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PÁGINA DA SAÚDE 8
Tabaco – O Amigo Traiçoeiro
Tabaco – O Amigo Traiçoeiro
epois de termos abordado os problemas resultantes do con- pulmões, mas também noutros órgãos como a bexiga, o estômago,
sumo do álcool e das drogas ilegais procurar-se-á, numa al- cólon e recto.
Dtura em que está aberta a polémica em função de uma nova Nos pulmões aumenta também o risco para desenvolver proble-
lei restritiva do consumo de tabaco, analisar com alguma objectivi- mas como o enfisema ou bronquite crónica.
dade os problemas decorrentes deste consumo. No sistema cardio-circulatório tem igualmente efeitos marcados,
A nicotina é a principal substância existente no tabaco que provo- quem fuma 15 cigarros por dia duplica o risco de um enfarte e quem
ca alterações do funcionamento cerebral e portanto psicológicas do fuma 25 cigarros por dia tem cinco vezes maior risco, aumentando
indivíduo, nesse sentido não apresenta grandes diferenças em rela- igualmente o risco de acidentes vasculares cerebrais.
ção às outras substâncias ditas psico-activas. No entanto devemos Em resumo sabe-se que num homem o tabaco reduz, em média
salientar algumas diferenças que decorrem das suas características 13,2 anos de vida e nas mulheres esse valor é de 14,5 anos.
farmacológicas: A nicotina tem a capacidade de preencher os recep- No entanto como todos estes riscos surgem dilatados no tempo, o
tores cerebrais onde vai actuar, “saciando-os” durante algum tempo, fumador parece ter deles apenas uma leve percepção, agravado por
deste simples facto decorre que o fumador atinge rapidamente um mecanismos psicológicos de negação que, como em qualquer outra
determinado patamar de consumo e não vai aumentando as quan- substância adictiva, leva o consumidor a encontrar racionalizações
tidades ao longo do seu percurso, ao contrário do que ocorre por para explicar a si próprio porque continua a manter continuamente
exemplo com o álcool ou outras drogas; outra consequência desta um comportamento que sabe que lhe é prejudicial, isto explica por-
característica farmacológica resulta na sua incapacidade para pro- que a percentagem daqueles que fumam regularmente (ou seja não
vocar largos períodos de prazer, que se traduzem, como nas outras por decisão, mas por incapacidade de controlar o consumo) é entre
substâncias já referidas, numa perda de competências sociais, pois o os fumadores portugueses de 90%.
seu consumo não compete com outras actividades sociais, bem pelo Mais recentemente veio-se a constatar a existência de problemas
contrário é sentido como complementar. de saúde, também naqueles que estão sujeitos ao fumo de tabaco
No entanto, estas características de dependência “suave” mas- não por fumarem, mas por estarem expostos ao fumo de outros – os
caram o facto do fumador ter necessidade de repetir, num cigarro chamados fumadores passivos, quantificando-se nestes indivíduos
após outro, uma injecção directa de nicotina dos pulmões para as o aumento do risco de desenvolvimento respectivamente do cancro
células cerebrais, sendo que ao fim de alguns minutos os seus re- do pulmão em 20 a 30% e de problemas cardíacos em 25 a 30%.
ceptores, em carência o obrigam a repetir o gesto. Rapidamente o Estes factos levaram as estruturas internacionais (Organização
cérebro aprende que a inalação daquele fumo irá anular a sensação Mundial de Saúde e União Europeia) a tomar medidas legislativas,
de desconforto resultante da abstinência, de modo que o fumador com redução da oferta, nomeadamente limitações à publicidade, à
começa a sentir prazer logo após a tomada de decisão de fumar um disponibilidade e intervenções sobre o preço e mais recentemente em
novo cigarro. Portugal com maiores limitações quanto aos locais de consumo.
Depois não será necessário muito tempo para que o cérebro apren- Estas medidas por um lado ao criarem barreiras ao consumo, au-
da que para lidar com o desconforto, qualquer que ele seja: uma má mentam a motivação para deixar de fumar naquelas pessoas que já
notícia, um problema para resolver, ou simplesmente uns momentos se encontram a meio caminho dessa decisão e pretendem criar uma
de espera, o cigarro é a resposta, que não sendo eficaz, parece sê-lo. dinâmica social negativa em relação ao consumo.
Mas esta “bengala” psicológica encerra riscos escondidos. Excepto A Marinha, através da UTITA desenvolve, desde 2000, um progra-
quando os cigarros não estão à mão o fumador tem uma baixa cons- ma de tratamento multi-disciplinar para quem deseja deixar de fumar,
ciência de que está dependente e daí a sua motivação para a contra- que tem permitido criar uma onda de motivação, em algumas unida-
riar, as campanhas informativas de igual modo apenas levaram 34% des, levando por vezes à abstinência de tabaco de todos os elementos.
as
dos fumadores portugueses a pensar em deixar de fumar. Se estiver disposto a travar essa batalha, contacte a UTITA, 5 feiras
No entanto os estudos mostram que é a principal causa de can- de manhã, sem marcação prévia. Tel 212728187 INT 313471.
cro, quer nas zonas em contacto directo com o fumo do tabaco, como Z
sejam os lábios, a língua, a mucosa da boca, a faringe, laringe e os (Colaboração da Direcção do Serviço de Saúde)
NOTÍCIA
PARTICIPAÇÃO DA MARINHA NO PROJECTO
“UM MILHÃO DE CARVALHOS PARA A SERRA DA ESTRELA”
¬ Na sequência das ligações existentes entre a ram a plantar carvalhos em locais de mais difícil
Marinha, através do Corpo de Fuzileiros, com a acesso da região da Serra da Estrela, por forma a
Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela atingir o objectivo de reflorestar a Serra.
(ACASE), nomeadamente no apoio do treino de No final os dirigentes da ACASE, agradece-
média montanha de Unidades do Corpo de Fu- ram a presença da Marinha e dos Fuzileiros na
zileiros, decorreu no passado dia 15 de Dezem- pessoa do CTEN FZ Fernandes Fonseca, enalte-
bro na Serra da Estrela o apoio ao Projecto “Um cendo os esforços por parte da Marinha em não
milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela”. só manter uma ligação próxima com as institui-
Este projecto levado a cabo pela ACASE, con- ções e populações próximas das áreas adjacen-
tou com a participação de 15 militares do Destacamento de Acções tes de treino mas também pela ajuda e pela participação em activida-
Especiais, da Companhia de Apoio de Fogos e do Pelotão de Comuni- des deste cariz de tanta importância regional como nacional.
cações da Base de Fuzileiros em representação da Marinha, que ajuda- (Colaboração do Comando do Corpo de Fuzileiros)
26 FEVEREIRO 2008 U REVISTA DA ARMADA