-                                                      Almada, a Família Naval e a
         fica muita voz. Em contexto                                                       Marinha, a quem se liga por
         musical polifonia quer dizer                                                     razões de afinidade.
         conjunto de sons simultâneos
         expressando, cada um deles,                                                      CONSTITUIÇÃO
         uma ideia musical, que em                                                         É constituído por sócios,
         concorrência formam um                                                           seus familiares e amigos. Ini-
         todo ricamente audível, em                                                       ciou com 12 elementos, cons-
         oposição à homofonia cujo                                                        tatando-se uma dinâmica
         efeito sonoro é substancial-                                                     normal de entradas e saídas
         mente mais pobre. Em ter-                                                        de pessoas ao longo do tem-
         mos históricos a era da poli-                                                    po. Neste momento é forma-
         fonia é definida como sendo                                                       do por 11 sopranos, 10 con-
         o período entre os séculos                                                       traltos, 8 tenores e 9 baixos, a
         XIII e XVI, dando-nos a no-  O Coro no 65º aniversário do Arsenal do Alfeite.    maioria dos quais não possui
         ção de um estilo musical,                                                        qualquer formação musical e
         cuja utilidade se prolongou até aos nos-  mentos, onde o passado possibilita o pre-  nunca tinha cantado em qualquer coro. A
         sos dias.                          sente e este permite projectar o futuro.  convivência entre as pessoas envolvidas é
           Um coro polifónico é um conjunto de  Abandonando os antecedentes, podemos  saudável, levando a crer que a existência
         pessoas reunidas para produzirem músi-  dizer que tudo se iniciou num dia do mês  do coro no Clube é interessante, porque
         ca polifónica normalmente a cappella, isto  de Maio de 2002, quando o Sarg. Custódio  além da sua função cultural desempenha
         é, sem qualquer apoio instrumental. O nú-  me abordou sobre a possibilidade de cria-  também funções de carácter social.
         mero de executantes e a sua organização  ção de um coro. Algumas semanas depois
         variam em função do tipo de obras a in-  fui contactado pelo Sarg. Pais, Presidente  ENSAIOS
         terpretar porque, enquanto umas aconse-  da Direcção, manifestando essa vontade.   Os primeiros ensaios foram carrega-
         lham ao uso de poucos executantes, como  Na sequência deste contacto publicou-se  dos de interrogações, algum cepticismo
         sejam por exemplo a música de câmara,  no Boletim Informativo, edição nº 58 – Ju-  e abundantes preconceitos sociais, que
         as cantatas ou os madrigais, outras exi-  lho de 2002, um artigo “A PROPÓSITO  interferiam negativamente no desenrolar
         gem acima de cem cantores, exemplifica-  DE MÚSICA” e uma janela divulgando  do trabalho. O tempo e a persistência en-
         das pelas sinfonias nº 9 de Beethoven e a  aos sócios a intenção da Direcção e abrin-  carregaram-se de diluir estes inconvenien-
         nº8 de Mahler.                     do as inscrições. Em 03 de Outubro deste  tes, levando as pessoas a entenderem que
           Ao idealizar-se a criação de um coro po-  mesmo ano realizou -se uma reunião onde  o trabalho não era fácil, mas tornar-se-ia
         lifónico é natural que se pense em consti-  foi apresentada a visão do projecto e deci-  gratificante. Desde o início entendeu-se a
         tui-lo por vozes masculinas e femininas  diu-se que o primeiro ensaio seria no dia  necessidade de dois ensaios semanais com
         de todas as idades, cujas características  07 imediatamente a seguir. Nasceu assim  a duração de duas horas cada. Um ensaio
         individuais possibilitem a formação dos  o Coro Polífónico do Clube do Sargento da  comporta duas fases: na primeira trata-se
         quatro naipes habituais: sopranos, con-  Armada em 03 de Outubro de 2002.  do aquecimento físico e vocal através de



















         Na Igreja Matriz da Beselga (Beira-Alta).           Na delegação do Feijó do CSA.

         26  MAIO 2006 U REVISTA DA ARMADA
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