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                          Tabaco – O Amigo Traiçoeiro
                          Tabaco – O Amigo Traiçoeiro

               epois de termos abordado os problemas resultantes do con-  pulmões, mas também noutros órgãos como a bexiga, o estômago,
               sumo do álcool e das drogas ilegais procurar-se-á, numa al-  cólon e recto.
         Dtura em que está aberta a polémica em função de uma nova   Nos pulmões aumenta também o risco para desenvolver proble-
         lei restritiva do consumo de tabaco, analisar com alguma objectivi-  mas como o enfisema ou bronquite crónica.
         dade os problemas decorrentes deste consumo.          No sistema cardio-circulatório tem igualmente efeitos marcados,
           A nicotina é a principal substância existente no tabaco que provo-  quem fuma 15 cigarros por dia duplica o risco de um enfarte e quem
         ca alterações do funcionamento cerebral e portanto psicológicas do  fuma 25 cigarros por dia tem cinco vezes maior risco, aumentando
         indivíduo, nesse sentido não apresenta grandes diferenças em rela-  igualmente o risco de acidentes vasculares cerebrais.
         ção às outras substâncias ditas psico-activas. No entanto devemos   Em resumo sabe-se que num homem o tabaco reduz, em média
         salientar algumas diferenças que decorrem das suas características  13,2 anos de vida e nas mulheres esse valor é de 14,5 anos.
         farmacológicas: A nicotina tem a capacidade de preencher os recep-  No entanto como todos estes riscos surgem dilatados no tempo, o
         tores cerebrais onde vai actuar, “saciando-os” durante algum tempo,  fumador parece ter deles apenas uma leve percepção, agravado por
         deste simples facto decorre que o fumador atinge rapidamente um  mecanismos psicológicos de negação que, como em qualquer outra
         determinado patamar de consumo e não vai aumentando as quan-  substância adictiva, leva o consumidor a encontrar racionalizações
         tidades ao longo do seu percurso, ao contrário do que ocorre por  para explicar a si próprio porque continua a manter continuamente
         exemplo com o álcool ou outras drogas; outra consequência desta  um comportamento que sabe que lhe é prejudicial, isto explica por-
         característica farmacológica resulta na sua incapacidade para pro-  que a percentagem daqueles que fumam regularmente (ou seja não
         vocar largos períodos de prazer, que se traduzem, como nas outras  por decisão, mas por incapacidade de controlar o consumo) é entre
         substâncias já referidas, numa perda de competências sociais, pois o  os fumadores portugueses de 90%.
         seu consumo não compete com outras actividades sociais, bem pelo   Mais recentemente veio-se a constatar a existência de problemas
         contrário é sentido como complementar.               de saúde, também naqueles que estão sujeitos ao fumo de tabaco
           No entanto, estas características de dependência “suave” mas-  não por fumarem, mas por estarem expostos ao fumo de outros – os
         caram o facto do fumador ter necessidade de repetir, num cigarro  chamados fumadores passivos, quantificando-se nestes indivíduos
         após outro, uma injecção directa de nicotina dos pulmões para as  o aumento do risco de desenvolvimento respectivamente do cancro
         células cerebrais, sendo que ao fim de alguns minutos os seus re-  do pulmão em 20 a 30% e de problemas cardíacos em 25 a 30%.
         ceptores, em carência o obrigam a repetir o gesto. Rapidamente o   Estes factos levaram as estruturas internacionais (Organização
         cérebro aprende que a inalação daquele fumo irá anular a sensação  Mundial de Saúde e União Europeia) a tomar medidas legislativas,
         de desconforto resultante da abstinência, de modo que o fumador  com redução da oferta, nomeadamente limitações à publicidade, à
         começa a sentir prazer logo após a tomada de decisão de fumar um  disponibilidade e intervenções sobre o preço e mais recentemente em
         novo cigarro.                                        Portugal com maiores limitações quanto aos locais de consumo.
           Depois não será necessário muito tempo para que o cérebro apren-  Estas medidas por um lado ao criarem barreiras ao consumo, au-
         da que para lidar com o desconforto, qualquer que ele seja: uma má  mentam a motivação para deixar de fumar naquelas pessoas que já
         notícia, um problema para resolver, ou simplesmente uns momentos  se encontram a meio caminho dessa decisão e pretendem criar uma
         de espera, o cigarro é a resposta, que não sendo eficaz, parece sê-lo.  dinâmica social negativa em relação ao consumo.
           Mas esta “bengala” psicológica encerra riscos escondidos. Excepto   A Marinha, através da UTITA desenvolve, desde 2000, um progra-
         quando os cigarros não estão à mão o fumador tem uma baixa cons-  ma de tratamento multi-disciplinar para quem deseja deixar de fumar,
         ciência de que está dependente e daí a sua motivação para a contra-  que tem permitido criar uma onda de motivação, em algumas unida-
         riar, as campanhas informativas de igual modo apenas levaram 34%  des, levando por vezes à abstinência de tabaco de todos os elementos.
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         dos fumadores portugueses a pensar em deixar de fumar.  Se estiver disposto a travar essa batalha, contacte a UTITA, 5  feiras
           No entanto os estudos mostram que é a principal causa de can-  de manhã, sem marcação prévia. Tel 212728187 INT 313471.
         cro, quer nas zonas em contacto directo com o fumo do tabaco, como                                    Z
         sejam os lábios, a língua, a mucosa da boca, a faringe, laringe e os        (Colaboração da Direcção do Serviço de Saúde)

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                                 PARTICIPAÇÃO DA MARINHA NO PROJECTO
                       “UM MILHÃO DE CARVALHOS PARA A SERRA DA ESTRELA”

         ¬ Na sequência das ligações existentes entre a                       ram a plantar carvalhos em locais de mais difícil
         Marinha, através do Corpo de Fuzileiros, com a                       acesso da região da Serra da Estrela, por forma a
         Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela                       atingir o objectivo de reflorestar a Serra.
         (ACASE), nomeadamente no apoio do treino de                           No final os dirigentes da ACASE, agradece-
         média montanha de Unidades do Corpo de Fu-                           ram a presença da Marinha e dos Fuzileiros na
         zileiros, decorreu no passado dia 15 de Dezem-                       pessoa do CTEN FZ Fernandes Fonseca, enalte-
         bro na Serra da Estrela o apoio ao Projecto “Um                      cendo os esforços por parte da Marinha em não
         milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela”.                        só manter uma ligação próxima com as institui-
           Este projecto levado a cabo pela ACASE, con-                       ções e populações próximas das áreas adjacen-
         tou com a participação de 15 militares do Destacamento de Acções  tes de treino mas também pela ajuda e pela participação em activida-
         Especiais, da Companhia de Apoio de Fogos e do Pelotão de Comuni-  des deste cariz de tanta importância regional como nacional.
         cações da Base de Fuzileiros em representação da Marinha, que ajuda-       (Colaboração do Comando do Corpo de Fuzileiros)

         26  FEVEREIRO 2008 U REVISTA DA ARMADA
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