Page 100 - Revista da Armada
P. 100
SAÚDE OPERACIONAL
Saúde Naval
Saúde Naval
Que desafios e expectativas?
Que desafios e expectativas?
abe à Saúde Naval, promover e executar cluem os relativos à área da Saúde, de que se A Direcção de Serviço de Saúde – compre-
todas as acções necessárias e suficientes podem salientar: endendo o director e o subdirector e as repar-
2
Cà promoção, manutenção e maximiza- A Lei de Bases da Protecção Civil , prevê tições de Recursos Humanos, de Logística e
ção da saúde e aptidão dos recursos humanos a intervenção das Forças Armadas nesta área, Operações Sanitárias e dos Serviços de Farmá-
envolvidos no cumprimento das missões atribuí- tendo assento na Comissão Nacional de Pro- cia, que detêm importantes funções de planea-
das à Marinha, em todas as suas fases (pré-des- tecção Civil, dando apoio aos Governos Regio- mento e parecer técnico nas respectivas áreas e
locamento, deslocamento e pós-deslocamento). nais, colaborando como agentes de protecção tendo ainda na directa dependência do director
A Saúde Naval deve ser encarada como um ga- civil, nomeadamente ao reforçar o pessoal ci- estruturas de carácter operacional, das quais se
rante da sustentabilidade operacional das forças vil nos campos da salubridade e da saúde, em salientam as principais funções:
envolvidas. especial na hospitalização e evacuação de fe- - Hospital da Marinha (HM) – Prestar cuida-
Com o final da Guerra Fria e tendo em conta ridos e doentes, executando acções de busca e dos diferenciados de saúde a todo o pessoal mi-
o presente cenário geopolítico e geoestratégico, salvamento, disponibilizando equipamentos e litar da Marinha e de outros ramos, familiares
novas ameaças e desafios se colocaram. Os apoio logístico para as operações, reabilitando beneficiários da Assistência na Doença aos Mi-
conflitos apresentam agora características assi- infra-estruturas e/ou executando reconhecimen- litares (ADM), pessoal civil da Marinha e, even-
métricas, especialmente pelo potencial uso de tos terrestres, aéreos e marítimos e apoio nas co- tualmente outros autorizados pela SSP, deven-
armas de destruição maciça associado ou não a municações. Devem ainda as Forças Armadas do ainda garantir o ensino pré e pós-graduado
actividade terrorista, assim como um crescente promover as acções de formação e de instrução durante os estágios previstos na legislação em
envolvimento das Forças Armadas em situações necessárias ao desempenho destas funções. vigor ao pessoal afecto;
de crise, envolvendo agregados populacionais Por outro lado, a participação de Portugal na - Centro de Medicina Naval (CMN) – Co-
civis. Este último foco, as populações civis, têm estrutura da OTAN (e de forma semelhante na ordenar os cuidados de saúde primários, os
sido objecto de interesse e actividade da Saúde UE), implica o cumprimento da doutrina e po- serviços de saúde ocupacional e de medicina
3
Militar, em particular da sua componente ope- lítica de Apoio Médico-Sanitário vigentes , par- preventiva e a evacuação médico-sanitária na
racional, que precisou de se readaptar a esta ticularmente no que diz respeito às competên- Marinha, propondo normas e princípios orien-
nova realidade. cias mínimas em saúde militar e de prestação tadores; Propor as estruturas de saúde, os princí-
de cuidados de saúde (Role/Echelon) quando pios orientadores e as normas para a execução
REQUISITOS OPERACIONAIS envolvida em missões internacionais. da saúde operacional, apoiando os respectivos
O Estado-Maior da Armada definiu numa sé- Comandos e Unidades nessa matéria, assim
rie de publicações (POAs) os requisitos para os EXPECTATIVAS ACTUAIS como promovendo a sua utilização.
meios operacionais da Marinha, determinando Com efeito, em 1999 a Marinha inicia no pro- - Unidade de Tratamento Intensivo de Toxico-
1
o Comando Naval quais os padrões de pronti- cesso de reestruturação da Superintendência dos dependências e Alcoolismo (UTITA) – Assegurar
dão (níveis exigíveis de desempenho) a atingir Serviços do Pessoal , uma modificação estrutural o tratamento do alcoolismo e das toxicodepen-
4
por esses mesmos meios para que seja assegu- e organizacional importante do Serviço de Saúde, dências, com o objectivo final da reabilitação
rada a actividade operacional, nos quais se in- para responder a estes novos desafios: e reintegração psico-socio-laboral dos casos,
garantindo o ensino pós-graduado nas dife-
renciações de adicção e de técnicas de acon-
Saúde e do Equipamentos de Protecção Individual (EPI) nas
(1) Prestar primeiros socorros em qualquer dos graus tarefas que o requeiram; selhamento em adição, nomeadamente com
de prontidão para combate; (7) Garantir o armazenamento, a preparação e a dis- a formação de operadores de prevenção para
(2) Tratar e transportar pessoal ferido, assegurando tribuição de alimentos de acordo com as normas esta- actuação em meio laboral;
a máxima capacidade em combate; belecidas de higiene e segurança alimentar (HSA); - Laboratório de Análises Fármaco-Toxicoló-
(3) Planear, coordenar e executar evacuações mé- (8) Garantir, em tempo de paz, as condições de ha-
dicas; bitabilidade de acordo com os padrões estabelecidos gicas da Marinha (LAFTM) – sob dependência
(4) Embarcar equipa médica para apoio a opera- nas normas de HST. técnica do DSS, deve assegurar a realização das
ções fora de área; análises fármaco-toxicológicas, imprescindíveis
(5) Assegurar, no âmbito da organização para a ac- Manobra e navegação ao processo de controlo da adição na Marinha;
ção, a constituição de uma equipa de primeiros socor- (1) Recolher um “Homem ao Mar”… usando bote - Centro de Abastecimento Sanitário (CAS) -
ros apta a prestar SBV fora do navio; ou semi-rígida…mergulhadores e/ou helicóptero…
(6) Manter actualizada e organizada toda a informa- Operações com Helicóptero Centralização das aquisições de medicamentos,
ção referente a medicamentos, apósitos, capacidades (1) Evacuar feridos por helicóptero material e equipamento médico-sanitário e sua
dos meios de saúde ao dispor, e aos aspectos sanitários Operações de Busca e Salvamento distribuição controlada.
e de saúde de todos os elementos embarcados; (1) Executar operações de Busca e Salvamento, iso- Decorrente deste processo, iniciado em
(7) Prestar cuidados de saúde na área da fisiologia ladamente ou em cooperação com outras unidades na-
do mergulho, quando com a câmara hiperbárica con- vais, navios mercantes e de pesca e aeronaves 1999, procurou-se progressivamente adaptar a
tentorizada embarcada Saúde Naval aos diferentes contextos preventi-
Operações de Assistência Humanitária vos, curativos (primário e diferenciado), ocupa-
Higiene e Segurança no Trabalho (HST) (1) Providenciar apoio de limitação de avarias, téc- cional e operacional.
(1) Garantir a segurança dos trabalhos de rotina e nico, logístico e de saúde, a navios ou embarcações Nos últimos tempos, um grande esforço tem
dos que envolvam perigos acrescidos de acidente, uti- sinistradas;
lizando normativo interno específico; (2) Executar isoladamente, integrado em força naval, sido efectuado, no processo de reequipamento
(2) Aplicar doutrina aliada na segurança das opera- ou em colaboração com entidades civis, acções de as- técnico essencial à prestação de cuidados de
ções de mergulho; sistência humanitária, em terra, em apoio a população emergência pré-hospitalar nos diferentes servi-
(3) Garantir a aplicação da política de segurança dos vítima de catástrofe; ços ou secções de saúde, que precisa contudo
equipamentos em intervenção (TAG-OUT); (3) Providenciar transporte a pessoas deslocadas por
(4) Garantir a segurança e o controlo de emissões motivo de guerra ou catástrofe; ser consubstanciado por uma adequada forma-
rádio e radar (RADHAZ); ção, dos elementos das equipas de saúde e da
(5) Executar em segurança a recepção, armazena- Defesa NBQ guarnição em geral, em primeiros socorros, su-
mento, emprego e eliminação de substâncias perigosas (1) Estabelecer e manter postos de NBQ porte básico e avançado de vida e trauma.
para a saúde (COSHH); (2) Executar procedimentos de lavagem prévia, aná- Um outro passo importante, tem sido a cola-
(6) Garantir a utilização adequada do fardamento lise e descontaminação;
boração progressiva da saúde com as estruturas
26 MARÇO 2008 U REVISTA DA ARMADA