Page 189 - Revista da Armada
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Fá-lo-ei, como sempre. Mas também é minha obrigação defender apesar do manifesto sucesso da visão inovadora encontrada há já
os interesses da Marinha acima dos interesses individuais. Fá-lo-ei muitos anos.
também, e exigirei que todos compreendam o conceito e o prati- Também no domínio do conhecimento e investigação do mar, há
quem na acção. que semear para colher. Por isso, estamos decisivamente empenha-
Excelências, distintos convidados, senhoras e senhores, dos nos estudos e recolha de elementos que nos permitam afirmar
O lugar da Marinha é no mar. Por isso, neste dia, saúdo espe- direitos de jurisdição nacional sobre os fundos oceânicos até ás 350
cialmente aqueles que lá se encontram, no cumprimento das suas milhas náuticas. Os navios hidrográficos são, neste âmbito, insubs-
missões, nacionais ou aliadas. Os números de 2005, que traduzem tituíveis, bem como o saber e as bases de dados laboriosamente
a presença da Marinha no construídas, num trabalho
mar, falam por si. Destaco planeado a muito longo pra-
as mais de 23 000 horas de zo a que os portugueses cos-
navegação efectuadas por tumam ser avessos.
uma média de 10 navios Excelências, distintos
com missão atribuída em convidados, senhoras e se-
cada dia do ano, e também nhores,
as mais de 2 800 embar- A Marinha orgulha-se da
cações vistoriadas no mar forma harmoniosa e sinérgi-
territorial e ZEE, e o salva- ca como trabalham as suas
mento de 587 pessoas pelos vertentes militar e da Auto-
navios e pelas embarcações ridade Marítima, como se
salva-vidas do Instituto de orgulha da sua capacidade
Socorros a Náufragos. para operar conjuntamente
São números significati- com as outras componentes
vos, mas que não nos dei- militares, forças de seguran-
xam satisfeitos. A Marinha ça e outros departamentos
quer estar ainda mais pre- do Estado, em ambiente
sente, mas tal só será pos- nacional ou internacional.
sível com os novos meios navais, eventualmente com um novo Os sucessos obtidos, designadamente na repressão de actos ilícitos
modelo de apoio, mais eficiente e com ainda melhores prestações no mar e Domínio Público Marítimo, em que os mais visíveis são a
operacionais. apreensão de grandes quantidades de estupefacientes, nalguns casos
Fuzileiros e Mergulhadores são diariamente empregues em mis- a centenas de milhas da costa, são para nós motivo de grande satis-
sões específicas, principalmente de serviço público. Após um inter- fação que o interesse dos nossos aliados ainda mais reforça.
regno que durou desde 2004, data do regresso da missão em Timor- Constitui ainda motivo de orgulho para a Marinha poder conti-
-Leste, os Fuzileiros participarão em breve – espero - num exigente nuar a afirmar que a força naval está pronta para zarpar do Tejo em
cenário internacional. O reequipamento efectuado e a inequívoca 48 horas, como já o fez, para a guerra ou para a paz. É um orgulho
qualidade do pessoal garantem ao País uma força pronta e disponí- que resulta do trabalho de todos, militares, militarizados e civis e
vel para ser empregue, com o padrão de excelência a que nos habi- que o Comandante da Marinha quer com todos partilhar.
tuaram, em qualquer dos teatros de operações em que a sua partici- Senhor Ministro da Defesa Nacional, Excelência,
pação seja necessária. Os recursos financeiros
A Autoridade Marítima e a imprevisibilidade dos
através das capitanias e da acontecimentos estratégi-
sua componente operacio- cos, são os elementos mais
nal a Polícia Marítima é influentes do ambiente
exercida 24 horas por dia, onde a Marinha tem de
apesar dos parcos efectivos cumprir as suas missões.
existentes não terem acom- Neste contexto, o saber, a
panhado o crescimento e perseverança, a motivação,
exigência da actividade co- a tenacidade e a imagina-
mercial e de recreio, onde ção criativa dos marinhei-
muito especificamente a ros, constituem-se como
sua presença mais deve referências determinantes
incidir. As mais de 23 000 para vencer os actuais de-
vistorias a embarcações safios e contribuir para que
efectuadas em 2005 ilus- Portugal use o mar como
tram bem o esforço desen- necessita.
volvido. Ciente das condicionan-
Ao nível interno, a Ma- tes que se nos deparam,
rinha colabora consistente- mas confiante que estou
mente com a Polícia Judici- nas capacidades dos ho-
ária, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Polícia de Segurança mens e mulheres que comando, manifesto a V. Ex.ª o firme propósito
Pública e está pronta a reforçar a cooperação e a apoiar a Brigada da Marinha se continuar a afirmar ao serviço do país.
Fiscal da GNR, tanto nos aspectos da formação do pessoal e da ma- Como militares e marinheiros estamos habituados a sacrifícios, à
nutenção dos meios, como em todas as operações que envolvam subordinação dos interesses individuais aos colectivos, a uma forte
meios navais e da Autoridade Marítima, com o propósito único de solidariedade perante as adversidades e a não regatear esforços pelo
melhor servir o País. País, tudo fazendo para merecer a sua confiança, firmes na defesa,
Curiosamente vemos hoje alguns países amigos adoptarem o pa- empenhados na segurança e parceiros no seu desenvolvimento.
radigma há muito existente em Portugal, da Marinha de duplo uso, Z
por ser aquele que melhor serve os interesses nacionais, enquanto Fernando de Melo Gomes
alguns de nós continuam a tentar reinventar paradigmas novos, Almirante
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